segunda-feira, 6 de novembro de 2017

INDIGNIDADES

Nesta peça, publicada pela Rádio Hertz, pode ler-se que a Câmara resolveu mandar fazer obras na Praceta Raúl Lopes, nomeadamente para "recuperar um espaço que tem vindo a perder alguma dignidade"Suponho que algures no projecto para a Várzea grande se apresentará o mesmo argumento. Sendo assim, peço licença para discordar. Na minha tosca opinião, de ignorante das coisas de Tomar, (porque não sou assim muito dotado e habito na cidade há pouco tempo), tanto a praceta em causa como a Várzea grande estão, mais coisa menos coisa, como sempre estiveram nos últimos 30 anos. Mal cuidadas. Com falta de manutenção adequada. Só isso, que é muito. Tenham portanto a bondade, se assim o julgarem conveniente, de arranjar outra música, que essa da dignidade já é demasiado conhecida e não corresponde de todo ao ambiente do baile.


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Entretanto já houve novas eleições. Com o resultado que todos conhecemos... Tomarenses masoquistas? Mal informados? Conformados? Enganados? Alheados? Instalados? Alapados? Tapados? Convencidos? Seduzidos? Manipulados? Contentes?

Quer isto dizer que está tudo bem na cidade? Que nada perdeu dignidade? Que não há indignidades, e das grandes? Negativo. Totalmente negativo. O Mouchão não perdeu "alguma dignidade"; perdeu muita dignidade. Está uma lástima. O ex-Parque de campismo é uma indignidade. Uma vergonha. O ex-estádio é outra indignidade. Uma asneira. A Estrada do Convento é mais uma indignidade. Uma parvoíce. A gritante falta de sanitários é uma enorme indignidade. O verdadeiro retrato dos autarcas que temos tido. Labregos. Alguns com verniz. Outros nem isso.

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O Mouchão nos bons tempos. Quando a relva ainda era cuidada e não servia para tendas de feira medieval...

E a maior de todas indignidades é o triste estado a que pouco a pouco se deixou chegar a cidade. Com destaque para  a falta de limpeza geral das ruas e para o triste estado do rio. Tomar capital da sujidade. Da bandalheira.
Já sei, porém, que não adianta estar-me a queixar. Os resultados do passado dia primeiro de Outubro parecem indicar que o povo tomarense gosta assim. E aquele painel de azulejos post-25 de Abril que ornamenta a escadaria dos Paços do Concelho é assaz claro. Substituiu o antigo "Tudo pela Nação, nada contra a Nação" do justamente odiado Salazar, por uma estrofe de "Grândola vila morena""O povo é quem mais ordena". Descansa em paz Zeca. Tu não tiveste culpa alguma.
Infelizmente, em Tomar, o povo não tem ordenado nada de jeito, porque os tomarenses somos capazes de morrer de sede ao lado de uma bica aberta, só para não ter a maçada de virar a cabeça. E mesmo para meter o papelito na urna, só metade é que lá vai.

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Algas no Nabão, junto à Ponte Nova

É por isso que temos uma presidente toda contente com a sua maioria absoluta, apesar de ter conseguido o voto de pouco mais de 22% dos eleitores inscritos. Mais precisamente, (para evitar contestação dos agarrados ao "osso"), 22,89%. Pouco mais de um em cada cinco eleitores. 
Coisas da democracia partidocrática que nos rege. Mas se os tomarenses em geral vivem felizes assim...

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