segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

 

Turistas em fila para comprar bilhete e entrar no Convento de Cristo. Imagem Tomar na rede.

Política local - partidos

Laranjas finalmente acordados

Pouco mais de três meses após a autárquicas do ano passado, são já visíveis em Tomar duas mudanças, ambas importantes para o futuro da comunidade nabantina. A primeira é o evidente acordar do PSD, no duplo sentido do vocábulo: deixar de dormir ou chegar a acordo. Agora os  eleitos social-democratas propõem, debatem e votam, favoravelmente ou não, ao contrário do que foi dominante nos oito anos anteriores, e irritava muitos eleitores - a manifesta convergência PS-PSD, inteiramente dominada pelos socialistas.
A outra mudança substancial é o desaparecimento dos comentadores apoiantes socialistas. Saíram de mansinho. Vão longe os tempos dos comentários bajulatórios nas redes sociais. E mesmo as saborosas crónicas de José Rogério tornaram-se raras. Efeito pandémico? O desastre governativo local é tão evidente, que outro desfecho só poderia ser ou anedótico ou claramente desviante. Defender o quê, afinal? Eventos de quinta categoria? Subsídios exagerados? Falta de planeamento? Obras ornamentais? Sangria demográfica? Compadrios evidentes? Conluios de servidores do Município?
Na nova formatação PSD, todos os eleitos do executivo escrevem, o que naturalmente se aplaude, conquanto o fundo, a forma e os temos nem sempre mereçam concordância total. Outro tanto sucede com os deputados municipais. Um deles, empresário,  cujas ideias foram antes arejadas nos corredores do governo e da OCDE, em Paris, acaba de publicar um bom comentário crítico. Nele aponta erros crassos, incoerências e lacunas graves no Orçamento e GOP para 2022, acentuando que a srª presidente se recusou de facto a responder às várias questões colocadas, sem qualquer explicação justificativa. Um bom texto, em resumo, que pode vir a servir para ir mais além, tentando alargar e aprofundar a contestação no seio da AM. Que não sendo um órgão contra o executivo, tão pouco deve servir para andar com a câmara ao colo, como lamentavelmente tem acontecido.
Perante tal ataque, cerrado mas justo, em tempos idos já teriam aparecido vários cavaleiros a defender a sua dama. Desta vez porém, o texto de Lourenço dos Santos conseguiu apenas 3 comentários em 48 horas, no Tomar na rede. Mau sinal para a câmara PS. A guerra opinativa parece estar a acabar, por falta de combatentes da casa.
O primeiro desses comentários pode considerar-se de apoio ao autor. Quanto aos dois outros, dariam para rir, se a situação tomarense não fosse tão grave. O primeiro, em brasilês (aquele acento circunflexo em Antônio não engana ninguém), vem com a balela do desastre do Paiva, afirmando que as pessoas ainda não esqueceram. O que a ser verdade, seria pura obstinação doentia, porque como é óbvio, águas passadas não movem moinhos. Paiva deixou obra, e foi-se há mais de 10 anos.
Sobre o outro comentário, que insiste na tecla turismo não, indústria sim, nem valerá a pena alongar-se. Visivelmente o seu autor não consegue ou não quer entender que o turismo em Tomar não é uma opção. É uma imposição, por causa do Convento, dos tabuleiros, do rio e da albufeira, que antes da pandemia já atraíam mais de 400 mil visitantes anuais. Mesmo com a gritante e inexplicável carência de estruturas básicas de acolhimento. (Ver foto acima)
Não há pior cego que aquele que não quer ver.

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