Crónica avinagrada
A futura região de turismo Tejo-Atlântico - 1
Nem de propósito seria mais oportuno. Acabo de ler, no Tomar na rede, a notícia de que há um porco à solta na A13, entre o nó de Santa Cita e a saída de Valdonas. Exactamente a mesma situação existente na zona, mas com outros animais. Há asnos à solta na política local desde há décadas, e isso nota-se cada vez mais.
Apesar de geralmente acusado de agreste, quem escreve estas linhas considera-se educado e respeitador das conveniências sociais, desde que não choquem demasiado. Nada de nomes, por conseguinte, mas muitos leitores sabem a quem me refiro.
Para não alongar demasiado, circunscreve-se o âmbito ao turismo regional. Para quem tenha olhos e saiba ver, notam-se na nossa região dois eixos. O eixo progressista, Pombal-Leiria- Ourém-Caldas, virado para o futuro, para a iniciativa privada e para a inovação, e o eixo negacionista Tomar- Entroncamento -Chamusca - Golegã - Santarém, virado para o passado, para o Estado e para os assistidos.
Neste quadro, convém assinalar que, no seu eixo, Tomar desempenha um papel particular. Além de negacionistas, os actores locais são em geral tão incapazes que nem sequer conseguem pedir ajuda. Ou seja, são tão ignorantes que nem sabem que não sabem. Situação que se notou, e de que maneira, no século passado. Excesso de prosápia, decerto.
Quando se falava na instalação de uma comissão regional de turismo do Ribatejo, um dos vereadores PSD solicitou ajuda ao autor destas linhas para o assessorar numa reunião distrital na Câmara de Santarém. Dessa reunião veio a resultar a instalação de duas comissões regionais de turismo. Uma em Santarém, a do Ribatejo, outra em Tomar, a dos Templários.
Visivelmente atrapalhados durante anos com o que lhes coubera inesperadamente, sucessivos autarcas tomarenses foram empurrando a batata quente para uns e outros, sem nunca mais voltarem a pedir auxílio. A Comissão Regional de Turismo dos Templários apareceu, cresceu até 9 municípios e desapareceu, integrada à força no Turismo de Lisboa e Vale do Tejo. Ao mesmo tempo que todas as outras, incluindo a de Leiria Rota do Sol, a única da região, bastante mais antiga e que tinha todo um trabalho feito com algum êxito.
Pressionados pelos dinheiros de Bruxelas, governantes e autarcas concordaram na fundação de cinco entidades regionais de turismo para todo o país, correspondendo às regiões-plano: Norte, Centro, Lisboa, Alentejo, Algarve. O património da extinta região dos templários, designadamente a sua sede, ali ao fundo da Corredoura, foi transferido para o Turismo de Lisboa, apesar de antes ter sido comprado e pago pelas câmara da região, cabendo a maior fatia a Tomar.
Posteriormente, uma vez que Lisboa é uma região desenvolvida, o que implica menor percentagem nos financiamentos europeus, alguns municípios procuraram abrigos mais prometedores em termos de €. Tomar foi parar à Entidade de Turismo do Centro, com sede em Aveiro e Santarém optou pela entidade alentejana, sediada em Évora. É assim que fazem os pedintes. Procuram sempre melhores esmolas.
Situação assaz curiosa, pois mais tarde os autarcas insistiram e acabaram por conseguir a fusão entre o Médio Tejo, a Lezíria do Tejo e o Oeste, com futura liderança de Leiria. Voltou-se de facto à situação inicial. Como escreveu Lampedusa, é preciso que qualquer coisa vá mudando, para que tudo possa continuar na mesma.
Leiria já está a candidatar-se a capital europeia da cultura, apoiada por todos os municípios da região, enquanto Santarém acaba de obter a instalação de uma delegação da Entidade de Turismo do Alentejo e Ribatejo. Tomar, como de costume, vai aguardando para ver em que param as modas, acabando os nossos negacionistas por concluir, uma vez mais, que os outros são todos uns malandros, que só nos querem prejudicar. Esquecem o preceito católico Ajuda-te e Deus te ajudará!
Pois, é certo que a falta de centralidades em Tomar é notória, e muito prejudicial. Entrava desenvolvimento, favotrece declinio.
ResponderEliminarEm contrapartida, a Presidente da Câmara acumula presidências regionais como nenhuma outra!
Ele é Comunidade Inter Municipal, ele é Proteção Civil Distrital, já foi TejoAmbiente, ele é as Rotas Templárias,...ufa!
Tomar no seu melhor resta sabem quem são ou foram os beneficiados.
ResponderEliminarRealmente a nossa presidente é muito presidencial fora de portas, está a preperar o futuro, o dela claro, entretanto vamos definhando alagremente.
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