terça-feira, 25 de janeiro de 2022

 



Turismo - transporte aéreo

"ALITÁLIA: 
"Nunca se desaparece de facto 
no mundo mágico do transporte aéreo"

Crónica do jornalista Philippe Escande
LE MONDE, 25/01/2022, às 10H24 de Paris. Leitura 2 minutos.

Tradução e adaptação de António Rebelo, UParis VIII

"ITA, a sucessora de Alitália, apoiada com milhares de milhões de euros pelo Estado italiano, deverá terminar o seu percurso na cesta da alemã Lufthansa, com a ajuda do armador italo-suiço MSC. É o último salvamento para a companhia aérea da dolce vita, que já se finou por diversas vezes, constata Philippe Escande, editorialista de economia no Le Monde."

"Em 25 de Agosto de 1960, o milagre italiano expunha-se ao mundo, organizando os Jogos Olímpicos pela primeira vez na história. E o milagre tem asas. Alitália, fundada em 1947, está a transformar-se numa das maiores transportadoras aéreas da Europa. Dez anos mais tarde, é a primeira inteiramente equipada com aviões a jacto e leva a Itália a todos os continentes. Mas o milagre evaporou-se pouco a pouco, nas nuvens das repetidas crises do final do século passado. Estruturalmente em défice desde o final dos anos 90, a empresa nunca mais teve lucros a partir de 2000, tendo acabado por desaparecer em 15 de Outubro de 2021, vítima de erros de gestão, de excesso de investimentos e de repetidas greves.
Mas nunca se desaparece de facto no mundo mágico do transporte aéreo. Renomeada "Itália Transporto Aéreo (ITA)" e controlada pelo Estado italiano, a sociedade está quase vendida à alemã Lufthansa e ao armador italo-suiço MSC. Melhor dizendo, o que resta da Alitália, Uma start-up com 50 aviões e 2.800 empregados, contra 11 mil em 2017, quando os pilotos rejeitaram mais uma proposta de acordo que previa 1.700 despedimentos.
O presidente do conselho (primeiro ministro) Mário Draghi conseguirá  ter êxito em mais este domínio, onde os seus predecessores falharam durante mais de 20 anos? E no entanto injectaram mais de 13 mil milhões de euros do Estado, tentaram casamentos com muitas outras companhias, sem todavia conseguirem libertar-se do problema que se lhes colava aos dedos, como o adesivo do capitão Haddock sentado no seu assento de avião.
Para conseguir êxito, Mario Draghi declarou a falência da empresa e fundou em sua substituição uma start-up, indo buscar para a dirigir um adjunto de Sergio Marchione, o falecido patrão emblemático da Fiat. Alfredo Altavilla encomendou novos aviões, graças a mais uma ajuda estatal de 700 milhões de euros e começou a procurar parceiros de negócio. A alemã Lufthansa, apenas recomposta da crise da pandemia (já reembolsou as ajudas recebidas do estado), deverá acrescentar a italiana ITA à sua colecção de companhias aéreas europeias, ao lado das bandeiras austríaca, suiça ou belga. Por seu lado, o transportista marítimo MSC, rico como Cresus devido ao grande aumento das tarifas do frete marítimo, diversifica-se a baixo custo no frete aéreo. Está igualmente em conversações com o grupo francês Bolloré, para a compra das actividades portuárias e logísticas em África.
Audaciosas mas prudentes, Lufthansa e MSC solicitaram  imediatamente ao Estado italiano que se mantenha como sócio, mesmo minoritário, da nova empresa. Sabem muito bem  que é preferível nunca cortar as pontes com a "mãe amamentadora", que sempre amparou até ao limite a sua filha problemática, durante tanto tempo e contra toda a lógica económica para um estado  já sobre-endividado, e quando as companhias estrangeiras, como Ryanair, Easyjet ou Wizz já saturam os aeroportos italianos.
Mas como reconheceu Mario Draghi, o antigo presidente do BCE, que já conhecemos menos sentimental,  "Sempre considerei a Alitália como um membro da minha família". Um sentimento partilhado por muitos italianos, que todavia não impede de encarar a realidade. É mais que tempo de virar a página e de reconhecer que a bandeira italiana já não é capaz, desde há muito, de voar com as suas próprias asas."
Philippe Escande

Quem é que está para aí a comparar com a TAP?! Não tem nada a ver.
Ou tem mesmo?!?

1 comentário:

  1. Por todo o mundo as companhias aéreas estão nas mãos de privados, mesmo aquelas mais famosas como a Lufthansa, a British airways, a Air France, a mais antiga do mundo que é a holandesa KLM, obviamente que as americanas American Airways e a Delta também, só este rectângulozinho que fica na extremidade ocidental da Europa tem a companhia aérea nas mãos do estado, por decisão política, e usando os argumentos mais absurdos: lusofonia, a importância estratégica, a importância para as exportações mesmo que a empresa dê prejuízo todos os anos, o peso na economia, etc...., enfim, o governo xuxa usa os argumentos mais absurdos!!!!Até o Brasil extinguiu a Varig, que era um colosso!!!

    Como escrevi em cima um dos argumentos é que a TAP é o maior exportador português, com cerca de 3 mil milhões de euros, o que diz bem do estado miserável da economia. O leitor pode pensar que é muito mas não assim tanto para uma empresa de linha aérea. A brasileira Azul do David Nielman, faturava antes da pandemia 11 mil milhões de dólares, a americana American Airlines, faturava 45 mil milhões de dólares,etc..., poderia dar muitos exemplos de que a TAP é uma empresa pequenina no mundo da aviação.

    O que os políticos não dizem nas entrevistas é que a TAP dá prejuízo quase todos os anos, que desde o 25 de Abril só deu lucro em um ou dois. A TAP não é viável, presta um mau serviço aos portugueses, eu viajei durante 10 anos na TAP e chegava quase sempre atrasado ao destino o que me causava imensos transtornos, desde que comecei a voar pelas low cost nunca cheguei atrasado, ás vezes até chego adiantado!!!! Eu a mim não me interessa se ouço falar português no avião aquilo que eu quero é chegar em segurança e a horas. Para mim é o mais importante.

    E como a TAP á mais exemplos de sectores em que o estado de mete e que não faz qualquer sentido a não ser para 'jobs for the boys', como a Caixa geral de depósitos e a RTP!!!! A caixa até dá lucro e paga dividendos ao seu acionista que é o estado, mas não pode ser bem gerida, se tivesse nas mãos de privados como os outros bancos quase de certeza que dava ainda mais lucro.

    aproveitando esta data eu gostava de deixar um apelo aos Tomarenses: dentro de dias vamos a eleições, e está nas vossas mãos alterar este estado de desgovernação. O Hospital de Tomar está cada vez mais vazio de valências e caso vocês tenham algum problema de saúde vocês têm de ir para Abrantes e Torres Novas para poupar, para racionalizar meios dizem os políticos, os mesmos que gastam milhares de milhões com empresas públicas que só dão prejuízo para que continuem a votar neles e os mesmos se mantenham no poder. Eu se fosse trabalhador da TAP também votaria PS, eu não sou maluco.... Vão votar e corram de lá com esses ladrões que vos roubam á 47 anos!!!! Bem hajam....

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