domingo, 2 de janeiro de 2022



Governo do município

Uma situação angustiante para quem pensa um bocadinho

O recente debate e subsequente votação do orçamento e GOP para 2022, evidenciaram uma situação extremamente preocupante em Tomar. No executivo só a maioria PS aprovou o documento, que a oposição PSD criticou, afirmando que não tem uma estratégia para o concelho. Noutros termos, é um plano que não planeia, ou planeia mal.
Isso mesmo sobressaiu durante o debate na AM.  Primeiro sinal preocupante, ninguém na bancada socialista defendeu o plano, o que é estranho. Segundo indício a inspirar cuidado, a própria defesa do documento pela sua principal defensora, a própria srª presidente, foi frouxa e inadequada, na opinião de pelo menos um do seus parceiros. Terceiro sinal de perigo, além da má defesa do plano, a eleita PS não respondeu às perguntas da oposição, justamente na área do turismo, a mais sensível para Tomar, por ser a única com potencialidades imediatas para criar valor acrescentado, que tanta falta faz. Quarto é último sinal de alarme por agora, apesar de todas essas mazelas, os documentos em debate foram aprovados, com os votos previamente comprados pelos socialistas, de um modo ou de outro. Com subsídios, ou com medo de os perder.
Em tal deserto de ideias e de planos capazes, ou sequer de vontade de os encomendar, foi lançada a nova iniciativa salvadora, a seguir aos ciganos,  à ornamentação da Várzea grande e de algumas ruas da cidade antiga. Agora, para a maioria PS, a via salvífica é a habitação a custos controlados. Em que se baseiam, ninguém sabe. Mas isso tem alguma importância? Para a actual maioria há apenas duas necessidades básicas: 1 - Sacar dinheiro europeu; 2 - Comprar votos, designadamente com obras daquelas que dão nas vistas.
Numa terra de gente modesta e bem governada, sem a mania do penacho e das grandezas passadas, em vez de se lançar em projectos sem qualquer justificação apoiada por factos verificáveis, começava-se pelo princípio. Estudava-se o problema com a necessária profundidade. A população está a fugir da cidade e do concelho. Porquê? Em que proporção? Que medidas para corrigir?
A maior parte dos turistas que visitam o Convento não desce sequer à cidade. Porquê? Os turistas que visitam a cidade gastam pouco dinheiro e ficam em geral pouco tempo. Porquê? As várias indústrias locais foram fechando e nenhuma, excepto o matadouro, foi recuperada. Porquê? Há mais de 10 anos que ninguém constrói em Tomar alojamentos para venda ou arrendamento. Porquê? Os candidatos ao investimento no concelho são bem raros ou mesmo inexistentes. Porquê?
A srª presidente está praticamente de saída. Já não pode ser reeleita. Daí o seu manifesto desinteresse por soluções a médio e longo prazo. Se já antes assim era, neste mandato a situação só pode agravar-se. Em vez de mandar estudar as inúmeras carências e outros problemas locais, a maioria PS improvisa. Tal como chegou ao poder, assim está. Atira-se o barro à parede e logo se vê se pega.
É o caso dos tais alojamentos com renda assistida, que assim à primeira vista, fazem tanta falta numa terra com a população a diminuir, como moscas durante o verão. Trata-se portanto, até demonstração em contrário, de mais um erro crasso, sem qualquer suporte técnico capaz.
Noutros termos, continua-se a ignorar os problemas locais, ou quando muito a tentar resolvê-los de qualquer maneira, sem adequados estudos prévios. Se perguntarem a um tomarense implicado nestas coisas como está a situação em Tomar, a resposta vem prontamente: -Está uma merda.
Cabe portanto lembrar que, na tradição popular, "quanto mais se mexe na merda, mais mal ela cheira." Ou seja, em vez de se resolver, agrava-se. Donde o interesse em transformar previamente "essa merda" em matéria devidamente estudada e debatida. Vamos a isso? Ou é carga a mais para a vossa camionete?

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