quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Um grito angustiado e profundo que interpela e incomoda


Tomar a dianteira é contra comentadores e comentários anónimos. Há porém comentários e comentários. O que acima se reproduz, copiado com a devida vénia do nosso estimado colega Tomar na rede, é um grito comedido, porém angustiado e profundo. Sente-se que vem bem lá do fundo da alma. Interpela e incomoda. Pesando as palavras, é um autêntico murro no estômago, como tentativa para acordar uma sociedade que se sente mal, mas nada faz para mudar. Despertem! Mexam-se! Façam algo! É o que nos está a gritar, de forma cordata mas enérgica.
Era por isso indispensável publicá-lo aqui. Para memória futura. Mas também e sobretudo para incomodar e angustiar quem o quiser e souber ler.
Discreto e manifestamente bem educado, o autor diz desconhecer remédios e recusa-se a identificar os culpados claramente. Mas há-os, como diz,  e aqueles que se interessam mesmo pelas coisas da polis, munidos daquele saber de experiência feito, que foi apanágio dos portugueses dos descobrimentos, sabem muito bem quem eles são. Outro tempo, esse dos descobrimentos, em que havia um projecto, iniciado e financiado a partir da Charola templária. Lá em cima, a cem metros dos Paços do concelho.
Mais de cinco séculos volvidos: Onde estão os sabedores? Onde está e para que tem servido o saber de experiência feito? Onde estão os projectos com futuro? Onde está sequer a coragem para dizer não sei e pedir ajuda, ou abandonar o lugar que se ocupa sem resultados positivos visíveis, dando finalmente uma oportunidade a quem saiba?
Sentido-se defraudados e abandonados à sua sorte, os excluídos do banquete, jovens e menos jovens, vão-se. A quase totalidade para a emigração. Alguns, infelizmente, para o cemitério.
Somos todos culpados. Alguns bem mais do que outros. Até quando vamos continuar assim, nesta apagada e vil tristeza, que só pode envergonhar quem sabe aquilo que vergonha quer dizer?
Uma recomendação final porque, desgraçadamente, no vale do Nabão, nunca se sabe. Convém ter presente o milenar ditado chinês, segundo o qual "quando o dedo aponta para a Lua, os lorpas põem-se o olhar para o dedo".

2 comentários:

  1. Ora aqui está o pessimismo Lusitano no seu melhor. O do comentador, e também o do autor do post que espero não decida atar as botas por isso, como fizeram alguns magníficos pensadores e criadores da nossa sociedade, angustiados por sermos o que somos, nada ou quase nada diferentes de outros povos. E o que somos? Somos o que somos e não o que muitos dos nossos intelectuais meteram na pinha, bastas vezes pendurados na religiosidade doentia.
    Só quem não viveu pelo menos cerca de 30 anos na trágica ditadura (como eu e o autor do post viveram) é que não rejubila com os extraordinários progressos que fizemos nos últimos 40 anos.

    Olhe-se para o que está na ordem do dia no debate político, hoje, em Portugal, e para as capacidades a todos os níveis que conquistámos, etc. etc..
    Portugal mudou, moderniza-se a cada dia que passa e, estou convicto, daqui a 15/20 anos poderemos ser um dos países mais fantásticos da Europa. Prevejo que já cá não estarei. Ainda hoje foi noticiado o notável crescimento económico em 2017. Abençoada Geringonça!
    O que é preciso é que aprendamos uma outra lição com o feito dos Descobrimentos: passados 35 anos da chegada à Índia estávamos
    falidos, o povo com fome e a fugir para outras bandas.
    Sensível aos sentimentos do comentador do TNR e aos problemas que ainda temos, repugna-me o pessimismo doentio: o pessimismo Lusitano, sempre com a manhã de nevoeiro na tola.
    Portugal recomenda-se.

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    1. Quiçá inadvertidamente, acertaste em cheio: O problema é mesmo esse. Quando se pensa no que eram Tomar e Portugal antes do 25 de Abril e se olha para o que são agora, a esperança é grande quanto ao país. Já quanto à nossa querida terra, no que me toca, é uma dor tão grande e uma angústia tão profunda que por vezes só me apetece chorar.
      Fica porém descansado. Gosto muito de viver e tudo farei para cá continuar, enquanto a cabeça funcionar a contento e eu possa manter a minha autonomia.
      Há muitos anos que a minha grande ambição era poder assistir ao meu funeral. Para observar certos comportamentos. Como tal não vai ser possível, vamos andando...

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