quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Faltam meios neuronais...

Nem de propósito. Numa altura em que a própria presidente da autarquia se queixa de falta de meios, aparece um respeitável dirigente associativo atribuindo à câmara falta de convicção. Mais precisamente, o responsável pela organização das edições  recentes do carnaval em Tomar queixa-se da falta de subsídio camarário, que lhe permita pôr na rua uma coisa em grande... à  custa dos contribuintes todos. Diz ele que "tem faltado convicção ao Município para tornar esta actividade um evento permanente do plano anual de actividades."
Tomar a dianteira 3 pensa que o respeitável conterrâneo está a focar mal o problema. No estado actual das coisas, o que falta a Anabela Freitas, na sua qualidade de presidente da câmara, não é seguramente convicção, mas meios orçamentais para pagar mais essa ambição, de resto perfeitamente legítima.
No caso do carnaval em Tomar, a história contemporânea é conhecida. Houve em tempos uma comissão de carnaval que conseguiu, praticamente sem apoio monetário da autarquia, organizar um corso em grande. Pagaram a artistas brasileiros de telenovelas para serem reis do carnaval, fecharam o circuito do desfile, cobraram entradas e ganharam muito dinheiro. Tanto, que logo os invejosos de serviço, muito numerosos junto ao Nabão, começaram a acusar A, B e C de andarem a "meter dinheiro ao bolso", assim criando uma atmosfera de animosidade para com os autores da iniciativa, que tinham um grande defeito para os seus acusadores -eram gente de direita, votantes do PSD e do CDS.
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A muito lucrativa actividade durou até que um inoportuno temporal, no dia previsto para o corso, provocou elevados prejuízos, uma vez que o público não veio, pelo que praticamente não houve receita de bilheteira. E a câmara de então, que sempre se limitara a apoiar cedendo os pavilhões da FAI para montagem e garagem dos carros alegóricos, também não se chegou à frente.
Para que não restem dúvidas o citado dirigente carnavalesco foi bem explícito: "Por enquanto este ainda é  o maior carnaval da região. Mas pode deixar de o ser, se outros municípios fizerem uma aposta nesse sentido." Trata.se de mais um indício da falta de meios neuronais adequados. Antes de mais, porque os três maiores municípios da região, aqueles que de longe dispõem de mais meios -Leiria, Santarém e Ourém- já deram anteriormente mostras de não ir por aí. Depois, porque a hipótese colocada, visando desencadear a inveja da actual maioria, carece de base plausível no contexto actual.
Porque há-de algum município apostar no carnaval? Não será antes uma tarefa para organizadores privados, que tenham a coragem de arriscar, para ganhar bom dinheiro?
Ousando ser directo e inconveniente: Há falta de convicção do município? Ou antes falta de convicção dos organizadores, para se portarem como empresários responsáveis e não como subsídiodependentes? Uma cidade, uma região, um país, não se desenvolvem recorrendo sistematicamente ao bolso dos contribuintes. Avançam com actividades lucrativas, que assumem riscos, que criam valor acrescentado, que permitem pagar salários, contribuições e impostos, os quais vão depois permitir os tão ambicionados subsídios.
Mas é compreensível a atitude do dirigente citado. Tomar é uma urbe onde os neurónios tendem a formar sinapses pouco ou nada adequadas aos tempos actuais. Quem tenha paciência para ir lendo as áridas ordens de trabalhos das reuniões da autarquia, sabe bem que aparecem nelas subsídios para tudo e para todos. Uma autêntica praga: 89 euros para gasóleo, utilização gratuita dos pavilhões ou do ex-estádio, cedência do autocarro...e até 9 euros de isenção de tarifas de estacionamento no Parque T 1. Coitados! É tal a carência de sinapses adequadas que nem se dão conta do óbvio: Contas bem feitas (mão de obra, tempo, energia, uso de meios informáticos...) acabam por gastar com o pedido mais do que a ajuda conseguida. É um vício...
O que não obsta a que haja no concelho de Tomar muito mais associações culturais e/ou desportivas do que em qualquer outro município do distrito. É como reza o ditado, neste caso ligeiramente alterado: Quem foi educado para lagartixa, e vive rodeado de lagartixas, dificilmente alguma vez chegará a jacaré. Mas a esperança é a última a morrer...

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