sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Há meios, dependendo dos fins

Afinal, a nossa querida autarquia, liderada pela nossa encantadora líder Anabela Freitas, sempre tem meios disponíveis. Fundos, entenda-se. Tudo depende de quem pede e dos fins a que se destinam. Mas nada de ousadas aventuras, claro. Aparecido o cartaz 2018 do Carnaval de Tomar, lá se vê o usual "Tomar cidade templária", a mostrar que a Câmara se chegou à frente mais uma vez. Por falar em cidade templária, se no seu tempo os templários tivessem subsidiado gente da zona, em vez de amassarem uma imensa riqueza, ou o Infante D. Henrique teria sido forçado a procurar fundos alhures, ou não teria havido descobrimentos. Outros tempos, outras gentes, outra mentalidade.
Voltando ao cartaz do carnaval, cumpre assinalar a sua originalidade. É idêntico ao dos anos anteriores, salvo no que concerne à indicação 2018.  De acordo. O dinheiro não dá para mais. A tal falta de meios. Mas mesmo assim, a Mercedes, essa mesmo, a dos automóveis, é que tem razão: "Mercedes. O melhor ou nada."


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Indo do Carnaval de Tomar para outros eventos locais, aparece em destaque a comemoração dos 75 anos da Casa do Concelho de Tomar em Lisboa. Das várias realizações anunciadas, há uma que custa a entender -uma palestra sobre D. Nuno Álvares Pereira e a arte militar do seu tempo, na Escola Jácome Ratton. Que se saiba, o condestável nunca foi templário, nem viveu em Tomar. Era até filho de um mestre da Ordem dos Hospitalários. Porquê integrá-lo numa comemoração local?
Naturalmente, as ditas comemorações beneficiam do alto patrocínio da autarquia. Há várias iniciativas previstas no ex-Museu polinucleado da Levada, agora renomeado Complexo cultural da Levada. Com muito a propósito, diga-se em abono da verdade, porque realmente as antigas instalações da Mendes Godinho e adjacências estão a transformar-se num problema cada vez mais complexo. Seis milhões de euros, que foi quanto custou a reabilitação, sempre correspondem a 1 milhão 350 mil contos...
A encerrar as celebrações, está prevista uma missa em S. João Baptista, esperando-se que não seja já por alma da cidade e do concelho, bem como uma comezaina no Convento de Cristo. Isso mesmo. No domingo, 4 de Março, haverá almoço renascentista no Refeitório dos frades, que será vedado ao público enquanto durar o repasto, o qual, com discursatas e tudo, promete durar. Os visitantes que se lixem.
Como a leitora ou o leitor já intuíram, um almoço comemorativo no refeitório conventual, não é coisa pouca. Desta vez, segundo fonte fidedigna, a câmara paga os 3 mil euros do aluguer, acrescidos de alcavalas, os felizes almoçantes desembolsam 30 euros por cabeça e a direcção da Casa do Concelho de Tomar arrecada a receita assim conseguida. Quem não sabe ser vendedor, fecha a loja.
Uma curta anotação final. Custa a entender que o Ministério da Cultura, através da DGPC, cobre à câmara o mesmo aluguer que a qualquer entidade privada, porque afinal a autarquia local representa legalmente os tomarenses todos, que são os donos históricos do monumento. Imagine-se que um dia destes o município alugava ao governo, por 3 mil euros, o salão nobre dos Paços do Concelho. Seria um escândalo dos grandes. Mas de cima para baixo, tudo parece normal...

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