terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

A economia do grátis e a aversão à mudança

No Expresso online de ontem, Diogo Agostinho, critica fortemente a atitude muito generalizada dos que pretendem tudo grátis, opondo-se ao princípio cada vez mais universal do "utilizador-pagador". A essa autêntica praga nacional, há que juntar a dos dependentes do subsídio, da esmolinha em suma, que são no fim de contas um exército muito bem organizado, lá isso são.
Em Tomar temos vasta experiência nessa área. Detentor da maior densidade de associações desportivas e culturais do distrito (e não sei se da região centro), o concelho nabantino tem 4 bandas de música, uma dúzia de agremiações desportivas, 4 grupos de teatro, 2 escolas de música, 1 escola de futebol, etc. etc. etc. Tudo à custa dos contribuintes, via câmara municipal, que fornece os mais variados recursos. Desde o combustível para as deslocações às sedes para algumas delas, passando pelo uso gratuito dos terrenos e pavilhões.
Graças a tal proliferação, somos mais desportistas? Temos mais atletas? Estamos mais cultos? Passámos a agir de maneira mais consentânea com o mundo actual? Aceitamos de bom grado as inevitáveis mudanças? A resposta é negativa. Temos até aspectos muito peculiares na nossa realidade local: Para entrar no Convento de Cristo, grande atracção local, paga-se. Para entrar nos Bons sons, o grande festival da região, subsidiado pela autarquia com 50 mil euros na última edição, paga-se. Para estacionar na área urbana paga-se. Para assistir aos Tabuleiros, a grande atracção folclórica da região, que custou 300 mil euros aos cofres municipais em 2015, é à borla. Para assistir à Festa templária, que custou mais de 100 mil euros à câmara, é à borla.
Tudo isto faz algum sentido? Tem alguma lógica ou coerência, num município com uma dívida superior a 20 milhões de euros, que gasta anualmente com pessoal 40% do seu orçamento? Que sobrecarrega os consumidores forçados de água com preços proibitivos, devido às taxas agregadas?
Na sua habitual crónica no Expresso, Maria Filomena Mónica, catedrática jubilada, escreve este desabafo: "Uma das consequências da permanência num país estrangeiro... ...é a ilusão de que é possível mudar a pátria. Após o 25 de Abril, um dos meus sonhos era a reforma da Universidade. Demorei décadas até me convencer de que a coisa era superior às minhas forças."
Felizmente, este blogue continua a publicar conteúdos novos só para exercitar a massa cinzenta, e para memória futura. Mudar Tomar?  Mudar os tomarenses? Só mudando de tomarenses. E mesmo assim...

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