Quem semeia ventos, colhe tempestades, é um dito tradicional que pretende mostrar uma situação usual, sobretudo na agricultura, mas também na vida em geral. Aquando do recente seminário sobre turismo militar, que ainda não se entendeu porque foi parar ao Convento, uma vez que a Ordem de Cristo deixou de ser militar pela reforma de 1529, e havendo tanto local adequado cá em baixo, Tomar a dianteira anotou um erro gritante em termos de protocolo.
A senhora presidente da Câmara usou da palavra em 2º lugar, a seguir à senhora directora do monumento, mostrando assim que age como calha em termos de organização protocolar. Com efeito, sendo ela a representante eleita, e portanto legítima, de toda a comunidade tomarense, (na ausência do presidente da Assembleia Municipal), Anabela Freitas ou fala em primeiro lugar, na qualidade de anfitriã, ou tem a última palavra. Encerra os discursos. No caso em apreço, tendo cedido a qualidade de anfitriã a uma funcionária superior, em comissão de serviço já caducada, na categoria de chefe de divisão, a senhora presidente da edilidade devia ter proferido uma última intervenção, e não a segunda. Erros...
Dirão os acérrimos defensores da senhora (não há piores cegos que aqueles que não querem ver), e até outros, que a dita entorse ao protocolo não tem importância nenhuma. Realmente assim parece, tal como sucede com tantas outras normas sociais. Mas pensemos um bocadinho mais. É também uma norma social circular na estrada pela direita. Quando tal não acontece e surge um veículo com um condutor respeitador em sentido contrário...
Na verdade, a asneira protocolar verificada no Convento é apenas um indício daquilo que se vai passando na autarquia tomarense. A evidente ausência de planeamento sério e atempado leva a tomar decisões sem adequada ponderação. Quase sempre com a alegação, explícita ou subentendida, de que já não há tempo para outra coisa.
Assim surgiram projectos de obras cuja utilidade prática está por demonstrar, avolumando-se os indícios de que foram feitos e aprovados "em cima do joelho", sem prévia e adequada definição de objectivos. Na Várzea Grande, por exemplo, só agora, já em fase de discussão pública, é que estão a pensar onde fazer a feira e num parque de estacionamento alhures, para tentar compensar os lugares que vão ser suprimidos, num arranjo sobretudo cosmético. O indispensável parque subterrâneo fica a aguardar melhores dias e outras gentes.
No outro grande arranjo vincadamente ornamental, na Nun'Álvares - Torres Pinheiro - Combatentes da Grande guerra, vai ficar por fazer o único melhoramento prático que se impõe -uma rotunda no cruzamento...
Com menos de seis meses neste mandato, numa situação política que será tudo menos confortável, acaba de surgir mais um incidente, que naturalmente a eleita PS e os seus apaniguados vão procurar minimizar ao máximo. Trata-se da nega do administrador, encenador e actor do Fatias de cá, Carlos Carvalheiro, que informou recusar a homenagem que lhe ia ser prestada, conforme pode conferir aqui. A desculpa será a de sempre -não tem importância nenhuma.
Não terá realmente, mas volta a pôr a nu a falta de adequado planeamento na autarquia. Noutra terra ou noutro país, conscientes do seu passado e da sua dignidade, as coisas teriam sido feitas de outro modo. Com deve ser sempre. Antes de o executivo deliberar sobre homenageados, a senhora presidente, ou outro eleito ou funcionário superior a mando dela, teria sondado os escolhidos, indagando se aceitavam ou não a distinção. Não foi feito. Partiu-se do pressuposto que, oferecendo-lhe palha, qualquer ovelha do rebanho virá à manjedoura. Agora é demasiado tarde. Nunca há uma segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão.
Pelo que, ao finalizar o primeiro semestre de governança neste 2º mandato, ainda não se pode dizer com justeza que quem semeia ventos, colhe tempestades. Mas é já justo afirmar que a senhora presidente vai colhendo aquilo que antes tem andado a semear.
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