Política partidária local
Votar no menos mau
por não haver melhor
Cinquenta anos após Abril, é evidente para todos os tomarenses conscientes e com um mínimo de formação política, que Tomar está a ficar cada vez mais para trás, na caminhada do progresso, em relação aos outros concelhos da região. Além de Leiria, agora com mais de cem mil eleitores, contra menos de 40 mil em Tomar, quando em 1974 tinham população comparável, temos Ourém já a caminho dos 50 mil eleitores, contra 34 mil em Tomar, quando nos anos oitenta do século passado, a então Vila Nova de Ourém tinha menos população que Tomar. Acrescente-se que, ao ritmo actual, tudo aponta que dentro de poucos anos também Torres Novas vai ultrapassar Tomar em termos demográficos.
Perante um panorama tão pouco animador, duas atitudes são possíveis. deixa andar e porquê? Opto por esta, mas recuso respostas tipo "é porque está na faixa costeira", para Leiria; "têm Fátima", para Ourém; ou "passa lá a auto-estrada Lisboa-Porto, o que ajuda muito", para Torres Novas. Pode muito bem ser assim, mas também há a hipótese de Tomar não ter conseguido usar até agora de forma adequada os trunfos de que dispõe. Que trunfos? A centralidade, o Convento, os templários, o Nabão, os tabuleiros, o ensino superior, por exemplo.
No meu modesto entendimento, a manifesta incapacidade dos governantes tomarenses para jogarem com eficácia os trunfos de que dispõem, resulta de uma espécie de maldição. Desde 76 até hoje, os nabantinos já escolheram livremente os seus governantes em mais de dez eleições livres, mas só uma vez optaram pelo melhor, como se vê pela votação conseguida. Foi quando o Paiva obteve mais de 15 mil votos, contra pouco mais de metade da maioria actual. Nos restantes casos, os meus queridos conterrâneos têm escolhido sempre pela negativa. Votaram no menos mau, por não haver bom nem melhor.
Houve, é certo, a alternativa Independentes por Tomar, que durou pouco por nunca ter apresentado um programa convincente, e ser evidente a influência da CDU, ao incluir pelo menos dois conhecidos ex-quadros daquela coligação, cujos nomes me dispenso de indicar, por serem bem conhecidos. Até que, finalmente, apareceu uma alternativa de direita com algumas hipóteses, ao conseguir no concelho mais de 10% dos votos, nas legislativas de Março 2024. Refiro-me ao Chega, que tem o mérito de apresentar ideias claras fora da caixa da esquerda.
Infelizmente, também neste caso pode tratar-se de uma tentativa sem grande futuro no concelho de Tomar. Factos convergentes parecem indicar que, ao decidirem escolher em Santarém os dirigentes da concelhia de Tomar, os seguidores de Ventura espalharam-se ao comprido, pois ignoraram a velha rivalidade com os ribatejanos, e assim provocaram uma fractura precoce e escusada. Tomar a dianteira 3 sabe que a anterior dirigente concelhia do Chega, Vera Ribeiro, é candidata da Nova Direita nas eleições europeias.
Há portanto uma ruptura, cuja amplitude está por determinar, mas que não augura nada de bom. Tendo avançado muito em relação à Iniciativa Liberal, conseguirá o Chega! fazer o mesmo com a Nova Direita? Vai ser difícil. No meu tosco entendimento, ou se coligam os 3 em torno de um robusto programa de direita para desatolar Tomar, ou vamos ser obrigados a escolher outra vez o menos mau, à falta de melhor, em 2025. Isto porque muito dificilmente poderá haver mudança de hábitos, tanto na esgotada maioria PS como na pasmada oposição social-democrata. Oxalá esteja enganado!
O Chega jamais se irá coligar com a IL, e os programas económicos são diferentes, o Chega não é quanto a mim liberal na economia, é nacionalista como era Salazar. Os tempos são outros, hoje o nacionalismo não tem razão de ser, como o comunismo. A IL defende uma redução de impostos geral e o Chega é para as classes mais baixas. São programas muito diferentes.
ResponderEliminarQuanto á Nova Direita é completamente insignificante, teve pouco mais de dezasseis mil votos a nível nacional e seria um disparate o chega coligar-se com eles. Para quê???!!!. Não teria qualquer vantagem!!!
O Chega de Tomar parece-me ter ficado muito bem entregue, bem melhor do que o que estava.