segunda-feira, 29 de abril de 2024


Turismo e desenvolvimento económico

TOMAR: 

Um micro aeroporto pouco rentável


Um micro aeroporto pouco rentável e muito desconfortável para a maior parte dos viajantes, eis numa metáfora o que parece ser Tomar nesta altura. Quem viaje pelo país, já notou decerto que, ao contrário de Fátima, Batalha, Alcobaça, Óbidos, Sintra e outras, em Tomar a principal atracção turística -o Convento de Cristo- não está ligada à malha urbana. Há uma larga faixa sem casas, cujo relevo impede grandes parques de estacionamento ou outros equipamentos. 
Na mesma linha de pensamento, quem anda ou já andou bastante por esse mundo fora, conhece dezenas de aeroportos, todos com as mesmas características - vastos parques de estacionamento tarifado à entrada, inúmeros estabelecimentos comerciais de toda a espécie, da alimentação à venda de automóveis, passando pelo vestuário, as bagagens e as recordações, desde a entrada ao check-in e aos portões de embarque.
Vistas as coisas desta maneira, Tomar pode considerar-se metaforicamente, em termos de economia de mercado, uma espécie de micro aeroporto pouco rentável, para não dizer falhado. Isto porque, não só o estacionamento é largamente insuficiente (50 lugares para ligeiros e 7 para autocarros), como faltam os estabelecimentos comerciais. Há apenas uma cafetaria cá fora (com preços de escaldar) e outra dentro do monumentos, bem como três lojas, se não erro, duas agora pertencentes à empresa pública Museus e Monumentos de Portugal e uma à ADIRN. (E duas vendedoras ambulantes, toleradas com relutância, tanto pela direcção do monumento como pela autarquia.)
Temos de concordar que é demasiado pouco, com a agravante de não se poder ampliar, sob pena de grave destruição da paisagem envolvente. Resta portanto encontrar outras soluções, se queremos inverter a actual decadência, provocada pela nossa evidente incapacidade para aproveitar as numerosas oportunidades existentes. O turismo vai crescendo, mas a cidade vai definhando, pelo menos em termos demográficos.
Como? Fazendo cá em baixo o que não se pode realizar lá em cima e, uma vez concluídas as obras, interditando o acesso automóvel às proximidades do monumento, alegando protecção do património, excepto para os moradores à data da mudança, levando todos os visitantes a atravessar parte da área urbana, entre os parques de estacionamento a criar e o acesso mecânico ao Convento a instalar, e assim transformando pouco a pouco algumas ruas do centro histórico em galerias comerciais de passagem obrigatória, como nos grandes aeroportos. Haverá audácia para tanto? Respostas durante a campanha eleitoral de 2025 porque, com três candidatos fortes, muito dificilmente algum conseguira ser eleito após debitar apenas tretas de circunstância, como tem acontecido, com os péssimos resultados que estão à vista de todos, mas que os óculos partidários impedem de ver.

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