António Pina
diz:
O Politécnico está encalhado tal como a cidade e a. câmara municipal. A da Anabela, do Hugo, do Carrão, do Corvelo e do maior encalhador: o Paiva! Todos viraram a cidade para o turismo. Faz sentido um Politécnico numa cidade em que se orientou a economia para a hotelaria e tuk-tuks?
(Comentário copiado do Tomar na rede, com a devida vénia e os nossos agradecimentos.)
TURISMO ACADÉMICO
É QUE ESTÁ A DAR
É um excelente comentário, todavia de resposta óbvia e algum vocabulário equivocado. Cumpre porém começar pelo princípio, continuar pela meio e acabar no fim, como diria o secretário do senhor de Lapalisse. Comenta-se aqui, e não no suporte original, porque de lá se foi corrido em tempos, mostrando assim que, numa terra de turismo, não se tolera contudo o turismo jornalístico. Nada de visitantes perturbadores. Só servidores obedientes do partido. Adiante.
Retornando ao tema original, Paiva não terá sido o maior encalhador, mas sim o principal encanador. Não por ter andado a encanar a perna à rã, que não andou. Porque é dele a maior parte do actual encanamento urbano dos esgotos. O seu a seu dono. Foi também, e além disso, um dos raros turistas eleitorais que não deslustrou a função. Muito acima dos actuais ocupantes do Hotel Paços do concelho, mesmo tendo cometido alguns erros graves. Ainda assim, era outro nível, noutro tempo, também é verdade.
Outro equívoco vocabular é aquele da "hotelaria e tuk-tuks", parecendo-me que o respeitável autor melhor andaria se escrevera "truca-truca" em vez do que lá está, como demonstra a proliferação entre nós de "hotéis de passe", a que no estrangeiro chamam "motéis", e sobretudo o específico turismo almerinense, que após a sopa de pedra, com o chouriço e as caralhotas, acaba de abrir um "bar da Quicas", anunciado no Tomar na rede e tudo, se me faço entender. Transição feliz do turismo gastronómico para o turismo da cambalhota. Foi só acrescentar algumas febras, e está feito. A Quicas é que sabe! Faz tudo às claras. Não é como outras que por aí andam... E outros, que não se cansam de fecundar o pessoal, situação com mais de uma década.
Segue-se que em Tomar faz todo o sentido um minipolitécnico, justamente para a prática de turismo académico. Há um consagrado e respeitado professor da casa, há muito em turismo residencial em Mação, e vários outros em turismo de passagem por Abrantes. Acresce que, na própria sede, abundam os professores turistas, que turistificam por aqui mas residem alhures. Até os próprios alunos, quando bem conversados, admitem passar a maior parte do ano a fazer turismo, destacando-se a já célebre especialização em turismo de libação, na conhecida "rota das tascas".
Por conseguinte, tudo devidamente ponderado, Vivó Politécnico!, Vivó Turismo cultural!, Vivó Turismo académico! Vivó turismo autárquico! Vivó turismo eleitoral! E vivó Direito à preguiça, cuja leitura atenta se recomenda. Porquê? Ora ora! Porque o ócio é o turismo do pensamento e Paul Lafargue, o autor da obra, estava particularmente bem informado. Além de médico e pensador, era também genro de Marx. Esse mesmo, o do Capital.