segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Torres novas opta por patamares superiores


Mário Cobra
“A Câmara de Torres Novas precisa de mais 70 trabalhadores…está em causa a contratação de oito funcionários para várias secções tendo a proposta sido aprovada pelos PS e pelo PSD, com a abstenção do BE. A vereadora do Bloco de Esquerda mostrou muitas dúvidas quanto a algumas das contratações previstas, entre elas a de um técnico superior de literatura clássica e outro de cinema. "O município de Torres Novas só tem um calceteiro que trabalha sozinho e este já se queixou a mim e ao presidente da câmara", afirmou a autarca. (Semanário O Mirante)
Nota - Vai daí, acompanhámos os profundos momentos desta superior tomada de posição por parte do compenetrado presidente da câmara. 
Cofiando o bigode ralo, estilo Errol Flynn em versão Médio Tejo, o edil torrejano, absorvido nas suas majestáticas funções de presidente, assomou-se à varanda, fixou-se naquela auréola de quem envereda por opções e arrebitou a pusilânime postura de preparar a admissão de 70 trabalhadores dos clássicos. No gabinete, um prelúdio de Chopin engrandecia os momentos da ponderação. Adorava música clássica. Quando atendia qualquer munícipe, sempre com fundo musical, perguntava de imediato “Quer ouvir Beethoven ou Quim Barreiros?”. Registou no bloco de notas “Não esquecer valorizar a componente clássica da cultura citadina”. Novo registo no bloco de notas “Admitir técnico superior de literatura clássica”.
Resultado de imagem para fotos chopin
Sabendo que alguns dos seus súbditos ainda adoravam Sócrates (o ex-primeiro ministro, mais enriquecedor ao que consta, não o filósofo da Grécia clássica, demasiado indigesto) contava que o técnico superior realçasse aspectos mais problemáticos do grande pensador, nomeadamente:         
                - Unir-se a deuses malignos que gostavam de destruir as cidades.
                - Corromper jovens com as suas ideias.
Resultado de imagem para fotos sócrates
O edil preferia Homero, o poeta épico da Grécia antiga, em especial a forma prosaica como este proclamava “Ó que merda”, a resposta que ao edil apeteceu dar quando a oposição recalcitrou “Não estamos a ver necessidade de um técnico superior de literatura clássica e outro de cinema. O município de Torres Novas só tem um calceteiro que trabalha sozinho e este já se queixou a mim e ao presidente da câmara". Tomou nota “Admitir técnico superior em calcetadoria, para supervisionar o calceteiro que trabalha sozinho”. Não podia hesitar, baseando-se no pensamento de Homero “A marca da sabedoria é ler correctamente o presente e marchar de acordo com a ocasião”.
 
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Não entendia de todo o comentário da oposição, só porque ele, em momento de génio, fora à casa de banho e desenriçara a decisão de abrir o próximo ano cultural com a versão torrejana de um grande filme clássico. Já tinha título para o mesmo “O parque jurássico da Pedreira do Galinha”. Registara no bloco de notas “Admitir técnico superior de cinema”.
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Outros registos respigados do citado bloco:
                -Um técnico superior em nozes e outro em passitas por causa da feira dos frutos secos.
                -Um técnico superior em ortodoxia por causa da Santa da Meia Via.
                -Um técnico superior em musculação por causa da fortaleza medieval
                -Um técnico superior em línguas mortas por causa dos cemitérios.
               -Um técnico superior em achados e em rezas a Santo António de Pádua, protector em Itália das coisas extraviadas, por causa dos 40 funcionários que o município perdeu nos últimos dois anos.
E por aí fora, até 70. Que o orçamento do Estado é sempre generoso. E o bolso dos contribuintes um manancial que os sucessivos governos julgam inesgotável. O problema virá só quando forem forçados a constatar o equívoco.   




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