terça-feira, 25 de outubro de 2016

As mesmas causas...






TOMAR – Mais uma reunião de trabalho entre Município e freguesias

"Os presidentes das Juntas de Freguesia do concelho de Tomar reuniram no dia 13 ao final da tarde nas antigas instalações da Junta de Freguesia de Santa Maria dos Olivais, agora pertencentes à Junta Urbana, numa reunião de trabalho que contou com a presença da presidente da Câmara, Anabela Freitas e dos vereadores Hugo Cristóvão e Bruno Graça. A edil deu conta aos presentes de que para o ano de 2017 vão ser realizados contratos interadministrativos para intervenções nas estradas com nove das onze juntas de freguesia. De fora ficam S. Pedro e Olalhas porque, nos seus casos, as obras a efectuar serão, pela sua dimensão, respectivamente da responsabilidade dos SMAS e do Município. Em relação aos acordos de execução, a presidente referiu que haverá um aumento de 10% das verbas para cada uma das onze juntas. Das questões abordadas, que incluíram o arranque do ano lectivo, a situação face à legislação dos parques infantis propriedade do Município e das juntas, a deambulação e outras situações relativas aos canídeos, realce ainda para a informação de que irá ser reforçada a recolha de lixo e limpeza de contentores nas freguesias rurais, bem como a indicação de que o Município irá acompanhar de perto a questão da recuperação dos parques infantis de modo a adequarem-se à legislação em vigor."
Esta notícia ilustrada foi publicada no site da Rádio Hertz, a quem agradeço, mas  não encaixa no usual estilo de escrita daquela estação. Topa-se que foi redigida alhures, ali para os lados dos Paços do concelho.  Resolvi reproduzi-la aqui como base para demonstrar o estado a que chegou a política tomarense. Tudo o que segue é contudo da minha inteira responsabilidade, quer se trate de afirmações, de induções ou de deduções.
A afirmação segundo a qual "As mesmas causas, nas mesmas condições exteriores, produzem sempre  os mesmos efeitos", atribuída ao químico francês Lavoisier (1743-1794), é bem conhecida. Tanto na química como nas ciências humanas. Aqui em Tomar, na área política, é exactamente aquilo que podemos constatar e que a notícia acima reproduzida permite deduzir sem qualquer dúvida possível.
Se os leitores bem se recordam, o vereador Carlos Carrão, que nunca decerto pensara em tal, acabou catapultado inesperadamente na presidência da autarquia, devido ao afastamento e posterior renúncia, por esgotamento nervoso, de Corvêlo de Sousa. Ao cabo de apenas alguns meses, apesar dos numerosos desastres anteriores, deslumbrado pelo novo poder, o antes vereador  conseguiu convencer os seus companheiros partidários de que era ele o melhor candidato. Para tanto, garantiu que tinha o apoio certo dos presidentes de junta. Perdeu por pouco, mas perdeu para o PS, com Anabela Freitas à cabeça e Luis Ferreira a manobrar de facto, que tão pouco tinham pensado seriamente em vencer. Tanto assim que, ainda hoje, três anos volvidos, está por saber qual era e é realmente o seu projecto político, para além de algumas ideias avulsas, desconexas e desadequadas.
O que não impede que a presidente do executivo, igualmente deslumbrada pelo exercício do poder, procure seguir os passos de Carlos Carrão, ao multiplicar as reuniões e outros contactos com os presidentes de junta, com intuitos nitidamente eleitoralistas. O que no meu entender denota ignorância da real situação política concelhia, demonstrando assim que as mesmas causas...
Apesar de ter apregoado o tal apoio unânime dos presidentes de junta, a verdade é que o PSD de Carrão apenas conseguiu vencer folgadamente, com uma diferença superior a 10%, em 4 freguesias: Casais-Alviobeira, Carregueiros, Olalhas e Serra-Junceira. Venceu também em S. Pedro, mas com apenas mais 3,59% em relação aos socialistas. Temos de concordar que foi um desastre, para quem pouco antes garantira que venceria nas freguesias rurais.
Mas os socialistas, embora vencedores, obtiveram em 2013, globalmente, apenas mais 1,41% que o PSD, naturalmente penalizado por 16 anos de desastrado exercício do poder. O então fresco e puro PS, apesar disso, só conseguiu vitórias convincentes, com maioria superior a 10% em relação ao PSD, em 3 freguesias: Asseiceira, Madalena-Beselga e Sabacheira. É pouco, muito pouco, dadas a circunstâncias da época. Mesmo incluindo as vitórias tangenciais de Além da Ribeira-Pedreira, Paialvo e S. João-Santa Maria, porque afinal se ficaram por um magra vitória de 6 a 5 freguesias. E nem sequer lideram a junta paialvense.
É por isso minha firme convicção que, salvo milagre socialista, como seria o surgimento de um projecto fora de série, ou sucessivos erros crassos do PSD, o curto, triste, agitado e pobre reinado do PS nabantino, termina daqui a um ano. Qualquer que venha a ser o apoio dos presidentes de junta, pois o modelo implícito por eles defendido está condenado, por falta de recursos financeiros. O tempo dos almoços grátis tem os dias contados. Tal como de resto vai suceder com a geringonça. É só dar tempo ao tempo...

Adenda
É claro que os socialistas vão dizer que não senhor; que as reuniões com os presidentes de junta não são nada eleitoralistas; que são encontros de trabalho. A música do costume.
Nunca duvidei nem duvido da pertinência nem da utilidade de tais encontros, cuja regularidade, no entanto, melhora sempre em ano pré-eleitoral. Porque será? Brusco aumento dos temas a debater? É bem capaz. Repare-se que um dos assuntos discutidos na reunião a que se refere a notícia acima deve ter sido mesmo apaixonante:"Das questões abordadas que incluiram... a deambulação e outras situações relativas aos canídeos..."  O problema dos cães vadios, falando mal e depressa. Em quem irão eles votar? Porque também os há -e cada vez mais- em política. É até esse, no fim de contas, o principal quebra-cabeças dos autarcas que vivem da política.

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