terça-feira, 18 de outubro de 2016

Tóquio prá frente!

Um colaborador usual do confrade Tomar na rede, cujo nome não menciono por ser suposto, (o que me parece indiciar que o verdadeiro escriba não deseja ser conhecido), foi em simultâneo feliz e infeliz nesta sua mais recente colaboração "O terceiro aniversário!". Feliz na escolha da ilustração, a qual, com o devido respeito pelos que nela aparecem, mostra bem o actual gabarito do PS-Tomar. Infeliz na sua conclusão, ao constatar uma ocorrência óbvia, comum a todas as organizações políticas: autodestroem-se mais ou menos lentamente, consoante a envolvência.

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O Professor Yoshinon Ohsumi, Nobel da Medicina 2016

Bem sei que o cronista em questão tem desculpas de monta, entre as quais avulta a bem conhecida lapalissada médica. Como decerto já ouviram todos os que vêem televisão, quando morre alguma figura pública, é costume colocar frente à câmara  um clínico, de preferência envergando a profissional bata branca e ostentando o distintivo estetoscópio ao pescoço, (não vá alguém pensar que é um simples enfermeiro), e perguntar-lhe  qual foi a causa do óbito. Regra geral, a resposta surge, lapidar: "Paragem cárdio-respiratória". E o jornalista de serviço agradece, baixando o microfone. O respeitinho continua a ser  muito bonito. Também por isso, mas julgo que não só, nunca ocorreu a nenhum profissional da informação insistir: "-Ó senhor doutor, isso é como morremos todos. Inevitavelmente. O que quero saber mesmo é a causa próxima e/ou remota, que provocou a dita paragem cárdio-respiratória. Porque senão ficamos todos a saber o mesmo. Nada, para além do óbito." Adiante. Somos um país com gente assim...
No caso dos partidos e outras formações políticas, sucede exactamente o mesmo, excepto naturalmente a paragem cárdio-respiratória. Degradam-se, definham e morrem de causa natural. Os comentadores mais ou menos habilitados usam falar de autofagia, sem se darem conta, cuido eu, que todos os grupos enfraquecem e desaparecem da mesma forma: uma mescla de divergências, lutas internas, perda de influência, derrotas eleitorais, impossibilidade para os seus militantes de acederem aos almejados tachos... Se isso é autofagia, vou ali e venho já.
Ora pense lá um bocadinho. O que aconteceu com a AD em Tomar? E com o PRD?  E com o PSD de Corvêlo, Carrão e Companhia? E com o CDS? O que sucedeu durante o segundo mandato de Pedro Marques e se está repetindo agora no PS-Tomar? Porque encolhem os IpT, de Pedro Marques? Todos são afinal vítimas da inevitável erosão política, a que também se convencionou chamar "desgaste do poder". E do passar do tempo, acrescento eu.
No fim de contas, simples ruinas daquilo que tão bem descreveu Camões, há mais de 5 séculos: Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades/Todo o mundo é feito de mudança, tomando sempre novas qualidades. Infelizmente, como se sabe, o grande poeta dos Lusíadas era zarolho. Não tinha o outro olho, que lhe teria permitido ver também os defeitos. Por isso só´falou de qualidades.
De certo modo, como fez também agora o cronista do nosso confrade, que se ficou, todo ufano, pela autofagia e pelo prof. da Universidade de Tóquio. Pois caro cronista, se me permite um alvitre, na próxima vez, ouse alargar o raciocínio. De forma a conseguir carrear algo de novo, que é como quem diz "Tóquio prá frente!" Que o ilustre académico nipónico que você cita (em tom irónico, bem sei), decerto não conseguiu o Nobel da Medicina 2016, limitando-se a debitar evidências e outras banalidades.

Adenda 
Em contrapartida, este comentário merece leitura atenta, tanto por aquilo que diz, como por aquilo que deixa subentender e pela forma como está escrito, num estilo muito ao gosto do também suposto José da Silva. Que pena esconderem-se no anonimato, assim como quem não ousa sair do armário...
Cabe aqui recordar uma velha máxima, atribuída ao americano Thomas Jefferson: "Quando a opinião pública teme o poder, vive-se numa tirania. Quando o poder teme a opinião pública, estamos numa democracia." E numa democracia não tem sentido esconder-se para exercer os seus direitos. Assim como quem fecha a porta antes de se sentar na sanita, porque o que vem a seguir não é nada agradável.

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