O canal televisivo brasileiro NEWS, da rede GLOBO, costuma passar uns separadores com frases a reter. Uma delas postula que "Fazendo as perguntas erradas, dificilmente se obtêm as respostas certas." Assim acontece (involuntariamente, creio eu) com Luís Boavida. Na sua recente entrevista ao Templário declarou a dado passo que "Por vezes quer-se fazer crer que um percurso profissional na administração pública é indicativo de menor capacidade e potencial."
Trata-se quanto a mim de uma opinião. Antes de mais, porque a administração pública é uma noção vaga e demasiado vasta. Uma imensa nebulosa. O único ponto comum entre um médico, um enfermeiro, um professor, um elemento das forças de segurança um varredor, um operador do carro do lixo e os assistentes operacionais de secretaria, por exemplo, é que todos são funcionários públicos. Tudo o resto os separa. Aqueles são em geral trabalhadores dedicados, com tarefas precisas e jornadas laborais bem preenchidas, por vezes até em excesso. Estes, pelo contrário, quando não estão de baixa, passam os dias à secretária, olhando para o computador. Excepto os de primeira linha. Aqueles que têm de atender o público. A tarefa à qual todos procuram escapar. Porque será?
Entre esses dois extremos, há a casta dos senhores técnicos superiores da administração local, alguns dos quais, aqui em Tomar, agem como se fossem eles os gestores políticos da autarquia. Denotam considerar-se os verdadeiros donos da casa, porque os eleitos passam e eles vão ficando. O seu principal traço comportamental é que, em geral, levam meses para parir coisas que no privado são feitas em horas ou dias. Há até entre eles quem já tenha confundido uma rua urbana de S. João Baptista com um caminho vicinal. Ignorância? Conveniência? Ganância? Nunca se apurou.
A dita casta e os seus respectivos subordinados, constituem o chamado "império dos sentados", que os eleitos temem, e que até já conseguiu enxotar para bem longe os investidores privados, com os seus hábitos de fecundar moscas e/ou nadar em potes de iogurte. Agora, praticamente sem processos a estudar e informar, têm muito mais tempo para o computador. E o vencimento continua a ser o mesmo.
Para além dessas denúncias, nunca nestas linhas se tentou "fazer crer que um percurso profissional na administração pública é indicativo de menor capacidade e potencial". Mais modestamente, apenas se tem vindo a tentar apontar uma lamentável mentalidade, muito semelhante àquela que acabou por ser uma das causas fulcrais da implosão dos países do Leste, nos idos de 80/90 do século passado. A chamada mentalidade de funcionário público, que quer sempre mais Estado, mais impostos, mais despesa pública, mais vantagens para os funcionários, e o resto que se lixe, porque alguéin há-de pagar.
Para ser mais claro, é meu entendimento que, no estado actual das coisas, seria uma excelente solução mandar para casa pelo menos metade do tal império dos sentados -os encafuados no sistema- contratando a seguir algumas dezenas de verdadeiros trabalhadores (pedreiros, carpinteiros, calceteiros, electricistas, jardineiros...) que tanta falta fazem. Tal não é possível, bem sei. Que pena!
Por isso mesmo, não será melhor escolher como cabeça de lista adequado, e depois votar num candidato que aponte noutra direcção? Pergunto isto porque, nas anteriores eleições, praticamente não tem havido qualquer alternativa real. Todos defendem implicitamente o mesmo modelo estatista que temos. Ia a escrever estalinista. Porque terá sido?
Provavelmente porque a orgânica daquela casa ainda é a elaborada pela SISMET. Ou já não?
Provavelmente porque a orgânica daquela casa ainda é a elaborada pela SISMET. Ou já não?
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