Mário Cobra
“José Sócrates pagou, entre 2005 e 2015, uma avença mensal de 3550 euros ao blogger António Peixoto, para este elogiar o seu Governo e atacar a oposição. Os pagamentos eram, no entanto, feitos em nome do filho do blogger, António Mega Peixoto, que é assessor de Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, avança o semanário ‘Sol’. António Peixoto, sob o pseudónimo Miguel Abrantes, escreveu durante dez anos no blogue Câmara Corporativa - conhecido por Corporações – opiniões favoráveis aos socialistas” (Correio da Manhã)
Excelentíssimo senhor executivo municipal tomarense, reverências
responsáveis por instituições governamentais, sociais ou outras que tais, desde
que locais, devido a essa perigosa questão da concorrência, dos territórios de cada um e de outras coisas mais:
Serve o presente para informar, em
especial aos mui dignos membros ainda relativamente maioritários do executivo
da urbe, que me encontro literalmente disponível para elogiar o vosso exemplar
desempenho, assim como para desancar na execrável oposição, por valores muito mais baixos
que os alegadamente pagos pelo honorífico e prestigiado ex-líder socialista. Além
disso, a avença a definir pode ser depositada directamente na minha conta, sem
necessidade de pseudónimos, de intermediários ou de outros subterfúgios.
Celebrado e logo lubrificado o dito convénio, compromete-se este vosso vassalo a
ser fiel que nem um cão a Vossas Senhorias e a engrandecer os aspectos mais
relevantes da vossa muito profícua contribuição para o engrandecimento desta cidade, a qual, sem
dúvida nem vitupério, como é público e notório, é de longe a mais bonita do
país e arredores, graças nomeadamente ao vosso inaudito esforço de bem a servirem, sempre de
mangas arregaçadas, com ideias arrojadas e medidas adequadas..
Dou a seguir exemplo do tipo de textos que Vossas Senhorias farão o favor de pagar (se possível antecipadamente, não vá dar-se o
caso lamentável de aconteceram grandes atrasos, como aqueles de que se queixam os vossos
habituais fornecedores).
Tomar cidade mais linda. Executivo esmerado, no sentido de
que o rio seja varrido todos os dias, de forma a correr sempre mais limpo. Ruas
aspiradas à carda fina. Sempre despejados os lixos produzidos pela oposição,
dando sabonetes a comer aos canídeos, a fim de que os seus pastéis cheirem bem, ao
contrário da oposição, tresandando a fedorenta. Os numerosos e modernos
sanitários públicos, a fazerem inveja a qualquer país do quarto mundo. O Mouchão, com o segredo do seu miniquiosque a guardar o tesouro dos Templários. O banco
dos namorados, onde melhor a oposição se sentasse, a tentar escrever prosa para depois dizer que é poesia, em vez de
fazer más figuras, e outras que nem aos ursos lembram. Os jardins tão bonitos quanto, evidentemente, o nosso castelo,
sempre irradiante. Ao contrário do que propala a reles oposição, sempre a dizer que à noite
está apagado. O nosso convento, Património Mundial, onde o executivo se
disponibiliza para dar uma mãozinha na digestão, enquanto a oposição tenta amesquinhar esse usurpado monumento afinal património da edilidade.
Tomar terra de grandes valores onde, ao contrário das
atoardas dos maledicentes, o executivo dá exemplos éticos, nunca promovendo os
seus correligionários, nem discriminando os opositores. Nem mesmo os da Brigada dos queimados, com vencimentos mas sem funções permanentes conhecidas.
Tomar terra de tradições, onde o executivo pontifica na participação
em todas as procissões. Seja a procissão de deitar flores ao rio, seja a
procissão de levar tabuleiros à cabeça. E caso algum dia venha a haver uma
procissão dos carecas e outra dos marretas, o que é muito provável, tendo em
conta a recente proliferação nesse sector,
não duvidamos nem um segundo que sempre o executivo se moverá, exímio no erguer
o pau de qualquer pendão, enquanto a oposição se tem de remeter ao papel
secundário de pegar nas berlotas e ficar-se assim pelas bordas. Designadamente à borda de um ataque de nervos. Ou será à beira?!
Destaque ainda para o inexcedível trabalho do executivo no desenvolvimento económico do concelho. Só ainda não reuniu de forma exaustiva com os industriais e comerciantes por absoluta falta de tempo. Acontece a quem muito trabalha, designadamente treinando para depois melhor endireitar o pau do pendão. Ao contrário de alguns opositores, que se sentam à mesa com esses contestatários, conhecidos exploradores da classe operária, porque não têm mais nada para fazer. Só sabem morfar e maldizer.
Destaque ainda para o inexcedível trabalho do executivo no desenvolvimento económico do concelho. Só ainda não reuniu de forma exaustiva com os industriais e comerciantes por absoluta falta de tempo. Acontece a quem muito trabalha, designadamente treinando para depois melhor endireitar o pau do pendão. Ao contrário de alguns opositores, que se sentam à mesa com esses contestatários, conhecidos exploradores da classe operária, porque não têm mais nada para fazer. Só sabem morfar e maldizer.
Comprometo-me outrossim a tratar a oposição sempre com
epítetos do tipo incapazes, relapsos, contumazes, atrevidos, labregos, calhardas, bimbos, rústicos, rurais, calhaus, nódoas, provocadores, peçonhentos, frustrados, papagaios,
baratas tontas, assim como outros adjectivos, (ou modificadores, conforme consta da
nova gramática portuguesa), abaixo de almas do diabo, que Vossas Excelências entendam que devam ser aplicados.É só dizerem. Por escrito, para evitar eventuais mal
entendidos.
Certo do vosso interesse e receptividade, solicito o sigilo
possível, assim como os meus honorários "por baixo da mesa", como é uso nestas
situações. Para primeiro pagamento, junto segue o IBAN, neste caso o número
relativo ao paguem e não bufem. Isto porque o segredo continua sendo a alma de
todo o negócio eleitoral, (para não falar dos outros...) e o próximo pleito é
já em 2017, sendo que candeia que vai à frente, alumia duas vezes.
Texto editado por António Rebelo
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