domingo, 2 de outubro de 2016

Excelente ideia


Casamento cigano no Alentejo. À esquerda os noivos. Ao meio, com boné na cabeça como símbolo de autoridade, o chefe do clã. À direita as matriarcas, que são quem realmente manda em tudo, mas de forma tão dissimulada quanto possível. Há que respeitar os machos, conforme  a tradição.

Na reunião da Assembleia Municipal da passada sexta-feira, o representante do Bloco de esquerda avançou com uma ideia brilhante. Incitou todas as formações políticas a incluírem nas suas listas para as autárquicas, previstas para Outubro de 2017, pelo menos um cidadão cigano. Não disse "cigano". Preferiu "de etnia cigana". É mais chique. Denota logo outra cultura. A da aparência, do drible rápido, da realidade paralela. Em França os bem pensantes usam "rom", de romani = de origem romena.
Cigano, de etnia cigana ou rom, parece-me uma excelente ideia. Tanto mais que, como não é do conhecimento geral, a dita comunidade está bastante politizada. Não parece, mas está. Aqui há dois/três anos, estando o entretanto falecido patriarca Pascoal, chefe do clã homónimo, na fila dos correios para receber o vale da pensão, constatou que a longa fila andava com demasiada lentidão. O que o levou a clamar para as surpreendidas empregados do balcão um sonoro "Vamos lá a despachar! Somos nós que estamos a pagar!" Donde se deduz que alguns ciganos sabem muito bem criar uma realidade paralela mais favorável, tal como usam fazer os políticos em geral.
Do meu ponto de vista, há só uma pequena alteração a fazer na proposta fracturante do eleito do BE. Em vez de um cigano, acho que cada formação política nabantina deveria incluir nas suas listas para 2017 uma cigana. Por dois motivos principais. Desde logo porque, nas suas comunidades, geralmente são elas que trabalham e dirigem tudo, mas aparentemente os homens é que mandam.  Com a notável excepção da Faraona, no Sacromonte (Granada - Espanha) dos anos 60 do século passado, nunca conheci nenhuma chefe de clã. São sempre homens.
Por outro lado e sobretudo, só uma cigana estaria em condições de ler capazmente a sina na palma da mão aos nossos ilustres políticos. Exactamente aquilo que me parece  estar  a fazer falta ao ex-mentor do PS-Tomar, agora caído em desgraça. Talvez então acabasse por entender que, ao contrário do que pensa e propala, não está a ser vítima de nenhuma ciganice. É apenas vítima do bem conhecido complexo de Édipo. Os seus filhos políticos actualmente no poder, que  no PS são todos menos o inócuo Zeca Pereira, resolveram liquidar o pai, para melhor poderem amar a mãe. Nem mais nem menos. Quem com ferros mata, com ferros morre. Remember 2009.
Não têm por isso, digo eu, qualquer razão de ser os seus ataques descabelados contra o vereador CDU, que se limitou e limita a tentar navegar o melhor possível entre os destroços da cidadela socialista tomarense. Rumo a Outubro de 2017, onde espera vir a colher os frutos do seu manifesto frete político.
Assim vão os tempos!

anfrarebelo@gmail.com

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