"O retorno para a região é inequívoco e basta verificar o exemplo
do Convento de Cristo em Tomar que, após os investimentos inaugurados há pouco
mais de um ano, viu o seu número de visitantes aumentar exponencialmente."
Este parágrafo, que fecha uma notícia que pode
ser lida aqui, respeitando sempre a verdade, acaba mentindo aos leitores,
naturalmente sem que essa tenha sido a intenção dos seus redactores. Com
efeito, estando fora de qualquer contestação que: A - A integral reabilitação
do Aqueduto dos Pegões é urgente; B - Os investimentos feitos no Convento de
Cristo foram úteis e importantes; não corresponde todavia à verdade que
desses investimentos tenha resultado um aumento exponencial do número de
visitantes. Desde logo porque não se registou tal tipo de incremento. Depois, porque a origem do aumento de visitantes em 2015 nada tem a ver com os investimentos
já mencionados.
Total de
visitantes do Convento de Cristo-Tomar
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2010
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2011
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2012
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2013
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2014
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2015
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154.438
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198.274
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183.027
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191.278
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209.294
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254.313
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Lendo com alguma atenção o quadro supra, com as estatísticas do IGESPAR, a entidade pública
que toma conta do Convento de Cristo, constata-se que, entre 2010 e 2015, apenas se registaram dois aumentos anuais ligeiramente superiores a
40 mil entradas. O primeiro em 2011 (aumento de 43.836 visitantes em relação a
2010), o segundo em 2015 (aumento de 45.019 visitantes em relação a 2014)
Verifica-se até que o total de bilhetes vendidos conseguido em 2011 só
veio a ser ultrapassado três anos mais tarde, em 2014. Tudo isto porquê? Porque, mesmo tendo em conta o ligeiro aumento do afluxo de visitantes logo que se
concluem obras de restauro, e isso é anunciado, no caso de Tomar ocorreu um factor
determinante. Tanto em 2011 como em 2015 realizou-se a Festa dos Tabuleiros. Cuja edição
2015, segundo fonte fidedigna da própria autarquia, custou aos cofres
camarários, a fundo perdido, um total superior a 247 mil euros. E o dinheiro
das entradas no Convento de Cristo vai integralmente para o IGESPAR, em Lisboa. Compreende-se portanto que a autarquia nabantina possa não estar muito interessada
nas obras de recuperação do Aqueduto dos Pegões, as quais mesmo sendo financiadas pela União Europeia, exigem contudo uma participação portuguesa de 15%, que nunca poderá vir a ser recuperada, posto que os Pegões não geram qualquer
receita própria.
A pior coisa que pode acontecer a uma boa ideia é ser defendida com um mau argumento. No caso presente, o argumento até parecia bom, mas infelizmente não tem qualquer base. É falso. Significa isso que a ideia deva ser abandonada? Que a anunciada visita de parlamentares social-democratas não foi útil e oportuna? De modo algum.
As mencionadas obras devem pelo contrário ser defendidas com unhas e dentes, (em sentido figurado, bem entendido). Ou seja, a autarquia deve pugnar junto do governo para que haja um projecto completo de reabilitação do Aqueduto dos Pegões, que ponha de novo a funcionar o antigo eco-sistema, que ia das nascentes da Boca do Cano e do Vale do Feto, até ao Tanque dos frades, na velha Cerca, passando pelo laranjal do Castelo e abrangendo o tanque junto à antiga prisão da Santa Inquisição, anexa à Torre de Dª. Catarina. Numa curta frase: Repôr os Pegões a fornecer água ao Convento, ao Castelo e à Cerca. Como aconteceu durante mais de 300 anos, criando na Cerca um microclima, que se foi com o secamento do aqueduto.
É do domínio público que a actual maioria relativa que está na autarquia não candidatou qualquer projecto a fundos de Bruxelas, decerto porque não sabia nem sabe o que candidatar. Falta saber agora se estará disposta a apadrinhar esta reabilitação dos Pegões, prevista pelo governo anterior. Nunca é tarde para mudar para melhor.
A pior coisa que pode acontecer a uma boa ideia é ser defendida com um mau argumento. No caso presente, o argumento até parecia bom, mas infelizmente não tem qualquer base. É falso. Significa isso que a ideia deva ser abandonada? Que a anunciada visita de parlamentares social-democratas não foi útil e oportuna? De modo algum.
As mencionadas obras devem pelo contrário ser defendidas com unhas e dentes, (em sentido figurado, bem entendido). Ou seja, a autarquia deve pugnar junto do governo para que haja um projecto completo de reabilitação do Aqueduto dos Pegões, que ponha de novo a funcionar o antigo eco-sistema, que ia das nascentes da Boca do Cano e do Vale do Feto, até ao Tanque dos frades, na velha Cerca, passando pelo laranjal do Castelo e abrangendo o tanque junto à antiga prisão da Santa Inquisição, anexa à Torre de Dª. Catarina. Numa curta frase: Repôr os Pegões a fornecer água ao Convento, ao Castelo e à Cerca. Como aconteceu durante mais de 300 anos, criando na Cerca um microclima, que se foi com o secamento do aqueduto.
É do domínio público que a actual maioria relativa que está na autarquia não candidatou qualquer projecto a fundos de Bruxelas, decerto porque não sabia nem sabe o que candidatar. Falta saber agora se estará disposta a apadrinhar esta reabilitação dos Pegões, prevista pelo governo anterior. Nunca é tarde para mudar para melhor.
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