quinta-feira, 1 de junho de 2023

 

Vida local

Crónica do tempo que passa...

Viver longe do amado berço é por vezes penoso, mas tem uma vantagem -filtra a realidade quotidiana. Só se toma conhecimento daquilo que a informação local julga digno de relevo. Não é pouca coisa.
Nestes últimos dias mereceram destaque a vitória do Benfica, a assembleia municipal jovem, a nova norma sanitária da DGS, duas colectividades sem listas  e a crise demográfica regional. 
Sobre os benfiquistas e outros adeptos ferrenhos, confesso que nunca entendi nem entendo. Claro que têm todo o direito de comemorar. Mas em termos de vantagens práticas comemoram o quê? Se o vencedor tem sido o Porto ou o Sporting, o que mudava na vida desses entusiasmados desportistas de bancada? Deixavam de dormir descansados?
Falando de bancada, diz a informação local que estiveram muito bem os alunos do 2º ciclo, que participaram activamente no parlamento municipal jovem, tendo sido bons a debater. Admitindo que tal avaliação implícita seja justa, resta ter esperança e fazer votos para que entretanto não se estraguem. Em termos de debate e de participação cívica, no geral os exemplos lá de casa não são os melhores. E quanto ao parlamento municipal, basta assistir a uma sessão via Net para se ficar com uma ideia...
A ideia que  eu tinha sobre as dificuldade da Festa dos tabuleiros face à nova norma da DGS, desvaneceu-se. Afinal é capaz de vir a ser tudo muito simples, ao invés do previsto na referida regulamentação. O seu autor, segunda figura da DGS, demitiu-se ontem, por motivos até agora não tornados públicos.
Pública é também  a curiosa situação em duas das principais colectividades locais, a Gualdim Pais e o Sporting de Tomar. Uma cultural, outra desportiva. Ambas tinham eleições previstas para agora, que afinal tiveram de adiar por não haver listas concorrentes. Mau sinal, sejam quais forem as causas profundas. No caso do Sporting nabantino, o actual presidente levantou a ponta do véu: têm tido alguns apoios importantes, nomeadamente dos laboratórios Fernanda Galo e do Politécnico, mas precisam de mais. E logo um comentador do Tomar na rede reclamou que o dirigente desportivo se esqueceu da Câmara, o outro patrocinador importante. Simples esquecimento, ou terá sido intencional?
No caso da Gualdim Pais, as coisas sempre foram mais reservadas. Apenas se sabe que Bruno Graça, o principal pilar da instituição durante três décadas, se demitiu da presidência da assembleia geral. Porque terá sido?
Factos convergentes parecem indicar que em ambos os casos, Sporting e Gualdim Pais, se trata de crise implícita, suscitada por projectos sem viabilidade a médio e longo prazo. Apostar no financiamento público é praticamente a única solução viável nos concelhos pequenos e a encolher, mas é também um beco. As subvenções municipais terão forçosamente de estagnar, e até de diminuir, porque os orçamentos municipais crescem cada vez menos, devido à crise demográfica, mas os encargos fixos e permanentes com o pessoal tendem a ir sempre aumentando. Por conseguinte, projectos de envergadura em Tomar, só se for com capitais privados, o que não é nada provável num período de hegemonia socialista, com o inerente aumento da burocracia, sem que os eleitores percebam muito bem todas as implicações do seu voto.
A crise demográfica mencionada de passagem mais acima, conheceu esta semana um novo episódio. Tomar na rede publicou dados do INE sobre nascimentos e óbitos, os quais são de assustar os mais atentos ao devir local. Em Tomar , o ano passado, a proporção foi de três mortos por cada nascimento. A continuar assim, está-se mesmo a ver que dentro de umas décadas nem concelho haverá. Apenas uma vilória semi-abandonada, mas com muitos visitantes.
Os senhores camaristas vão sacudir a água do capote, como sempre. A crise é geral e a autarquia não tem nada a ver com isso, vão eles dizer. E poderá ser. Mas convém ter em conta que na região, pior que Tomar só Abrantes, onde os socialistas estão no poder municipal desde 1976, com uma única interrupção de quatro anos.
Como costumam dizer os nossos vizinhos espanhóis, eu não acredito em bruxas, mas lá que as há, disso não duvido!


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