Eleições na Entidade de Turismo do Centro

Afinal havia outro...

De acordo com os dados disponíveis, há nesta altura dois candidatos à presidência do Turismo do Centro, nas eleições do próximo dia 26 de Julho, com a particularidade do actual presidente, Pedro Machado, fazer parte de ambas as listas. Trata-se da presidente PS da Câmara de Tomar e do Médio Tejo, no seu último mandato possível, e do presidente PSD da Câmara de Mira (região de Coimbra), também no último mandato possível.

Informa o Diário de Leiria, na sua edição de 8 do corrente, que afinal havia outro. Walter Chicharro, presidente PS da Câmara da Nazaré, anunciou que desistiu da sua prevista candidatura, justificando essa renúncia com dois argumentos: 1- A obrigação de acompanhar quem o elegeu em 2021; 2 - O facto do governo ter garantido o financiamento do funicular (elevador) da Pederneira, uma velha aspiração local, no quadro do PRR.

Em linguagem clara, para que todos os interessados entendam, dois candidatos PS contra um candidato PSD ao mesmo cargo, seria uma luta fratricida, (ou "camaricida"?), o que terá levado os socialistas a perceber que, financiando finalmente o elevador da Pederneira, o candidato nazareno desistia, assim ajudando bastante a candidata tomarense. Simples acaso, bem entendido.

Manigância, manobra indigna, dirão alguns mais atentos. É provável. Mas convém reparar que, caso o PS preferisse o oposto, a desistência patrocinada da candidata tomarense a favor do camarada Chicharro, tal seria praticamente impossível, uma vez que não há sequer um projecto de elevador Centro histórico-Convento de Cristo, susceptível de ser financiado por Bruxelas via Lisboa. E sem esse argumento, oferecer o quê? Uma secretaria de Estado? Era capaz de ser demasiado.

Para os leitores terem uma ideia mais fundamentada de toda esta problemática, o concelho da Nazaré tem três freguesias (Nazaré, Valado e Famalicão), e um total de 14.500 eleitores inscritos (33 mil em Tomar), dos quais um pouco mais de dez mil nos três núcleos da Nazaré -Praia, Pederneira  e Sítio. Apesar da pouca população residente, já têm, desde a primeira metade do século passado, um funicular entre a praia e o Sítio, que funciona durante todo o ano.

Comparativamente, o Convento de Cristo, Património da humanidade, recebe em média 300 mil visitantes por ano. Pouca coisa, quando comparado com a Nazaré, que ainda por cima nem sequer tem Festa dos tabuleiros, ou coisa parecida. Talvez também por isso, entre 2013 e 2022, a Nazaré perdeu apenas 240 eleitores, contra menos 4.605 eleitores inscritos em Tomar.

Deve ser devido ao clima nabantino, que é muito húmido, mas as habituais luminárias locais vão garantir que é devido à migração para a faixa costeira. E se for devido sobretudo a erros de gestão autárquica? Nem pensar! Tudo gente de elevadíssimo gabarito, incapaz de errar.

Há ainda um outro factor humano a ter em conta. É inegável que uma parte da população masculina da Nazaré, a que mora lá em cima, está com eles no Sítio. E em Tomar, quem os tem no sítio?