segunda-feira, 19 de junho de 2023

 
Eleições para presidentes de corporações

Perspectivas sombrias para a candidatura tomarense ao Turismo do centro

A recente eleição interna para designar o presidente do Politécnico de Tomar foi um grave revés para o candidato José Ribeiro Mendes, conhecido socialista local. Num corpo eleitoral de 21 membros, obteve apenas 6 votos, contra 12 do actual presidente João Coroado, 2 votos brancos e um ausente. Por conseguinte, mau cálculo prévio do candidato vencido, à priori o mais qualificado e bem posicionado para um lugar de gestão, por ser docente na escola superior dessa especialidade, e conhecido quadro do partido actualmente no governo.
Dirão os sempre bem informados comentadores locais que se tratou de uma infeliz aventura pessoal, sem envolvimento partidário. Poderá ter sido assim, mas os factos evidenciam o oposto. A informação tomarense anunciou a eleição e o resultado, mas nada publicou até hoje sobre a apresentação das candidaturas e subsequente debate, que aqueceu. Simples acaso, ou clara indicação partidária de fonte autárquica socialista?
Este recente desastre do candidato socialista nabantino pode considerar-se um mau prenúncio para a aventura de Anabela Freitas no Turismo do Centro. -Não tem nada a ver, vão dizer os respectivos apoiantes e a candidata. Mas tem. Tal como no Politécnico, trata-se de uma eleição corporativa, na qual só podem votar os eleitores qualificados. 21 no caso do IPT, 170 no Turismo do Centro. Cem presidentes de câmaras e 70 profissionais do sector (hoteleiros, agentes de viagens, transportistas) vão escolher o sucessor de Pedro Machado, o actual presidente que não pode recandidatar-se a essa função, mas pretende continuar a dominar aquela corporação, ao candidatar-se em ambas as listas a presidente da assembleia geral.
Da contagem efectuada por TAD 3, concluíu-se que a maioria dos presidentes-eleitores são do PSD, sendo provável que outro tanto aconteça com os 70 empresários, uma vez que socialismo e empresas privadas raramente são bons casamentos, por razões óbvias.
São assim infelizmente bem sombrias as perspectivas para a candidata tomarense, o que sinceramente se lamenta porquanto, ao contrário do que possam pensar, até se  é favorável à sua eleição, por ser benéfica para Tomar. Não pela sua eventual acção futura na função a que se candidata, mas simplesmente porque, como diria o palhaço-deputado brasileiro Tiririca, a propósito do seu país, "isto pior do que está não fica."
No próximo mês logo veremos, mas o facto do experiente Pedro Machado integrar ambas as listas, a de Anabela Freitas e a do presidente da câmara de Mira, um pequeno município do distrito de Coimbra, mostra que há compromissos a respeitar, que não serão propriamente favoráveis para o vale nabantino. O tempo político do PS pode estar a esgotar-se, como aconteceu no IPT.

3 comentários:

  1. O regime que permite estas coisas, está completamente errado.
    Se o homem que lá estava atingiu o limite de mandatos, era suposto que se fosse embora, se o objetivo era evitar o apego ao poder.
    Tal como os presidentes de Câmara que deviam ir à procura de outra vida ao fim dos 3 mandatos. Em vez disso transitam entre autarquias ou órgãos autárquicos.
    Esta lei dos limites de mandatos é uma das mais obscenas que esta república produziu, pela forma como desde o início permitiu o seu contornamento.
    Para esta gente que não sabe fazer outra coisa que não seja servir-se dos cargos públicos, existe outras soluções, como no caso da Anabela, em que tem de se arranjar uma reforma dourada.
    Na realidade ainda não consegui arranjar uma justificação séria para o organismo. Não é visível trabalho desenvolvido pela instituição, nem o que poderia desenvolver. Promoções, licenciamentos?
    Para não ser completamente ignorante fui ao site. Aquilo é o site duma agência de viagens.
    https://turismodocentro.pt/
    Como já disse anteriormente, o problema é ficarmos a saber qual vai ser a solução política para governar o Concelho. Quando se fala de substituir a presidente, não é pelo vice. Essa é pacífica e esperada. A questão é saber quem é o novo elemento da vereação, qual a preparação, a experiência, a formação e qual a atuação que vai ter no executivo (o "apport", como dizem os nossos amigos franceses). Que pelouros vai dirigir? Quais os departamentos e serviços que vão despachar com a essa pessoa?
    Tudo isto num contexto de felicidade da oposição. A partir do momento em que os deixam desfilar pelas ruas da cidade com umas coroas ao colo, ficam satisfeitos com tudo o que se passa. Veja as interpelações nas reuniões da câmara como já nem necessitam de respostas elaboradas. Desde o tabuleirão, às despesas da Festa ou mesmo o comportamento durante a visita do secretário de estado.
    Este veio cá fazer o quê? Prometer mais dinheiro, como o Matos Fernandes? O líder da oposição tornou-se cúmplice:
    https://www.facebook.com/photo?fbid=836336901217485&set=pcb.836336951217480&locale=pt_PT

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  2. Bom dia,
    Não concordo com a sua análise sobre a candidatura da Belinha, pois este foi o tacho que o partido lhe arranjou.
    Quanto a 70 empresas "independentes" por serem privadas é esquecer quem são os seus clientes e quem lhes dá subsídios.
    Mas, a prova real será depois da sabermos quem foi a vencedora.
    Convém haver sempre uma lebre, mesmo que isso signifique pagar algum "pedido"

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    1. Estamos ambos a discorrer com base em hipóteses e nalguns factos. A discordância é portanto não só salutar como potenciadora de novas perpectivas, havendo boa fé de parte a parte, como é o caso.
      Contrariando antecipadamente a sua afirmação "este foi o tacho..." a presidente já esclareceu, em plena reunião do executivo e respondendo à oposição, que se trata de um assunto pessoal (ver notícia recente na Rádio Hertz).

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