domingo, 25 de junho de 2023

 Tabuleiros e propaganda política

O cúmulo da má-fé

A #FestadosTabuleiros contradições
Enquanto a nossa linda cidade, vai vestindo o seu melhor trage, para a festa maior, numa das artérias mais movimentadas da cidade, situada numa das entradas para o centro histórico (Praceta Alves Redol) um cartaz de propaganda política "ornamenta" o espaço.
Este outdoor prejudica a beleza e o enquadramento de um espaço patrimonial "Casa dos Cubos" que é de interesse público, cujo projeto já valeu, entre outros, um prêmio Contractworld Award e a nomeação para o Prémio de Arquitetura Contemporânea da União Europeia
Na minha opinião a omnipresença deste outdoor polui visivelmente este espaço, e retira-lhe toda a harmonia estética, para além de ser um contrassenso colocar um cartaz que defende a cultura a ocultar um edifício que serve a mesma.
Assim deixo a pergunta, não há regras?"

Julgava eu, sempre ingénuo, que com o espalhanço monumental dos dois vereadores PS (uma vereadora e um vereador, para evitar questões de género), estava encerrado o lamentável episódio do cartaz do Chega, colocado na Rotunda da Ponte nova. Enganei-me.
O texto e a imagem supra, reproduzidos do Facebook, com a devida vénia e os meus agradecimentos, testemunham um caso de evidente má-fé, e de um cinismo difícil de ultrapassar. Para os eleitos antes citados, e alguns outros cidadãos ligados à festa, essa propaganda política do Chega prejudica a beleza e a pureza do desfile dos tabuleiros. É uma opinião algo estrambólica, que deixa perceber a intenção subjacente -a retirada obrigatória do cartaz, apesar de estar na mais estrita legalidade.
Decerto após ter concluído que por ali não se ia lá onde se pretende de facto, a senhora Ana Coutinho, no uso do seu direito de opinião, recorreu a outro prisma -o dito cartaz polui a visão estética de um imóvel premiado de interesse público. E até pergunta se não há regras.
Há regras sim senhora. Há até uma ortografia oficial, na qual "traje" se escreve com jota, e uma Lei, que o Chega cumpriu e cumpre integralmente. Quanto à visão estética de um imóvel premiado de interesse público, por favor não abuse da ignorância dos tomarenses em geral, minha senhora. O edifício em questão não é de interesse público, porque nunca foi classificado como tal, visto tratar-se de um celeiro do século XVI, em estilo chão, e já amputado nomeadamente do lado poente, para o adaptar ao figurino da rotunda.
É certo que as velhas tercenas da Ordem de Cristo, vulgarmente conhecidas como Edifício dos cubos, cujo primitivo portal renascença é agora o do edifício do turismo municipal, recebeu um prémio de arquitectura, como de resto também aconteceu com a requalificação da avenida Nun'Álvares, apesar do que está à vista de todos. Esse prémio galardoa a recuperação do imóvel, mas só pode referir-se ao seu interior, uma vez que o exterior se manteve tal qual era antes, exceptuando a tal amputação tornada inevitável.
O que significa que exteriormente a referida construção, em arquitectura chã, não tem na prática qualquer valor estético excepcional, como de resto intuiram os próprios autores do restauro, ao mandarem plantar uma cortina de verdura para esconder quase toda a fachada norte, a tal que o cartaz polui, segundo alega a senhora. Então o cartaz polui, e a cortina vegetal não?
Por conseguinte, mesmo com a alusão a uma candidatura a um prémio europeu de arquitectura contemporânea, para galardoar uma singela obra utilitária já com cinco séculos, a argumentação da senhora não consegue esconder o seu fito último: -eliminar o cartaz do Chega, por muito que vá proclamando o contrário. Como diz o povo, "a mim não me enganas tu".
O cartaz do PSD na rotunda da Ângela Tamagnini, não impede a perfeita visão estética da Praceta Raul Lopes e do ex-CNA? O cartaz do Papa, que esteve ilegalmente pendurado na torre sineira de Santa Maria dos Olivais, e agora está em plena Corredoura, não ofendia a estética do local? Aquele suporte de cartazes, muito maltratado, encostado a uma árvore ao fundo da Corredoura, do lado esquerdo de quem olha o castelo, não vai prejudicar a beleza do cortejo dos tabuleiros? A senhora Ana Coutinho alguma vez escreveu sobre esses casos? Mas não tem nada contra o Chega, pois não?

Nota final
Não sou advogado nem militante, nem eleitor, nem simpatizante do Chega. Os tomarenses conhecem-me, sobretudo os que lêem. Limito-me a tentar lutar contra os ataques dissimulados, visando acabar paulatinamente com as liberdades fundamentais neste país, como é o caso. Censura nunca mais ! Venha de onde vier, encapotada ou não.

2 comentários:

  1. Estes donos disto tudo, estão a fazer na perfeição aquilo que o chega queria com a colucaçao legal do dito cartaz, se ninguêm falasse no assunto, isto não era assunto nenhum, mas quê, não conseguêm estar calados, e quêm se ri á boca cheia é o Ventura.

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  2. Não sei se será bem assim como escreve. Na verdade quem deu relevo ao assunto foram os autarcas e outros ligados à festa, seguindo o hábito local de ajudarem determinada formação cada vez mais minoritária, na qualidade de "compagnons de route"...

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