terça-feira, 6 de junho de 2023

Hotel Meliá Ria, em Aveiro, onde o adversário de Anabela Freitas vai apresentar a sua candidatura, no próximo dia 19.

Eleições na Entidade de Turismo do Centro

Um passo maior do que a perna?

Escreveu-se aqui, no passado dia 2, que Anabela Freitas abandona a Câmara, caso vença as eleições para o Turismo do Centro, "como tudo indica". Acontece que, após estudo mais detalhado, não é bem assim. Pode até acontecer um desastre para a candidata nabantina.
É certo que, à primeira vista, a presidente tomarense apresenta vários trunfos. O seu percurso político até agora, tipo César na Gália ("cheguei, vi e venci"), a presidência da comunidade do Médio Tejo, o facto de integrar a comissão executiva da entidade a que concorre, o apoio do PS e da comunicação social que temos, a Festa dos tabuleiros e o seu banquete no Salão Nobre. Se a isso juntarmos a pouca notoriedade do candidato adversário, presidente de um pequeno concelho de apenas 12 mil habitantes, o quadro apresenta-se ainda mais favorável.
Indo porém um pouco mais fundo, surgem factos desfavoráveis à candidatura da tomarense, a começar pelo estranho comportamento político de Pedro Machado, o actual presidente da antes referida entidade. Anabela Freitas anuncia uma candidatura de continuidade, contando com Machado como candidato a presidente da Assembleia Geral, mas omite que o mesmo Machado integra também a lista adversária, o que indica falta de confiança no sucesso de qualquer uma delas. Joga pelo seguro.
Segue-se que o outro candidato, sendo desconhecido pelas bandas nabantinas, também tem os seus predicados. Nasceu em Moçambique, mas foi educado no Porto, onde se formou em direito e fez o estágio de advogado, passando depois a exercer em regime de profissão liberal. É portanto um homem do norte, e não um funcionário público, o que pode contar muito, num quadro em que a maioria dos 100 concelhos que integram a ETC são do norte (distritos de Aveiro, Coimbra, Viseu e Guarda). Mais complicado ainda para Anabela Freitas, convencida de que "o Estado somos nós", citando Luis XIV, vai ser votada num conjunto de 6 distritos, mais o apêndice Médio Tejo, em que o PSD  é maioritário. Governa em 50 concelhos, contra 44 do PS.
Tudo isto no âmbito do turismo, uma indústria de empresas privadas, em pleno crescimento por esse mundo fora. Não será por mero acaso que todos os grandes centros turísticos da região centro são governados por gente do PSD: Coimbra, Ourém-Fátima, Figueira da Foz, Batalha e Alcobaça. Tomar e a Nazaré, mais modestos, são as excepções, com presidentes PS. 
O próprio adversário de Anabela Freitas parece conhecer bem a realidade em que se movimenta. Enquanto a candidata nabantina anunciou a sua candidatura durante uma inauguração municipal, assim misturando alhos com bugalhos, como é usual, o seu adversário PSD vai anunciar a sua no Hotel Meliá, em Aveiro, no próximo dia 19, o que tem outra dignidade. E pode bem obrigar a candidata PS a aparecer oportunamente numa cerimónia semelhante, quem sabe se no novo Vila Galé Tomar.
Em conclusão, sem esquecer que prognósticos só no final da contagem de votos, um feixe de indícios parece indicar que desta feita a presidente da Câmara de Tomar se fiou demasiado na sua intuição, e resolveu dar um passo maior do que a perna, sem antes estudar os dossiers. Dia 26 de Julho logo saberemos quem se equivocou.


4 comentários:

  1. A Anabelinha já ganhou, pois o PS está a fazer uma purga nos tachos do Turismo, e o adversário é do PSD.
    O problema para Tomar é que não vamos beneficiar da saída da condessa, pois os herdeiros ainda conseguiram ser piores.

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  2. Nenhum dos 2 tem currículo na área, mas até podia ser um qualquer animal que desde que tenha o cartão do PS vai ser eleito.

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  3. É praticamente isso que tem vindo a acontecer. Contudo, podendo estar redondamente enganado, algo me diz que vai haver muita luta e que a representante PS não tem a vitória assegurada.
    São 170 eleitores. 100 presidentes de câmara e 70 representantes de empresas turísticas. Tudo às ordens do PS, mesmo havendo um candidato PSD? Custa-me a crer. Se fosse no Alentejo, ainda vá. Agora no norte?!?

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  4. Sinceramente, tanto faz. Nem me apanham a discutir a importância do lugar, a remuneração, o orçamento e os fundos que vai gerir.
    A Anabela se não for para o Turismo vai para outro lado qualquer. Por acaso já tinha ouvido falar noutra posição mais internacional.
    O que me admira é ainda não estarem a dissertar sobre a maioria na Câmara. Como vai ficar e como vai funcionar.
    Vejam os candidatos seguintes da lista. Quais são as competências e a experiência que podem levar para o Município.
    Imaginem como serão refeitos os pelouros. O exercício da vice-presidência.
    Vem ao de cima a forma como lidaram com a retirada da Anabela Estanqueiro da lista, fazendo de conta que esta saída anunciada desde o primeiro dia, nunca iria acontecer. E a inconsciência de nunca terem colocado o nome que irá entrar a exercer funções de substituição, nem que fosse por um período só para tomar contato.
    Vereador não é bem "Chegar, Ver e Vencer".
    Não acredito em surpresas boas nestes assuntos.

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