Evolução social

Regresso anual ao local de nascimento 

Esta crónica já foi escrita em solo nabantino. Como habitualmente, regressei ao local de nascimento, desta feita não só para "matar saudades", mas também para inadiáveis cuidados de saúde, pois é aqui que continuo a ter o meu seguro nessa área. E a idade já não me permite mudar a custos razoáveis.

A TAP mostrou mais uma vez ser uma simpatia de companhia aérea, sempre preocupada com o conforto dos seus passageiros. Ao receber um pedido no sentido de facultar dois lugares o mais próximo possível dos sanitários do avião, por motivo de saúde, informou que havia necessidade de preencher um formulário a obter na net, incluindo a assinatura do médico assistente, confirmando a situação.

Feito tudo isso e enviado o dito documento, a resposta foi rápida e muito simpática: É possível fazer a marcação de lugares da sua preferência, utilizando essa disponibilidade proposta pela TAP, eventualmente mediante pagamento adicional. O que foi feito e custou a bagatela de 40 euros por passageiro, a juntar aos 800 euros da viagem ida e volta. Um encanto de companhia, tendo em conta que, já havendo bilhetes pagos, tinham obrigação de fornecer dois lugares sentados. Os tais 40 euros/passageiro pagaram portanto apenas uma mudança de lugar e,  quase de certeza, uma mudança de companhia aérea no próximo ano. Explorar sim, mas não tanto, nem de forma tão descarada.

Já em Lisboa, e após a habitual aglomeração no controle de passaportes, que durou mais de meia hora, os amigos que vieram esperar-nos informaram que a grande questão tomarense do momento era saber se Anabela Freitas é ou não licenciada. Se tem ou não o direito a usar o Dr antes do nome. Valha-nos nossa senhora da Agrela, que não há santa como ela! Dez anos após a primeira eleição -e já lá vão três- é que se preocupam com as habilitações da presidente, justamente quando ela se candidata a outro lugar mais apetecível, longe de Tomar?

Que raio de povo é este, que nem sabe sequer identificar capazmente os problemas que condicionam o seu futuro, e de que maneira? Que população é esta, que se dedica de alma e coração à sua festa grande, sem cuidar de saber se o que estão a fazer vai beneficiar ou prejudicar de facto a comunidade a médio e longo prazo? Que eleitores são estes, que votam ignorando as grandes implicações do acto, apenas preocupados com a gamela e com as aparências?

Bem sei. Problema meu, ao denunciar desconformidades por tudo e por nada. É tão confortável ser conformista, não é? Tenho pena, mas não consigo.