segunda-feira, 2 de outubro de 2017

No rumo certo?

Notas sobre os resultados eleitorais


1 - Apesar de ser um blogue sobre questões locais, Tomar a dianteira 3 não consegue deixar de referir, antes de mais, o resultado eleitoral de Oeiras, na periferia de Lisboa. Que no concelho com mais elevada percentagem de eleitores com estudos superiores em todo o país, um candidato ex-presidiário, porque condenado por delitos cometidos no exercício das funções de presidente da câmara, consiga voltar a ser eleito para esse mesmo lugar, diz bem do povo que somos. Escarnecemos do Brasil ou da élite angolana, mas afinal estamos na  mesma. 

2 - Fui o único a fazer e publicar previsões eleitorais, que podem ser relidas aqui. Errei redondamente quanto aos resultados finais, mas também acertei nalguns tópicos: A - Conforme escrevi, a CDU não tinha qualquer base sólida para aspirar a dois eleitos. O problema era outro -o de conseguir manter o vereador Bruno Graça, afinal vítima da geringonça local. Quem com ferros mata, com ferros morre. O vereador da CDU contribuiu para afastar o chefe de gabinete e um vereador, acabando por ser agora também afastado. B - Tal como aqui foi referido, o PSD só ganhava com uma abstenção da ordem dos 40%. Com respectivamente 43,07% nas freguesias rurais e 45,17% na urbana, José Delgado não teve hipóteses. A abstenção média foi de 44,12%. 4,12% x 34.814 eleitores inscritos = 1.435 eleitores. O PS ganhou com uma vantagem de 1.155 votos.  

3 - Não tendo surgido qualquer projecto digno desse nome para a cidade e o concelho, susceptível de mobilizar os eleitores, venceu Anabela Freitas. E venceu bem. Em todo o caso melhor do que em 2013. Dou-lhe os meus parabéns. Todavia, decerto convencida que governou bem, pelo que não há necessidade de mudar, dificilmente vai conseguir realizar o indispensável -estancar a hemorragia populacional e reconciliar os tomarenses. E sem isso...

4 - Uma vergonha, é como deve qualificar-se o ocorrido nas assembleias de voto da freguesia urbana.
Houve necessidade de recontagem e não deixaram entrar a comunicação social, que assim colheu o que tem andado a semear, ao colocar-se sistematicamente às ordens do poder. Três horas e meia após o encerramento das urnas, ainda não eram conhecidos publicamente os resultados. Pobre terra! Pobre gente!

5 - E agora? E agora, salvo pouco provável mudança de rota, Tomar vai continuar nesta apagada e vil tristeza, com os instalados à mesa do orçamento todos contentes, porque a mama vai acentuar-se durante os próximos tempos, e o êxodo dos mais capazes vai aumentar de mês para mês. Bem gostaria de estar enganado.

6 - Para alguma coisa terá servido tão estranho resultado eleitoral, (em que 22,89% dos votos possíveis garantem maioria absoluta), além de possibilitar a continuidade do PS no frágil e pouco operante poder tomarense. Mostrou aos candidatos das pequenas formações que não basta ambição, boa vontade e fé em Deus. Sem gente capaz em termos práticos, nem projectos mobilizadores e adequados, é tempo perdido tentar alcançar lugares na política activa local. Lincoln disse-o há dois séculos: Pode-se enganar alguém durante toda a vida; pode-se também enganar toda a gente durante algum tempo; é porém impossível enganar toda a gente durante muito tempo. Como não tardará a ver-se...

Adenda, às 10H45 de 02/10/17

Para a Assembleia municipal José Pereira obteve menos 338 votos que Anabela Freitas para o executivo. Em sentido contrário, Paulo Macedo, da CDU, averbou mais 92 votos que Bruno Graça.
Eleitores ingratos, é o que é.

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