Terminaram a sua actuação algumas atracções ambulantes, rodeadas por um amontoado de barracas, tudo sem grandes condições. E, perdida na entrada noroeste, a Feira das passas, ou o que dela resta ao cabo de cinco séculos. A Feira nacional dos frutos secos é agora em Torres Novas. Aqui, continuamos a chamar-lhe feira por hábito e sobretudo porque, pobres coitados, muitos de nós nunca estiveram numa feira a sério. Não há piores ignorantes do que aqueles que ignoram a sua própria ignorância.
Este ano, aquela coisa inestética, insalubre e barulhenta foi programada para dez dias. Semana e meia! Não se vislumbra porquê, uma vez que, desde há mais de quarenta anos, vem encolhendo em termos de espaço, de feirantes e de afluência. Trata-se de compensar no tempo o evidente definhamento no espaço e no interesse do público?
Bem vistas as coisas, tal terra tal feira. Ambas estão cada vez pior, mas o pessoal parece gostar. Continuam todos satisfeitos. Aplaudem quando solicitados. Detestam quem critica. São conformistas empedernidos. Se soubessem elaborar raciocínios mais complexos, diriam decerto que a situação não é boa, mas podia ser bem pior. Nomeadamente se os adversários políticos estivessem nos poleiros. Prova disso é a atitude da informação local que temos. Regra geral, debates, comentários, análises, crónicas, tomadas de posição, que é isso? Sobre a "feira", que disseram?
Apenas o nosso colega Tomar na rede que, apesar da sua evidente prudência, é, para muitos, mais um "mau da fita", que nem sequer pode alegar a "idade avançada" em sua defesa, tomou até agora a iniciativa de escrever algumas considerações críticas sobre o pindérico evento que acaba de encerrar. Que disse? Falou de mazelas. Tão evidentes que é preciso ser-se tomarense, nado e criado em Tomar, e com muitos anos de prática citadina, para as não ver. Para achar que está tudo bem, como vem sucedendo. "Não tá bem, mas podia estar pior", parece ser o implícito pensamento dominante. Até o próprio administrador do Tomar na rede vai nesse barco. Teve a coragem de escrever que "são muitos os aspectos a melhorar nesta feira", porém só depois de, por prudência, também ter afirmado que "de uma maneira geral, os vendedores estão satisfeitos." Uma no cravo, outra na ferradura. Para não descontentar ninguém.
E no entanto é indesmentível que, como habitualmente: Faltou planeamento atempado, faltou organização geral, faltou organização no terreno, faltou sinalização, faltaram condições sanitárias, faltou limpeza, faltou recolha de resíduos sólidos, faltou informação, faltaram condições de segurança, faltou respeito pelos residentes confinantes, faltaram ideias, faltou capacidade, faltou empenhamento, faltou vergonha na cara. Mas houve como sempre esbanjamento. Espectáculos à borla e gambiarras acesas durante o dia, só nesta terra abençoada, onde depois os contribuintes pagam tudo sem refilar.
E no entanto é indesmentível que, como habitualmente: Faltou planeamento atempado, faltou organização geral, faltou organização no terreno, faltou sinalização, faltaram condições sanitárias, faltou limpeza, faltou recolha de resíduos sólidos, faltou informação, faltaram condições de segurança, faltou respeito pelos residentes confinantes, faltaram ideias, faltou capacidade, faltou empenhamento, faltou vergonha na cara. Mas houve como sempre esbanjamento. Espectáculos à borla e gambiarras acesas durante o dia, só nesta terra abençoada, onde depois os contribuintes pagam tudo sem refilar.
Para o ano há mais. Nas mesmas lamentáveis condições. No mesmo sítio ou logo ao lado, no Flecheiro. Tanto faz. A merda será praticamente a mesma. Talvez com outras moscas. Se as houver. Porque aquela coisa até para as moscas deve ser uma estopada de todo o tamanho. Sempre a mesma comida, também cansa!
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