O título é, como todos já viram, (que Tomar é uma terra de gente que se considera dotada de bestunto muito acima da média), um trocadilho já muito vulgarizado, para dizer que "as aparências iludem". Pareceu porém o mais adequado para esta peça, na qual o leitor fará o favor de evitar ver qualquer subentendido. O que se quer dizer é exclusivamente o que está escrito.
Circula por aí uma adivinha, particularmente adaptada à presente realidade nabantina. A pergunta é a seguinte: O que fica mais longe, a Lua ou o Algarve? Quem ainda não conhece, é levado a responder que é a Lua. É-lhe então explicado que na verdade é o Algarve que está mais longe. Porque daqui de Tomar podemos ver a Lua, mas não a região algarvia.
Trata-se obviamente de uma habilidade narrativa, que consiste em omitir a posição do observador. Se situado a oito ou dez mil metros de altitude, na vertical de Tomar, por exemplo, qualquer leigo enxergará tão bem a Lua como o Algarve, e constatará que o nosso satélite natural está bem mais longe.
Da mesma forma, em qualquer domínio da actividade humana, mormente na política, para não ser induzido em erro nem navegar em doces ilusões, tudo depende de duas premissas básicas -a posição do observador e a sua capacidade de análise. Nessa conformidade, tudo devidamente ponderado, há vitórias retumbantes que afinal se podem considerar derrotas, alianças que a prazo se podem transformar em grilhetas e programas que na prática se revelarão aquilo que sempre foram: simples papel impresso, sem grande préstimo.
Da mesma forma, em qualquer domínio da actividade humana, mormente na política, para não ser induzido em erro nem navegar em doces ilusões, tudo depende de duas premissas básicas -a posição do observador e a sua capacidade de análise. Nessa conformidade, tudo devidamente ponderado, há vitórias retumbantes que afinal se podem considerar derrotas, alianças que a prazo se podem transformar em grilhetas e programas que na prática se revelarão aquilo que sempre foram: simples papel impresso, sem grande préstimo.
Mesmo no auge da passageira glória, quando as aparências induzem ilusões, há sempre um indício que não engana. Trata-se daquele princípio enunciado há milénios pelos chineses: Quando o dedo aponta a Lua, os tolos olham para o dedo. Da mesma forma, quando o comentador procura analisar serenamente uma determinada situação, apontando problemas e/ou avançando soluções, os políticos ungidos pelas vitórias eleitorais, em vez de averiguarem se o que é dito merece ou não reflexão e subsequente acção, ficam-se pela crítica ao escriba em causa. É mais fácil e nunca falha. Mas também nunca deu bons resultados a prazo. Basta olhar à nossa volta. Estamos cada vez mais cá para trás em praticamente todas as áreas.
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