O prestigiado jornal americano New York Times publicou uma reportagem sobre a acentuada decadência francesa. A evidente degradação do french way of life. À boa maneira anglo-saxónica, voltada para o pragmatismo, apresentou como exemplo concreto dessa gritante crise gaulesa a cidade de Albi, uma urbe de 50 mil habitantes, situada na região de Toulouse, no sudoeste da França:
A dita reportagem teve tal repercussão naquela cidade francesa, que o jornal americano acabou por encomendar e distribuir uma tradução francesa de toda a reportagem. O que só ampliou o escândalo. Os tarneses (Albi fica na sub-região do Tarn) não concordam com o que deles e da cidade disse o jornalista, um franco-americano que ali viveu mais de três décadas. A presidente da câmara municipal, como lhe competia, contra-atacou em nome da população, desmentindo e corrigindo dados publicados pelo jornal nova-iorquino. Principal contra-argumento: -Não é verdade que Albi esteja em decadência, uma vez que a população tem vindo a aumentar de ano para ano, disse ela.
Agora imaginemos que um dia destes o New York Times, ou qualquer outro órgão de informação não acomodado, resolve replicar a ideia e publicar uma reportagem similar, sobre a acentuada decadência portuguesa e a evidente degradação do portuguese way of life (seja lá isso o que for...), usando o caso tomarense como exemplo. Quando chegar o tempo da discordância, que os tomarenses também são obstinados, tal como os tarneses, a presidente Anabela Freitas (ou quem estiver no lugar que até Outubro próximo é dela), vai usar o quê, como contra-argumentação? Ao contrário do que acontece em Albi, a população de Tomar diminui, de forma evidente e contínua, há mais de 15 anos. Com tendência para o agravamento.
Parafraseando o título do citado diário americano, confirma-se assim que Tomar é uma cidade morta, símbolo do declínio de Portugal. Só o clima é que não é cinzento. Por enquanto?
Resta contudo uma esperança. Quem for presidente da câmara logo após essa hipotética reportagem, americana ou não, que provavelmente nunca vai acontecer, sempre se poderá alegar que o êxodo populacional nabantino também não é assim tão grave como se quer fazer crer. Prova disso é que o Nabão e o Convento de Cristo ainda não emigraram...
Resta contudo uma esperança. Quem for presidente da câmara logo após essa hipotética reportagem, americana ou não, que provavelmente nunca vai acontecer, sempre se poderá alegar que o êxodo populacional nabantino também não é assim tão grave como se quer fazer crer. Prova disso é que o Nabão e o Convento de Cristo ainda não emigraram...
Quem saiba ler francês, pode aceder ao artigo em causa aqui:
http://abonnes.lemonde.fr/big-browser/article/2017/03/14/albi-ville-morte-grise-et-symbolique-du-declin-de-la-france-la-contre-enquete-locale_5094463_4832693.html (Acesso pago)
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