domingo, 5 de março de 2017

Gargarejos

Foi penoso, mas consegui. Li de fio a pavio as seis - intervenções - seis, ditas no Dia da Cidade. E agradeço ao Hugo Costa não ter mandado a dele para o Tomar na rede, o que sempre me permitiu poupar alguns minutos. Globalmente, a minha impressão é fortemente negativa, como de resto você já sabia ao começar a ler esta peça. Ou não estivesse eu -na opinião de uma anónima alimária manifestamente com pouco jeito para diagnósticos médicos- patarouco de todo, desde que vim para o Brasil passar o inverno. Bacoradas, para ver se pega.
Não me refiro nem à forma, nem ao estilo, nem à dicção das citadas alocuções Fico-me pelo conteúdo. Pelo sumo. E aí todos foram um desastre. Virados sobretudo para o passado, apesar disso só Paulo Macedo, em nome da CDU, elencou uma série de acções levadas a cabo em prol da iniciativa privada concelhia, pelo vereador Bruno Graça. Que tenha sido o eleito da CDU a pugnar pela iniciativa privada concelhia, mostra bem no meu entender quão baixo já desceram as outras formações políticas locais. Sim, porque se não me engano, não é habitualmente a CDU que por esse país fora luta pelo desenvolvimento da iniciativa privada. Ou estarei a ver mal?

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Regressando aos discursos comemorativos, foram féis à tradição. Ornamentais. De circunstância. Simples gargarejos. Sem ideias novas, sem propostas concretas e manifestamente sem golpe de asa. Só lhes faltou a fórmula final "Tenho dito", para que  a reduzida assistência pudesse eventualmente retribuir com um hipócrita "E disse muito bem!", para regressarmos aos tempos anteriores ao 25 de Abril, de triste memória.
Confirmam-se assim duas suspeitas minhas, pelo menos para já. Uma delas é sobre os programas de candidatura, que hão-de vir a aparecer, os quais, ou muito me engano, ou dificilmente apresentarão quaisquer propostas precisas ao escrutínio dos eleitores. Não é costume, vão justificar-se os candidatos. E lá vamos ter de gramar mais umas enjoativas sopas de generalidades.
A outra, é o sobre o que de nós dizem os europeus do norte. Segundo eles, lá por aquelas bandas os galos esgravatam o chão buscando comida, comem e só depois cantam, enquanto na Europa do sul os galos limitam-se a cantar, enquanto esperam que lhes distribuam o milho. E andam em geral bem gordos. O problema é que, de quando em quando, há falta de milho para tanto galo, a maioria de aviário. Sobretudo na Grécia. Mas não só, que a troika também já por cá andou. E pelo caminho que o galinheiro leva...
Bem sei! O défice quase miraculoso de 2,1%, que representa só mais um aumentozito de milhares de milhões na dívida pública. Ao invés, a Alemanha, que registou um excedente orçamental positivo de 8%, não fez tanto banzé. Feitios, diria o saudoso Solnado. Eles são da Europa do Norte e nós da do Sul.

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