quinta-feira, 30 de março de 2017

Tomar -um concelho muito peculiar

O encontro com os jornalistas organizado pela CDU, para apresentar o trabalho do vereador Bruno Graça à frente dos SMAS nos últimos 14 meses, levou-me a consultar uma vez mais os resultados eleitorais de 2013.
Fiquei assim a saber que Tomar é mesmo um concelho muito peculiar, na zona onde se insere. Santarém, Abrantes, ou Ourém têm apenas duas formações na oposição. E Leiria, o concelho que mais cresce na região, conta só 7 eleitos PS e 4 PSD, num executivo de 11, apesar dos seus 113 mil eleitores inscritos.
Situação diferente e mais complexa acontece no Entroncamento, em Tomar e em Torres Novas, com três forças políticas representadas na oposição. Mas mesmo assim, Tomar destaca-se. É o único dos três concelhos em que o partido vencedor não conseguiu maioria absoluta. O que forçou o PS, como é do conhecimento geral, a celebrar uma coligação com a CDU, que continua em vigor.
Resulta por isso curioso, para não dizer mais, que seja a componente menos votada da oposição, para mais coligada com a relativa maioria PS, a vir criticar a situação herdada e a actual, no sector que dirige. O PSD e Pedro Marques nada têm para dizer a tal respeito aos tomarenses?
Aproveitando habilmente o terreno deixado vago pelos seus parceiros oposicionistas, Bruno Graça tentou mais uma vez levar a água ao seu moinho. E conseguiu-o nalguns aspectos. Infelizmente para ele, para a CDU e para todos nós contribuintes, enveredou também por considerações caducas, que só não virão a ser asperamente contestadas, porque em Tomar praticamente não há opinião pública, e muito menos  publicada.

Foto copiada de Tomar na rede, a quem se agradece

Com efeito, que sentido faz, em 2017 e em Portugal, acusar os executivos anteriores e o actual, de pretenderem concessionar o saneamento, a recolha de lixo ou a distribuição de água? Trata-se de alguma opção delituosa? Que se saiba, aqui à volta, nomeadamente em Ourém ou Leiria, ambas governadas também pelo PS, os mencionado serviços antes municipais foram concessionados a privados. Decorridos alguns anos, a experiência demonstra que baixaram bastante os respectivos custos para as autarquias, não se tendo registado ainda queixas dos munícipes quanto à qualidade ou às tarifas praticadas. Perderam-se lugares na função pública municipal? É verdade, mas tanto melhor, porque quanto menos funcionários menor despesa e menor carga fiscal. Condição básica para atrair investimento, emprego e população. Como demonstra sobretudo o exemplo leiriense. Nos anos 60, era uma cidade da mesma envergadura de Tomar. Agora tem 113 mil eleitores inscritos, com tendência para aumentar, e Tomar apenas 36 mil, a diminuir de ano para ano.
Bruno Graça tem todo o direito de puxar a brasa à sua sardinha e de tentar ampliar a influência da coligação eleitoral que representa, a CDU. Mas não lhe fica bem apontar o dedo acusador ao PS ou ao PSD, como se fossem malfeitores, só porque não partilham das opções ideológicas do PCP. Afinal, numa democracia pluralista consolidada, é tão legítimo defender ideias de extrema esquerda, como do centro ou de direita. Preferir serviços públicos municipais, ou pelo contrário a sua concessão a privados. Não será assim?
Cada um com as suas ideias e os seus ideais. Contudo, sobretudo na política, as incoerências não ajudam ninguém. Que sentido faz o vereador Bruno Graça criticar a gestão socialista, neste e noutros aspectos, se a mesma só tem sobrevivido com a ajuda da CDU? Quem pode entender o posicionamento do PCP e do BE, que se proclamam contra a União Europeia, contra o Euro e contra a NATO, mas ao mesmo tempo, com os seus votos, tornam viável a existência de um governo PS, felizmente defensor da União Europeia, do Euro e da NATO?  Por favor, deixem-se de ambiguidades. Ou são a favor, ou são contra. Nunca  a favor mas contra, ou vice-versa, consoante as vossas conveniências do momento. Caso contrário ninguém vos entende.

4 comentários:

  1. Guilherme Rosa.
    Guilherme Rosa, vereador (councillor) da câmara de Londres pelo partido Trabalhista, tomarense, ontém entrevistado na RTP3. Não costumo ver este espaço televisivo, o entrevistador é demasiado lacaio da direita passista e relvista, sempre cingido à sua cartilha. Mas o entrevistado prendeu-me desde início, mais ainda quando revelou a sua origem nabantina. Só podia ser, pensei... Político muito interessante, que ouvi até final cada vez com mais interesse. Disse ele que emigrou por não arranjar emprego em Tomar. Ainda esteve numa fila para um emprego na câmara, mas a bicha era tal que desistiu e zarpou para Londres. Pena!, pensei eu. Tomar parece ter perdido um grande valor. Quem é este vereador da câmara de Londres? Nunca ouvi falar dele. Marginalizado, ostracizado como acontece tantas vezes? Nenhum bando o aproveitou? Eu sei..., a concorrência é da Lamarosa.

    Não quero cometer a indelicadeza de não me referir a este post, pelo que tendo a concordar com o prof. Rebelo: criticar o parceiro de coligação não é curial. E tanto assim é que a presidente da câmara, pelo que tenho lido aqui e ali, sacrificou alguns aspetos da sua vida particular em favor do entendimento firmado com Bruno (CDU). Foi muito corajosa. Muito política!

    Vou deixar de vir aqui largar bitaites. A participação é quase nula. As pessoas parece que andam aterrorizadas. Boquinha calada. Sugiro que o autor do blogue escancare a caixa de comentários a anónimos. Qual é o problema?

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  2. Começo pelo fim, para contrariar a Lapalisse. O problema, meu caro Fernando, é que em tempos, numa anterior série deste blogue, aceitei comentários anónimos. E foi um duplo martírio. Não só aproveitavam bastas vezes para me caluniar, como para maior desgraça escreviam mal e raramente aparecia uma ideiazita aproveitável. De forma que, anónimos nunca mais. De resto, até o respeitável Expresso on line acaba de fazer algo semelhante e pelas mesmas razões. Suspendeu provisoriamente os comentários, enquanto estuda o problema. Como vês, estou muito bem acompanhado.
    Passando ao vereador que tu ouviste, pelo nome parece-me o filho do Eurico Rosa. Se for realmente, quem sai aos seus não degenera.

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  3. Resolvi completar a resposta. O caso do vereador londrino é afinal muito comum pelas bandas nabantinas. Os novos, ou conseguem um poiso na autarquia ou resta-lhes emigrar. Por isso temos nesta altura 1 funcionário municipal por cada 72 eleitores inscritos. E o Bruno ainda veio informar, todo ufano, que os SMAS contrataram mais 16 trabalhadores. É preciso explicar mais, numa terra onde já pagamos a água aos mais altos preços do país? Ourém e Leiria, por exemplo, concessionaram água, esgotos, saneamento e limpeza a entidades privadas. E não estão arrependidos. Mas esses são uns reles bárbaros. Os tomarenses é que sabem viver.

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  4. Sobre o acordo de base PS-CDU:

    "Eu quero perder 100 euros", dito assim, parece uma estupidez, mas se for assim explicado:

    "Se for pela opção A, tenho um corte e perco 100€, se for pela opção B, tenhobum corte e perco 200€. Antes quero perder 100€."

    A mesma coisa entre deixar que seja o PS ou o PSD a governar.

    Então, tenho que apontar o dedo a ambas as opções, porque efectivamente perco com as duas.

    Não são ambiguidades, trata-se de pragmatismo, não ver isso é ser-se cego ideologicamente.

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