quinta-feira, 9 de março de 2017

Cuidado com a intolerância

Cuidado com a intolerância e com a alegada, porém nunca demonstrada, superioridade moral da esquerda. Escrevo após ter assistido àquelas cenas lamentáveis na Assembleia da República, com um primeiro-ministro demasiado semelhante a muitos presidentes de junta. E António Costa, felizmente, não é assim tão poliqueiramente pequeno. Coisas de Lisboa, pensará quem isto lê. É verdade. Mas em Tomar as coisas não vão melhor.
Um conterrâneo, intelectual respeitado que faz a sua vida em Lisboa, veio a Tomar para participar no jantar de aniversário da Casa do concelho de Tomar e foi bem claro no mail que me endereçou: "Aqui pelo burgo, tenho a sensação de que o ambiente político anda a modos que crispado." Apenas uma opinião isolada? Julgo que não. Nesse mesmo dia, um anónimo usou o computador durante o horário laboral, para escrever no Tomar na rede isto:

Muito exagerado? Por agora concordo que é. Mas com a continuação, como bem escreve Helena Matos, no Observador online de hoje, "...por baixo desta paz, assistimos à acumulação de tensões e a um crescendo de intolerância contra os que se atrevem a criticar a política económica e financeira ou, ainda mais corajoso, contra os que vão contra o pensamento dominante -com alguma dessa intolerância a disseminar-se nas redes sociais, a coberto do anonimato."
Estas citações para dizer, de forma fundamentada, que as recentes acusações anónimas segundo as quais Tomar na rede e Tomar a dianteira 3 estão a apoiar a candidatura de Boavida, são totalmente inaceitáveis. Não só porque contrariam a verdade, mas também e sobretudo porque, mesmo se assim fosse, estariam a praticar algo totalmente legal e até fundamental: o simples exercício de um direito de cidadania. Corrente em qualquer outro país ocidental. Nos USA, em França ou na Alemanha, por exemplo, é pratica comum que cada órgão de informação indique o candidato que apoia.
Cessem portanto esses ataques anónimos e descabelados. Acabem com essa mentira de que não lêem Tomar a dianteira. Assumam-se. Deixem-se de ser hipócritas. A situação é grave em Lisboa, mas muito grave em Tomar. Porque em Lisboa há toda uma camada democrática esclarecida, mas em Tomar, a  comunicação social tradicional, há muito que está como se sabe e, na própria autarquia, praticamente só a vereador Bruno Graça, da CDU, já viveu num regime ditatorial. os outros não sabem como foi.
Ainda não estamos aí? Felizmente não. Mas as ditaduras, tal como os homens, não nascem já feitas, vão-se fazendo pouco a pouco. E mais vale prevenir que remediar.

2 comentários:

  1. "Superioridade moral"? Ora essa! Superioridade moral, o tanas... Tudo se move em torno das contradições económicas e sociais. "A política é a gestão de ódios e egoísmos", entre os que têm em demasia e os que nada têm. Mas, já agora, o que é a moral numa sociedade em que 80 a 90% do PIB mundial está nas mãos de uma pequeníssima minoria? Mas se há uma moral de esquerda, ela diferencia-se da da direita na base do "imperativo categórico de derrubar todas as relações sociais que fazem do homem um ser humilhado, abandonado, desprezível". E explorado.

    Quanto à Leninha tartamuda, do OBS. online, porta-voz da direita radical, sobre "aumentar de tensões e crescendo de intolerância"... não me façam rir, que tenho o lábio rachado.

    Ai essas leituras.... essas leituras... Mas cada um lê do que quer e do que gosta. Tenho sugestões de muito melhor gosto. É só pedir. E, segundo ouvia em pequenito em Marianaia, onde vivi a minha infância, Jesus também pediu.

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  2. Às vezes nem é bem assim. Vai-se lendo o que vai saindo, vai-se cotejando, vai-se acrescentando e vai-se publicando. Sem qualquer intenção de fechar a porta a ideias diferentes e mesmo opostas. Citando já não me recordo quem, "mesmo quando não concordo com o que dizes, estou disposto a lutar para que o possas continuar a dizer publicamente."

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