domingo, 26 de março de 2017

O "fórum romano" e a poluição do Nabão

Houve uma época, na segunda metade do século passado, em que o Entroncamento era conhecido como a "terra dos fenómenos". Raro era então o mês em que os jornais não noticiavam alguma ocorrência extraordinária naquela cidade ferroviária. Do tipo couve gigante ou abóbora monumental. 
Pois bem, factos recentes surgidos em Tomar, tendem a transformar a cidade na nova terra dos fenómenos. Segundo a Hertz, continuam as obras no quartel dos bombeiros, que são acompanhadas por um arqueólogo "dada a proximidade do fórum romano..." Mas qual fórum romano? O que lá está são apenas restos, sem qualquer interesse artístico, dos alicerces de um templo, eventualmente de S. Pedro Fins ou de Santa Maria de Selho, que ali existiram até pelo menos ao século XVII. Tive em tempos o cuidado de lá acompanhar o prof. Hermano Saraiva, que também não reconheceu quaisquer ruínas romanas naquele local. (Para informação mais detalhada, clicar aqui).

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Apesar da total ausência de vestígios indesmentíveis do alegado fórum, o mito instalou-se. Aquilo são mesmo as ruínas do fórum romano. Um fenómeno tomarense. Adivinhar um fórum romano a partir de simples alicerces toscos.
Inversamente, toda a população pode ver, infelizmente cada vez com maior frequência, a poluição do rio Nabão. Mas apesar disso, ainda ninguém conseguiu determinar a origem desse reiterado crime ambiental. É outro fenómeno tomarense.
Temos assim dois fenómenos nabantinos opostos e por isso ainda mais insólitos. Num caso, não há indícios suficientes, mas a imaginação completa o quadro. Há um fórum romano e pronto. Não se discute mais o assunto. O desejo transformou-se em realidade. No outro caso, há provas mais que suficientes da poluição do rio, mas as autoridades responsáveis não conseguem mesmo assim, a partir desses indícios, identificar a sua ou as suas origens. Ele há coisas!!!
A milenar sabedoria popular tem resposta para as duas situações. Na primeira, quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto, ou albarda-se o burro à vontade do dono. Na segunda, não há piores cegos do que aqueles que não querem ver.
Pobre terra! Triste gente! 

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