sábado, 11 de março de 2017

Contra o naufrágio dos IpT

Conquanto possa surpreender alguns, sou contra o naufrágio dos IpT e o concomitante suicídio político de Pedro Marques, seu mentor e líder incontestado desde o início. Recapitulemos. O grupo independente concorreu pela primeira vez às autárquicas em 2005, na altura recheado de gente de valor, na sua grande maioria da área da APU/CDU.
Na sua estreia, teve um resultado brilhante, embora aquém da esperada vitória de Pedro Marques. Conseguiram 4.946 votos, mais que o PS, que se ficou pelos 4.235, mas muito longe dos 9.993, do PSD de António Paiva. A partir daí foi sempre a descer. Menos 394 sufrágios em 2009 e menos 1.852 em 2013, em relação a 2005. Na prática uma hecatombe, tendo em conta a dimensão do universo eleitoral nabantino.
Apesar do evidente desastre, a vidinha continuou. Não consta que os IpT tenham -como se impunha- procurado responder atempadamente à pergunta incontornável -Porquê? Se o tivessem feito, mais tarde ou mais cedo acabariam por chegar a uma triste conclusão. Por falta de uma ideia-pivot  para o concelho, por falta de um projecto sólido e adequado daí resultante, por falta enfim de uma acção política consequente.
Embora não pareça a muitos, sobretudo em Portugal e particularmente em Tomar, porque a democracia em que ainda vivemos nos foi ofertada de bandeja e pronta a usar, a política aprende-se. Nos escanhos das escolas especializadas e pela tarimba, o tal saber de experiência feito, de que já falavam os nossos sábios de quinhentos.

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Foto Tomar na rede

Sucede que o lider dos IpT nunca teve nem tem uma nem outra. A que tem não foi nem é adequada, uma vez que ele começou por cima. Entrou na política pelo telhado, o que não lhe permitiu fazer a dura aprendizagem ascensional. Quer isto dizer que os IpT naufragaram e o percurso político de Pedro Marques acabou? De modo nenhum!
Segundo o nosso colega Tomar na rede "Está tudo em aberto", avança uma fonte dos IpT, para dizer que o grupo pode mudar de nome, Pedro Marques pode não ser cabeça de lista e, em último caso, até nem apresentarem candidato". Sendo assim, parece-me um excelente começo para uma nova era. Há bons quadros nos IpT, com destaque para o resiliente e sabedor João Simões. A ocasião é muito propícia, pois nesta altura nem o PS nem o PSD aparentam estar à altura dos actuais desafios. Até podem estar. Mas não aparentam. E em política, o que parece é. Falta portanto aos IpT apenas o essencial: uma ideia-pivot, um projecto sólido, um programa bem redigido, um candidato inovador, experiente e sem compromissos de nenhuma espécie, a não ser com a cidade e o concelho.
Já não é nada cedo, mas ainda não é demasiado tarde. Haja portanto coragem para largar de vez as questões de cosmética (mudar de nome) e as dúvidas quanto ao futuro. O resto virá por acréscimo.
No pântano tomarense, as flores  independentes de verdade fazem sempre muita falta. Por isso sou resolutamente contra o seu naufrágio e manifesto a minha disponibilidade para ajudar na inevitável reinvenção.

7 comentários:

  1. O que é isso de ser independente em política? Independente de quê?

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  2. Independentes porque não sujeitos às ordens por vezes bem peculiares dos pomposamente designados estados-maiores lisboetas.
    Necessários porque de outro modo ninguém pode concorrer. Infelizmente somos uma democracia tutelada pelos pseudo partidos que temos.

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    1. O elemento "pseudo" é, quanto a mim, exagerado. Mas lá que os partidos estão a carecer de uma revoluçao interna, estão. Parecem organizações secretas dominadas por grupinhos com os quais até dá fastio dialogar. Mas a maioria dos ditos independentes tem os mesmos defeitos. Piores ainda, às vezes. Apesar de tudo, o nosso sistema partidário ainda merece a confiança dos portugueses. A grande ameaça neste momento é a actual direção do PSD, gente perigosa que não se recomenda e que está a trilhar carreiros que conduzem à radicalização, ao populismo em voga. A esquerda política tem nisso culpas no cartório.

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    2. Pareceu-me conveniente responder-te com mais detalhe. Para isso, peguei da tua frase "Apesar de tudo, o nosso sistema partidário ainda merece a confiança dos portugueses" e desenvolvi conforme me pareceu mais adequado. Farás o favor de ler a resposta no próximo post.

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  3. Concordo plenamente contigo, não me parece que as pessoas confiem nos partidos, as abstenções falam por isso, agora se conseguisse-mos trazer para a discução publica os 40 e tal por cento que se abstem regularmente, teria-mos uma nova frente, mas para isso tem que haver um projeto, um líder e uma equipe que traga esperança, não facilidades nos primeiros tempos, que prometa trabalhar com todos os Tomarenses nas horas boas e más, não vão ser tempos fácies, mas com perseverança e trabalho honesto podemos pôr Tomar outra vêz na mó de cima.

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    1. Infelizmente em Tomar estamos a bater no fundo. Ganhará quem conseguir convencer os funcionários, os aposentados e os pensionistas. Que não estão para grandes aventuras. Pensam que mais vale o que já têm do que aquilo que poderão vir a ter. Não foi por mero acaso que António Costa resolveu sacrificar o investimento público, para poder melhorar a situação dos funcionários públicos. O futuro? Depois logo se vê.

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  4. Como observador e não concordando com algumas das tuas opiniões, sugiro te este fim de semana fiques a janela a ver o fogo de artifício
    Um abraço

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