Imagem copiada de Tomar na rede, com os nossos agradecimentos.
Câmara promete nova ponte na Marianaia
A margem do novo-riquismo
com o dinheiro dos contribuintes
Câmara promete nova ponte em Marianaia | Tomar na Rede
Cantava em tempos Rui Veloso que "A ponte é uma passagem para a outra margem". Em matéria de pontes, Tomar está muito bem equipada, embora mal servida. Sem contar com o açude velho, temos as duas pontes do Mouchão, a antiga e aquela tipo Veneza, a Ponte velha, as duas pontes da Levada, a Ponte Nova, a Ponte do Flecheiro e a anterior ponte pedonal, mesmo ao lado. Para uma cidade tão pequena e com a população a diminuir, temos de reconhecer que é obra. Tanto mais que entretanto já destruíram a Ponte do Albano, a Ponte marreca ou do mercado e a Ponte romana das ferrarias. É muito para tão pouca gente.
Vem agora a maioria socialista prometer uma ponte nova na Marianaia, nas proximidades das ruínas da fábrica de papel homónima. É bem capaz de tal empreitada se vir a revelar mais uma encrenca e obra falhada. Digo eu, que sou em geral muito pessimista, como todos os velhos.
De acordo com a notícia, a ponte existente, que data de 1958 e já tem a altura anticheias, é de via única e não pode ser ampliada. Opinião técnica muito discutível, mas é certo que obra nova faculta sempre mais rendimentos por fora. E Bruxelas tem lá muito para nos dar. É só saber pedir. Bruto é quem não aproveita, pensam os senhores autarcas, com toda a razão deste mundo.
Segue-se que, se a ponte é de via única, a própria estrada municipal de ambos os lados tem exactamente a mesma largura. Basta ver com atenção a imagem que acompanha a notícia e que acima se reproduz. Topa-se claramente que a única diferença substantiva entre a largura da estrada e a da ponte, são os estreitos passeios desta. Ou o sítio deles. Bastaria portanto acrescentar abas em betão armado de cada lado, para ficarmos com duas faixas de rodagem e passeios, tanto na ponte como na estrada de acesso. O único inconveniente seria o abate de algumas árvores de grande porte dos dois lados, mas isso a Câmara já está acostumada a fazer. E seria muito mais barato, para um resultado final semelhante.
É porém claro, e sem sombra de dúvida, que obra nova é outra coisa, mais própria de gente rica com o dinheiro dos outros. Vamos ter então, acrescenta a notícia, um projecto de 60 mil euros e sete meses de execução, só para desenhar uma ponte nova ao lado da existente, bem como os respectivos acessos, que de ambos os lados acabarão por ter de convergir para a estrada actual. Ou vai haver também uma estrada nova, e a Câmara omitiu essa parte?
O meu receio é que, com o usual entusiasmo juvenil da equipa socialista, não tenham ponderado devidamente toda a sequência da futura empreitada. Por muito chegada que fique em relação à que lá está, a nova ponte sempre vai exigir acessos diferentes, o que significa ocupação de novos terrenos em ambas as margens, ou seja posse administrativa, por acordo mútuo ou via sentença de expropriação.
Oxalá não venha a ser o caso. Mas já pensaram se aparece um proprietário, ou uma proprietária, menos colaborante a contestar, (como no caso da rotunda da ARAL ou no do sul do Flecheiro), alegando que não se trata nada de utilidade pública, porque já há uma ponte que não querem alargar? Seria mais uma bela encrenca. Resta portanto fazer votos para que este pobre texto seja apenas mais um episódio de má-língua. Um produto da rabugem de quem escreve, e não daquilo que está à vista de todos.
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