Andam a judiar judeus na Sinagoga de Tomar
Uns mentem, outros fantasiam, outros ainda ignoram, porque assim lhes convém
Os leitores recordam certamente duas notícias sobre judeus, publicadas no Tomar na rede e nestas colunas. Numa delas, dizia-se preto no branco que judeus foram impedidos de entrar na Sinagoga para rezar, por alguém da Câmara ou ao seu serviço, alegando que estavam proibidas cerimónias religiosas naquele templo hebraico.
Na outra notícia -um comentário publicado no Tomar na rede e depois nestas colunas- um guia turístico devidamente identificado, revelava que grupos de judeus por si conduzidos já tinham sido impedidos de entrar na Sinagoga, solicitando-se previamente o pagamento de uma esmola, ficando por conhecer a identidade de quem assim procedeu repetidamente ao longo dos anos.
Tudo isto está escrito, designadamente em TAD3, pelo que é incontestável, embora ninguém seja forçado a acreditar naquilo que lê, quando tal não lhe convém, politicamente falando. Que o tema é muito sensível e bastante importante, fica demonstrado com a inusual reacção da maioria socialista e o silêncio habitual da oposição que temos.
Num comunicado em excelente português administrativo, a mostrar a mão de causídico competente e experiente, a maioria socialista procura esclarecer o imbróglio, sem todavia reconhecer qualquer dos factos antes denunciados na informação local. Não refere o impedimento imposto a alguns judeus, nem a clara extorsão de pequenas somas a alguns visitantes. Porquê? Tentando sacudir a água do capote? Mas se foram eleitos exactamente para assumirem responsabilidades, porque procuram esquivar-se?
Numa peça muito completa e bem elaborada, o jornalista de Tomar na rede usa uma interpretação factual pelo menos inesperada, para não dizer mais. Na verdade metade falsa, metade verdadeira. "Câmara reconhece o erro mas não pede desculpa". Reconhece o erro? Onde? Em que frase? Qual dos erros?
A situação torna-se ainda mais peculiar quando, umas linhas mais abaixo, o representante dos judeus locais desmente claramente parte do comunicado camarário, o que não é bom sinal. Agravando o imbróglio, nenhuma das partes, nem a Câmara, nem o Tomar na rede, nem o lider judaico local falam do alegado esbulho das esmolas forçadas como condição de entrada, situação denunciada pelo guia turístico antes citado. Porquê? Quem pretende salvar o quê, no meio do silêncio sepulcral da oposição no seu todo?
Desculpem-me o galicismo, mas não o consigo dizer de outra forma: Il y a dans tout ça quelque chose qui ne tourne pas rond. Ça sent le pourri."
ADENDA às 08H30 de 30/10/2024
Após algum tempo a matutar, lá veio uma tradução possível para as últimas frases:
No meio de tudo isto, há coisas que não batem certo. Paira um odor de podridão.
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