A moléstia nabantina das obras falhadas
O previsto estrangulamento de S. Lourenço, nas obras de beneficiação da EN110, que atravessa Carvalhos de Figueiredo, passará a ser, caso tudo se mantenha como está projectado, o mais recente caso de obras falhadas. Uma moléstia nabantina que já vem de trás.
As obras na parque desportivo e de campismo terminaram como se sabe. Deixou de haver parque e o estádio passou a campo de treinos, sem bancadas mas com relvado sintético, sinal de modernidade. Foi no tempo do Paiva, ainda hoje um malvado para comunistas e apaniguados socialistas, porque deixou obra feita, apesar dos erros cometidos, por falta de oposição à altura. Uma obra falhada.
Seguiram-se a obras de acesso e parqueamento junto ao Castelo, findas as quais o trânsito piorou naquela zona. Os autocarros de turismo, que antes podiam subir e descer, desde então só podem subir, assim fugindo do centro histórico, onde de qualquer modo também não há lugares de estacionamento adequados. Uma obra falhada e ainda não remediada.
Do anterior, já tínhamos as obras milionárias da Levada, que tiveram a visita do presidente Jorge Sampaio e tudo. Seis milhões de euros para um complexo cultural com três museus -o da electricidade, o da fundição e o da moagem. Doze anos passados, onde estão? Há uma "fabrica das artes" e uma sala interactiva, dois pobres remendos numa ideia brilhante que ainda não foi levada adiante. Mais uma obra falhada.
A sumptuosa empreitada da Várzea grande, já sob a batuta da maestrina Anabela, não começou da melhor forma. Durante a prévia apresentação pública, obrigatória nos termos das directivas europeias, foi mostrado que era indispensável um parqueamento subterrâneo. A maestrina não concordou, embora mais tarde tenha dado o braço a torcer. Instalou aquele remendo que dá pelo nome de parque de estacionamento junto à estação. Muito útil, mas já insuficiente, porque com menor capacidade do que um parque subterrâneo. Mais uma obra falhada, a da Várzea grande. Que tirando o espavento para papalvos, e raros concertos de ocasião, não serve para grande coisa, designadamente por falta de arvoredo que dê sombra.
Há também aquele sombrio caso das ruinas ditas de Sellium, nas traseiras dos bombeiros. Com todos os contornos de uma fraude científica e factual, como se denuncia há anos e ninguém desmentiu eficazmente até agora, esta maioria socialista insistiu e mandou edificar um gigantesco pavilhão para musealizar os alegados vestígios romanos. Tudo indica que se tratou, antes de mais, de retribuir favores, entregando o projecto a um arquitecto que antes foi candidato PS. Agora as obras estão feitas, mas da anunciada musealização ninguém fala. Como no triste caso da Levada. Mais uma obra falhada.
Alongando o rol, o Bairro calé foi outra asneira monumental. Só depois de concluído é que vieram a saber que as directivas europeias proíbem bairros étnicos, com uma só etnia. Procuraram remediar a situação baptizando aquilo como "Centro de acolhimento temporário", mas como bem sabemos que é permanente, mais tarde ou mais cedo vai ser preciso encontrar outra saída... Mais uma obra falhada.
Restam ainda, neste reles apontamento, a Nun'Álvares - Torres Pinheiro - Combatentes e o tão falado Flecheiro. No caso das avenidas, diz quem lá mora que, apesar de até terem ganho prémios nacionais de urbanismo, não se sabe bem porquê, ficaram pior do que estavam.
O que fazia mesmo falta era a rotunda no cruzamento, que todavia continua por fazer, por falta de coragem camarária para enfrentar uma família tradicional tomarense, certamente honrada, todavia excessivamente agarrada ao passado, sem qualquer justificação plausível. Aquele logradouro não tem qualquer interesse histórico ou paisagístico, como está à vista de todos. Mais uma obra falhada.
A fechar, por agora, o tão falado Flecheiro. Uma obra muito original no que devia ser o campo da feira, se tivéssemos autarcas à altura. Como não podiam terraplanar, pois aquilo já era plano, trouxeram toneladas e mais toneladas de terra, para "fazer relevo", que quando vier um boa enxurrada vai tudo parar ao rio, pois está em leito de cheia. Cúmulo da desgraça, a obra está por acabar, por causa de um terreno que afinal era privado e ninguém sabia, no meio de tanta badalação. Para quando a conclusão? Ninguém sabe. É mais uma obra falhada. Uma verdadeira moléstia nabantina.
Duas ou três notas: "ninguém" gosta do Paiva, é muito pouco "amado" em Tomar. Não sei se tem alguma coisa a ver com o acidente ou não, mas é um facto. Ao contrário a Anabela Freitas teve uma grande aceitação, ela consegui criar empatia com os tomarenses, talvez por Tomar ser socialista. Eu não sou socialista, só lhe estou a dar feedback do que oiço. Eu acno que o PS é uma quinta de criação de pobres, e o PSD também, a social democracia não funciona. O estado devia de ser mínimo.
ResponderEliminarQuanto ás obras também não concordo consigo, acho que foi a opção certa não fazer parque subterrâneo, por uma questão de custos. Acho que aquele em condições normais serve, obviamente que por altura dos tabuleiros não chega, mas é uma excepção á regra.
É óbvio que ninguém gosta do Paiva. Não é tomarense, é um homem do norte, com tudo o que isso implica. Teve a coragem de fazer muita obra útil, sem dar satisfações à CDU e Cª, que não gostaram nada da atitude dele e assim se vão vingando, na prática do ódio sem classe em vez da luta de classes.
ResponderEliminarSobre a ex-presidente socialista já escrevi o suficiente e não retiro nada do que disse. Conquanto nunca me tenha tratado mal, considero que foi uma péssima presidente, que fez o que não devia em detrimento de obra útil, para seu benefício pessoal.
Não creio que Tomar seja socialista. É mais de viver encostada ao Estado e à Câmara pensando e trabalhando o menos possível. Veja bem. Fortaleza, de onde estou a escrever, existe há 239 anos e já tem 2,4 milhões de habitantes, que não são todos índios nem pretos. Tomar existe há quase 900 anos e nem aos 50 mil habitantes chegámos ainda. Afinal temos andado cá a fazer o quê? Temos fama de garanhões, mas onde está a descendência? E as obras em geral? O Convento é muito bonito? É. Foram os tomarenses que fizeram? Não.