quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Imagem copiada da internet, de confrontos anteriores em França.

Segurança urbana

Agora foi em Lisboa...

O filme é bem conhecido de todos aqueles que se interessam pelos problemas societais, e que têm o hábito de ler e meditar a esse respeito. Nos distúrbios urbanos de maior gravidade, há sempre três fases anteriores a considerar. A primeira é a progressiva formação de bairros ditos multi-étnicos, em locais anteriormente tranquilos e patrulhados pelas autoridades.
Na fase seguinte, os agentes da autoridade recebem instruções para patrulharem o menos possível naqueles bairros, de forma a evitar confrontos e outros conflitos. A polícia só lá vai em grande número e com equipamentos para eventuais encontros menos agradáveis.
Finalmente, na fase três, as brigadas de intervenção são forçadas a actuar com carácter excepcional, para restabelecer um mínimo de ordem, efectuar detenções, apreender droga ou separar facções antagónicas. É assim por essa Europa fora, com destaque para as grandes metrópoles, e assim está a acontecer em Lisboa. Cujos responsáveis julgavam viver numa espécie de santuário livre de tal calamidade, até agora com toda a razão. Mas os bons velhos tempos acabaram.
Em condições ainda por apurar, um PSP abriu fogo e matou acidentalmente um morador, alegadamente armado com uma faca, circunstância que os moradores desmentem. É o costume, de Madrid a Helsínquia ou de Marselha a Estocolmo. A versão da polícia nunca coincide com a dos residentes.
Azar dos azares, acaso dos acasos, aquele cidadão cabo-verdiano atingido involuntariamente em circunstâncias ainda por determinar, era um vizinho exemplar. Trabalhador, amigo do seu amigo, bom pai de família, não fazia mal a ninguém e antes procurava ajudar os outros moradores. Também é geralmente sempre assim por essa Europa fora. São sempre os melhores que são vitimados pela polícia. "Assassinados a sangue frio", costumam dizer os esquerdistas e outros interventores sociais de serviço.
E foi o rastilho nos arrabaldes de Lisboa, onde a moléstia chega agora. Antes só havia umas desavenças entre clãs ciganos, por vezes com troca de tiros. Nada de grave a assinalar, segundo as autoridades. Como em Tomar e no Entroncamento, por exemplo. Desta feita porém, a situação parece bem mais violenta, Já há um autocarro queimado e, de acordo com a informação disponível, alguns moradores juram que só vão parar "depois de matar um polícia". Mau sinal. Até parece que estamos em Marselha, Paris ou Bruxelas.
Se eu fosse autarca em Tomar, ia pensando na frase popular "Quando vires as barbas do vizinho a arder, vai pondo as tuas de molho". Isto porque, conforme demonstrou Lavoisier, "As mesmas causas nas mesmas condições exteriores, produzem sempre os mesmos efeitos." É uma questão de tempo. 
No vale nabantino, as causas e as condições são praticamente as mesmas de Lisboa, Paris ou Bruxelas, embora em formato mais reduzido. Por conseguinte, persistir na negação de evidentes problemas de vizinhança e de inserção, em vez de procurar resolvê-los, é bem capaz de não ser a melhor via para evitar futuros confrontos mais ou menos violentos, que uma vez desencadeados, serão de muito mais difícil solução. Procurar escamotear situações problemáticas é o caminho mais rápido para o seu agravamento, de nada adiantando, antes pelo contrário, vir dizer depois que não sabiam. Fica aqui o aviso para memória futura. Diz o povo que "quem te avisa, teu amigo é." Embora possa não parecer.

 

4 comentários:

  1. Segundo as notícias parece que afinal a vítima tinha cadastro por tráfico de droga e ofensas corporais. Mais um bom cidadão que parte, trabalhador, muito respeitador e bom chefe de família. Os vizinhos não tinham nada a apontar-lhe.

    Isto também acontece em Tomar, o marido de uma prima minha esteve envolvido num acidente na rotunda do continente e pisgou-se antes da ordem das autoridades, que obviamente foram atrás dele e o puseram no chão com a pistola apontada, não sei se á cabeça ou onde,mas ele disse-me que o PSP sacou da arma. O gajo é um desgraçado e começou a mandar vir com os polícias, que a polícia é uma merda e não sei o quê e obviamente levou porrada. E muito bem, só perderam as que caíram no chão. Mas mesmo assim o gajo não aprendeu a lição. É um desgraçado.

    E aqui há uns anos houve u morador do bairro primeiro de maio, antes dos Flecheiros, que pôs um PJ em tribunal porque lhe deu um tiro quando estava de costas e o atirou para uma cadeira de rodas quando andava a roubar, eu lembo-me de qualquer coisa disso.

    Já o que aconteceu nos estados unidos, a morte de George Floyd que originou o movimento "Black Lives Matter", era um santo para a esquerda, uma vítima. Os esquerdoidos fizeram dele um mártir! A efígie dele aparece em souvenirs do movimento, tornou-se um símbolo, um objecto de culto. Parece que não era bem assim, tinha cadastro e tentou comprar bens com dinheiro falso, além de estar sob o efeito de drogas.

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    1. Neste caso de Lisboa, falta apurar porque fugiu à polícia e abalroou vários carros, antes de ameaçar os agentes que procuravam imobilizá-lo. Se o carro era dele... Álcool? Pó? Nunca saberemos ao certo. Como quase sempre, os polícias é que são uns malandros. Procuram manter a ordem, e isso não se faz, segundo o pessoal da Mortágua & Cª.
      Aqui em Tomar, por enquanto ainda estamos na fase 2. As autoridades têm instruções para se mostrarem o menos possível em certos bairros, para evitar atritos. Lá virá o tempo... Acontece sempre o mesmo por esse Mundo fora. Mas nabantino não é sinónimo de inteligente nem de tolerante.

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    2. Nós de vez em quando lemos no TNR: "A Polícia faz mais uma operação no Bairro primeiro de Maio ou Nossa senhora dos anjos, faz detenções por tráfico de droga e posse ilegal de armas". É constante. N̈ós nunca lemos: "A Polícia fez uma operação mas não encontrou nada!!!".

      A câmara e a assembleia municipal deviam de apresentar os números de quantas pessoas é que saíram da pobreza com as políticas sociais da câmara e do governo. Os pais são pobres mas os filhos conseguem singrar e deixam a condição de subsídio dependência. Como é que nós podemos saber se as assistentes sociais trabalham bem se não há números???!!! É tudo uma questão de bom senso ou a falta dele!!!

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    3. Não sonhe, Helder! Em Tomar nem sequer se consegue saber quanto paga de renda cada locatário dos bairros sociais, nem quantos têm rendas em atraso. E o PSD não parece muito incomodado com a situação anómala.

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