segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Copiado de Tomar na rede, com os agradecimentos de TAD3.

A crescente insegurança na cidade

Enxovalhar as polícias e a justiça 

é grave mesmo quando involuntário 

Tive de ler duas vezes para acreditar. No Tomar na rede, órgão dirigido e feito por um jornalista formado, encartado e com boa reputação, saiu uma coisa escrita assim em forma de notícia deliberadamente incompleta, mas apesar disso identificada como sendo da redacção: https://tomarnarede.pt/destaque/mota-roubada-em-tomar/
Como é do conhecimento de quem anda nestas coisas há muitos anos, mesmo sem ter andado nas escolas de jornalismo, qualquer noticia deve responder a um conjunto de perguntas básicas implícitas: quem? o quê? quando? onde? como? porquê?. Esta agora em causa apenas diz que foi roubada uma moto (o quê?) em Tomar (onde?), na noite de 27/28 de Setembro (quando?). Nem o local preciso do roubo, nem as circunstâncias da ocorrência.
A redacção não sabia mais? Pelo contrário. Tudo parece indicar que lhe  foi pedido para não ser demasiado explícita, como mostra o facto de reproduzirem, logo mais abaixo, um apelo algo atrapalhado, no qual o pai do jovem dono da mota pede para avisarem a PSP ou a GNR, se a identificarem, mas promete também que a podem entregar sem serem incomodados. Detalhe pitoresco, informa-se que havia alarme, que foram dois os gatunos e que se sabe mais ou menos quem são. (Facebook página Rui Mendes RM)
Assim sendo, só se pode estranhar o comportamento jornalístico e a atitude do paí do jovem. Do jornalista, por aceitar publicar uma notícia deliberadamente incompleta. Do pai do jovem, porque se havia alarme e se sabe mais ou menos quem foram os autores, para quê prometer impunidade se devolverem a mota? Não seria melhor apresentar queixa? Quer tenha sido ou não a intenção do jornalista, e sobretudo do pai do jovem, parece-me ser inevitável deduzir destes comportamentos duas conclusões graves:
1 - Para o pai do jovem, autoridades e tribunais, já está tudo caduco, pelo que nem adianta queixar-se e aguardar. O melhor é providenciar, no sentido de tentar chegar a um acordo amigável e sem polícia.
2 - O facto de terem levado a mota durante a noite -ignora-se se a rolar ou num veículo de transporte- pode também indiciar que não se trata propriamente de um furto ou roubo, mas antes de uma recuperação, como penhor, para garantir o pagamento de fornecimentos anteriores a crédito, que se pretendem ocultar. Será o caso? É pelo menos o que pode também parecer. E neste âmbito, o que parece é, pelo menos até que se venha a saber a história completa. Mas sem queixa...
Grave, muito grave mesmo é o ponto 1. Mostra o desespero da população em geral perante situações que não compreende, ao mesmo tempo que se lança o descrédito sobre as polícias e a justiça, assim contribuindo para o aumento da sensação de insegurança que por aí vai. Situação que nos levará inevitavelmente, mais tarde ou mais cedo,  a fazer justiça pelas próprias mãos, origem de todos os exageros e horrores, que é exactamente o que o paí do jovem motociclista está tentando fazer, quiçá sem disso se dar conta, ao oferecer a impunidade em troca da devolução da mota. PSP, GNR  e Tribunais devem ter apreciado devidamente a intenção...



4 comentários:

  1. Estou desiludido consigo, pois havia uma notícia muito mais interessante para comentar que era a do professor muito exigente do politécnico!!! Quanto a esta é mais do mesmo, reflecte a decadência da sociedade ocidental.

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    1. Obrigado pelo seu comentário, saudavelmente provocatório. Acontece que para esse peditório do Politécnico já não dou nem mais um cêntimo. Se arriscasse escrever umas linhas a respeito, iam logo dizer "Lá está o gajo à procura de tacho no IPT", o que tendo em conta os meus 83 anos, até seria ridículo. Mas em Tomar tudo é possível.
      Além disso, está subjacente aquela problemática entre os que são contra os rankings e a sã competição, por um lado, e os facilitistas pelo outro. É uma velha refrega muito querida dos esquerdistas.
      Quando era professor, também fui acusado diversas vezes pelos meus queridos conterrâneos de ser demasiado exigente. Sobretudo quando tinha alunos filhos deles. Foi até por isso, entre outras causas, que decidi deixar de leccionar português, uma língua demasiado exigente, como é bem sabido. O francês para estrangeiros é bem mais fácil e charmoso. Ou era...

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  2. O sr. viu nas noticias o Montenegro a discutir o futuro dos media???!!! Os políticos perderam a vergonha!!!

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    1. Aqui em Fortaleza só tenho a Euronews em português, a Recordnews e a CNN Brasil. Todos muito ocupados com as eleições municipais de domingo passado, bastante animadas. Localmente, o petista e o bolsonarista vão à 2ª volta. O actual prefeito levou uma sova das antigas.

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