quinta-feira, 17 de outubro de 2024

 


Comparando Municípios concursos e preços

A imagem acima foi copiada do diário O POVO de ontem. Noticia que a Prefeitura de Fortaleza, (equivalente a presidência de Câmara), vai admitir mediante concurso 55 funcionários, que seriam técnicos superiores se fosse em Tomar.
Para se apresentar ao concurso, cada candidato terá de justificar formação superior, com inscrição na ordem respectiva quando necessário para o exercício profissional. Eis algumas das formações admitidas: Ciências Contábeis, Administração, Economia, Ciências atuariais, Direito, Engenharia, Estatística, Ciências da Computação, Controladoria e auditoria, Tecnologias da informação e Comunicação, Direito, Ciências Económicas ou Estatística.
O concurso propriamente dito consta de quatro etapas. A primeira é uma prova escrita eliminatória, igual para todos os candidatos, qualquer que seja a formação ou o lugar a que concorrem. Segue-se a chamada prova de títulos, em que os aprovados no exame escrito anterior mostram as suas habilitações académicas, sendo atribuída uma classificação numérica para cada grau.
A terceira prova é um procedimento de heteroidentificação, eliminatório para os candidatos que se autodeclararam negros, e foram aprovados na fase anterior. Finalmente, a última prova, a avaliação biopsicossocial, é eliminatória para os candidatos às vagas destinadas a pessoas com deficiência.
Uma vez superadas todas a provas, os candidatos são admitidos, passando a auferir um salário mensal, (é assim que se diz no Brasil), de 7.233 reais, equivalente a 1.185 euros, por 40 horas semanais, repartidas por 5 dias. 
Em Fortaleza, duas pessoas almoçam num restaurante médio por menos de 200 reais = 32 euros. O Povo publicou que o preço médio das refeições em Fortaleza é de 42.38 reais = 6,94 euros. Uma água de coco custa 3 reais (50 cêntimos de euro) numa das barracas do calçadão da beira-mar, onde um vasto apartamento de 250 metros quadrados e garagem para 3 carros, na primeira linha e com vista mar, custa um milhão de euros. A edição papel d'O POVO custa 4 reais.
Reparem no modesto "Paço municipal de Fortaleza", homólogo dos nossos Paços do concelho, para uma cidade com apenas 240 anos de existência, mas já com 2,4 milhões de habitantes. Tudo é bastante relativo realmente, porque Tomar, com quase 900 anos...


quarta-feira, 16 de outubro de 2024


 A moléstia nabantina das obras falhadas

O previsto estrangulamento de S. Lourenço, nas obras de beneficiação da EN110, que atravessa Carvalhos de Figueiredo, passará a ser, caso tudo se mantenha como está projectado, o mais recente caso de obras falhadas. Uma moléstia nabantina que já vem de trás.
As obras na parque desportivo e de campismo terminaram como se sabe. Deixou de haver parque e o estádio passou a campo de treinos, sem bancadas mas com relvado sintético, sinal de modernidade. Foi no tempo do Paiva, ainda hoje um malvado para comunistas e apaniguados socialistas, porque deixou obra feita, apesar dos erros cometidos, por falta de oposição à altura. Uma obra falhada.
Seguiram-se a obras de acesso e parqueamento junto ao Castelo, findas as quais o trânsito piorou naquela zona. Os autocarros de turismo, que antes podiam subir e descer, desde então só podem subir, assim fugindo do centro histórico, onde de qualquer modo também não há lugares de estacionamento adequados. Uma obra falhada e ainda não remediada.
Do anterior, já tínhamos as obras milionárias da Levada, que tiveram a visita do presidente Jorge Sampaio e tudo. Seis milhões de euros para um complexo cultural com três museus -o da electricidade, o da fundição e o da moagem. Doze anos passados, onde estão? Há uma "fabrica das artes" e uma sala interactiva, dois pobres remendos numa ideia brilhante que ainda não foi levada adiante. Mais uma obra falhada.
A sumptuosa empreitada da Várzea grande, já sob a batuta da maestrina Anabela, não começou da melhor forma. Durante a prévia apresentação pública, obrigatória nos termos das directivas europeias, foi mostrado que era indispensável um parqueamento subterrâneo. A maestrina não concordou, embora mais tarde tenha dado o braço a torcer. Instalou aquele remendo que dá pelo nome de parque de estacionamento junto à estação. Muito útil, mas já insuficiente, porque com menor capacidade do que um parque subterrâneo. Mais uma obra falhada, a da Várzea grande. Que tirando o espavento para papalvos, e raros concertos de ocasião, não serve para grande coisa, designadamente por falta de arvoredo que dê sombra.
Há também aquele sombrio caso das ruinas ditas de Sellium, nas traseiras dos bombeiros. Com todos os contornos de uma fraude científica e factual, como se denuncia há anos e ninguém desmentiu eficazmente até agora, esta maioria socialista insistiu e mandou edificar um gigantesco pavilhão para musealizar os alegados vestígios romanos. Tudo indica que se tratou, antes de mais, de retribuir favores, entregando o projecto a um arquitecto que antes foi candidato PS. Agora as obras estão feitas, mas da anunciada musealização ninguém fala. Como no triste caso da Levada. Mais uma obra falhada.
Alongando o rol, o Bairro calé foi outra asneira monumental. Só depois de concluído é que vieram a saber que as directivas europeias proíbem bairros étnicos, com uma só etnia. Procuraram remediar a situação baptizando aquilo como "Centro de acolhimento temporário", mas como bem sabemos que é permanente, mais tarde ou mais cedo vai ser preciso encontrar outra saída... Mais uma obra falhada.
Restam ainda, neste reles apontamento, a Nun'Álvares - Torres Pinheiro - Combatentes e o tão falado Flecheiro. No caso das avenidas, diz quem lá mora que, apesar de até terem ganho prémios nacionais de urbanismo, não se sabe bem porquê, ficaram pior do que estavam. 
O que fazia mesmo falta era a rotunda no cruzamento, que todavia continua por fazer, por falta de coragem camarária para enfrentar uma família tradicional tomarense, certamente honrada, todavia excessivamente agarrada ao passado, sem qualquer justificação plausível. Aquele logradouro não tem qualquer interesse histórico ou paisagístico, como está à vista de todos. Mais uma obra falhada.
A fechar, por agora, o tão falado Flecheiro. Uma obra muito original no que devia ser o campo da feira, se tivéssemos autarcas à altura. Como não podiam terraplanar, pois aquilo já era plano, trouxeram toneladas e mais toneladas de terra, para "fazer relevo", que quando vier um boa enxurrada vai tudo parar ao rio, pois está em leito de cheia. Cúmulo da desgraça, a obra está por acabar, por causa de um terreno que afinal era privado e ninguém sabia, no meio de tanta badalação. Para quando a conclusão? Ninguém sabe. É mais uma obra falhada. Uma verdadeira moléstia nabantina.



segunda-feira, 14 de outubro de 2024





Obras na EN 110 em Carvalhos de Figueiredo

Quanto mais caro melhor...

Quanto mais caro melhor, ou a arte de encher os bolsos, andando aparentemente a apanhar bonés. A futura empreitada de melhoramento da EN110, a principal entrada na cidade, é um bom exemplo da arte tomarense de enrolar o próximo, fingindo incapacidade conceptual. Vejamos.
Foi destacado o custo da obra, naturalmente para enaltecer a coragem da actual maioria, a um ano do próximo confronto eleitoral, bem como a construção de duas rotundas e a repavimentação do troço inicial Rotunda - S. Lourenço em calçada de paralelipípedos, com o argumento de redução da velocidade. 
É sabido porém, que em geral as rotundas só se justificam com 4 acessos, e as duas agora previstas terão terão 3 cada uma, pelo que é lícito suspeitar que se pretende apenas aumentar o custo da obra, alegando trabalhos a mais. Tal como acontece com a futura calçada prevista para o sector da Capela de S. Lourenço, que implica elevados custos de mão de obra especializada, estando por demonstrar que venha a reduzir alguma coisa. Está demonstrado, isso sim, que aumentará bastante o ruído, provocado pelo trânsito automóvel sobre pedra não polida e com juntas.
Na verdade, quem tem mundo e não anda à espera de encher os bolsos de forma condenável, sabe bem como são resolvidas as questões de moderação de velocidade, mudança de direcção e estacionamento abusivo nas cidades. O Brasil, por exemplo, é um país com uma rede viária muito aquém da portuguesa, onde ainda há estradas nacionais com buracos, mas nas cidades há muito que resolveram os problemas de trânsito, com destaque para a velocidade e o estacionamento.
Aqui em Fortaleza (2,4 milhões de habitantes), onde estou a escrever, há um sistema electrónico integrado de controle do trânsito e do estacionamento que funciona perfeitamente. (Ver imagens supra) Uma rede de câmeras de funcionamento contínuo e automático vai registando tudo 24 horas por dia. Quando há um excesso de velocidade, uma manobra ilegal ou um estacionamento irregular, o sistema regista por escrito, e o proprietário da viatura recebe, alguns dias mais tarde, uma intimação informática para pagar a respectiva coima, da qual consta a infracção cometida, com indicação do local, data, hora e imagem da chapa de matrícula.
Em contrapartida, há respeito pelos direitos dos automobilistas, garantindo-lhes lugares de estacionamento, designadamente  obrigando todos os imóveis de habitação colectiva a disporem de pelo menos um lugar de estacionamento coberto por cada apartamento.
Se em Tomar existissem recursos e leis semelhantes, só o Hotel dos Templários poderia funcionar, e mesmo assim apenas com estacionamento ao ar livre. Isto para não falar dos prédios modernos de Além da ponte, com destaque para a Alameda 1 de Março.
Mas quê? Continua a ser extremamente difícil cuidar do bem comum e, em simultâneo, arrecadar de quem beneficia com ilegalidades evidentes...



domingo, 13 de outubro de 2024

 


Melhoramento da EN110 em Carvalhos de Figueiredo

Um projecto demasiado tacanho

Tardou mas não falhou. Dois dias após a sua realização, lá consegui ler sobre a sessão de apresentação do projecto de obras na estrada nacional que atravessa Carvalhos de Figueiredo e constitui a principal entrada na cidade. De manhã li O Mirante online, à tarde tive o prazer de uma mensagem de esclarecimento sobre o mesmo tema, do director da Rádio Hertz, que agradeço, e à noite a reportagem escorreita do Tomar na rede, que pode ler e ver aqui:
Tudo lido, relido e devidamente ponderado, eis a minha modesta e mal alinhavada opinião. A população correspondeu ao apelo do seu presidente e vizinho. Estiveram cerca de cem pessoas, portanto cerca de mil, se usarmos a bitola habitual da senhora vereadora das festarolas. É assim.
Anunciada como a obra mais cara de sempre em Tomar, com um custo estimado de nove milhões de euros, quase totalmente financiada por Bruxelas, tudo indica tratar-se de uma empreitada muito demorada, repartida em duas fases e com dezenas de expropriações ainda a efectuar. A maioria amigáveis, mas decerto algumas mais complicadas. "Há sempre alguém que resiste. Há sempre alguém que diz não", segundo o socialista Manuel Alegre, aqui fora de contexto.
O projecto tem o mérito de existir, inclui belas imagens desenhadas, mas é demasiado tacanho no meu entender. Eis porquê. Prevê as normais infraestruturas, valetas de saneamento, uma ciclovia também para peões do lado do rio, e só um passeio do lado oposto. Prevê duas rotundas, "para tentar moderar excessos de velocidade",  mas afunda-se completamente naquele curto troço entre a Fonte de S. Lourenço e a Rotunda do viaduto da CP.
Muda aí o piso, que passa a ser em paralelipípedos, para forçar redução de velocidade, acaba com os poucos lugares de estacionamento agora existentes, instala uma zona relvada e um miradouro sobre o Nabão e as ruínas da ponte romana dita das Ferrarias, mas falha no essencial. Os visitantes de moto, automóvel ou caravana, que venham da A13 ou da velha EN110, e queiram fotografar a fonte, a capela, o rio ou as ruínas da ponte romana, podem estacionar onde? No parque junto à estação do caminho de ferro, se houver lugar? Parece-me um bocado longe. Além disso, convinha que mostrassem em que outro concelho do país há um passadiço estreito, simultaneamente para peões, biclicletas, turistas e residentes, em ambos os sentidos e sem separador, como aquele que há pouco custou quasse meio milhão de euros e já está desactualizado.
Havendo de qualquer modo necessidade de derrubar muros e expropriar, o que impede que as coisas sejam feitas com coragem e visão logo no início? Pretende-se simplificar, para conseguir apresentar pelo menos parte da obra antes das eleições? Com este projecto, é melhor nem pensar nisso, que os eleitores podem não gostar de ser enganados à vista de todos. No meu entender, as coisas ou se fazem como deve ser logo à primeira, ou mais vale estar quieto. Já chega de obras falhadas em Tomar e com esta Câmara.

ADENDA
 
Os usuais admiradores de Tomar a dianteira 3, em vez de aceitar debater, lealmente e na calma, vão alegar que "vozes de burro não chegam ao céu". É verdade. Mas têm pelo menos o mérito da antiguidade e da coerência. Se procurarem bem na internet, vão encontrar crónicas e fotos sobre os problemas da EN110 desde pelo menos 2014, subscritos pelo autor destas linhas. Há dez anos, quando também parecia utópico pedir passeios e saneamento na zona de S. Lourenço-Carvalhos de Figueiredo.


Casamentos e divórcios

Uma situação preocupante e até assustadora 

Tomar na rede publica dados do INE sobre casamentos e divórcios na região, que são muito preocupantes e até assustadores a médio e longo prazo. É a comunidade tomarense tal como a conhecemos a desmoronar-se cada vez mais rapidamente. A população é cada vez mais reduzida também porque as estruturas familiares tradicionais colapsam. Porquê?
https://tomarnarede.pt/sociedade/tomar-61-casamentos-e-274-divorcios-em-2023/
Ourém é único concelho com dados demográficos quase dentro da normalidade dos novos tempos que atravessamos. Registou em 2023 213 casamentos e 286 divórcios. Tomar na rede  justifica o elevado número de casamentos, de longe o mais importante da região, com o facto das pessoas gostarem de ir casar a Fátima, uma realidade bem conhecida.
Mas então, na mesma linha de pensamento, deve-se considerar que o também considerável total de dívórcios, é porque as pessoas gostam igualmente de se divorciar em Fátima? É claro que não. Tanto o total de casamentos como o de divórcios, que são os mais volumosos da região, resultam apenas do facto de Ourém ser o concelho com mais população, (da ordem dos 45 mil habitantes), dos cinco considerados.
Em Tomar a situação é a oposta, e bem mais preocupante. Em vez de mais ou menos um casamento para cada divórcio, como em Ourém, temos no vale do Nabão 4 divórcios por cada casamento (286 divórcios e apenas 64 casamentos). É fácil mas enganador mencionar as conhecidas carências de pessoal da Conservatória de Tomar, cujas causas remotas continuam por publicar, para justificar o reduzido total de casamentos, porque então como interpretar o elevado número de divórcios?
Nos restantes concelhos (Abrantes com 80 casamentos e 268 divórcios, Entroncamento com 54 casamentos e 120 divórcios, Torres Novas com 86 casamentos e 269 divórcios), a situação é um pouco menos preocupante, uma vez que a relação casamento>divórcio é de 1 para 3 em Abrantes e Torres Novas, baixando para 1 casamento para 2 divórcios no Entroncamento, apesar dos graves problemas sociais ali existentes.
Perante tudo isto, que é gravíssimo embora possa não parecer, a maioria PS local não tem nada a dizer aos eleitores? E a oposição não acha oportuno questionar a maioria PS sobre esta matéria? Olhem que, tanto no poder como na oposição, é como no surf. Sem ondas altas não tem piada nenhuma. Essa história do calado que foi a Lisboa e veio sem pagar bilhete, é música obsoleta do século passado. Cheira a salazarismo que tresanda.


sábado, 12 de outubro de 2024


Como no tempo da outra senhora

Em Tomar estamos em crise e sem informação 

capaz devido à censura e à incompetência

Realizou-se na passada sexta-feira à noite, em Carvalhos de Figueiredo, a sessão de apresentação pública do projecto de arranjos da EN 110, a principal entrada na cidade. Em tempos de informação na hora, um dia mais tarde, nem uma linha a respeito, na informação local e regional. É este o jornalismo que temos. Ou não podem, para não incomodar, ou não sabem, mas têm vergonha de o admitir. Pena que não a tenham também para admitir outras carências, e fechar a loja. Evitavam-se equívocos. 
Terá havido transmissão do evento, em directo, via Youtube, não por liberalismo ou iniciativa da autarquia ou dos órgãos de informação local e regional, mas simplesmente porque é obrigatório cumprir directivas europeias. Tal como acontece com a própria sessão pública de apresentação e debate do projecto. Há porém um problema de localização na net, falta de tempo e de pachorra para aturar um evento que no mínimo terá durado pelo menos duas ou três horas.
Outro tanto ocorre com as sessões da Assembleia Municipal. Há transmissão em directo durante horas e horas, mas jamais um órgão informativo local publicou uma reportagem a respeito. Houve uma única excepção, nos anos 80 do século passado. O mais antigo semanário local ainda vivo (?) publicou a crónica de uma das sessões, feita por um dos intervenientes, mas a segunda já não foi impressa...devido a pressões partidárias. Há 40 anos.
Estamos portanto em Tomar tal como antes do 25 de Abril. Em acentuada crise, mas sem se saber em detalhe, por carência de informação, devido à censura, que agora é outra. Encapotada, quando a antiga tinha pelo menos a coragem de se afirmar. Era oficial e feita por gente competente para a época. Militares oficiais superiores. Agora é como se pode constatar. As fontes e os suportes informativos todos estritamente condicionados pela maioria transitória que está, com uma única excepção, que por pudor não se identifica, porque essa tem uma agenda supostamente livre e abundante na área dos fait-divers, porém nitidamente orientada pela ala marxista local. Consequência da formação académica contaminada que em tempos se obteve? É possível, mas não explica tudo.
Fica aqui o reparo, sem acrimónia e só para memória futura, que agora o pessoal implicado é todo cego surdo e mudo, não pela graça de Deus, mas por conveniência transitória. Necessidade a quanto obrigas e Ovelha que berra é bocado que perde, dizia em tempos o povo, quando ainda se pensava um bocadinho. Até a minha avó ousava opinar que É por estas e por outras que as cabras marram umas nas outras. E não sabia ler nem escrever. Agora com a net e as redes sociais, o mais que se consegue nas margens nabantinas é um ocasional Vai tudo dar ao mesmo!
E sentem-se alguns muito ofendidos, quando por aqui se escreve, à laia de desabafo de circunstância, Pobre terra! Pobre gente que nem se enxerga! Não foi decerto para chegarmos aqui, que Silva Magalhães publicou durante anos A Verdade, pois devia conhecer bem a sentença de Platão: "Ninguém é mais odiado do que aquele que diz a verdade."

sexta-feira, 11 de outubro de 2024


Desenvolvimento Local

Um "geringonço" encapotado  

tentando intrujar os eleitores

António Pina

“Uma cidade que em tempos…” pois quando era uma cidade que criava emprego e riqueza, atraia mão de obra e era procurada pelo comércio diferenciado face ao que existia na região. Hoje é uma cidade donde os tomarenses em idade ativa saem, basta ver a redução de residentes e ver o parque de estacionamento da CP em dias uteis. Infelizmente Tomar ficou para trás. Não gera recursos nem há uma elite de empresários com relevo nem de políticos influentes. O texto cheira a campanha eleitoral de alguém que fica pela espuma dos dias. Para a situação a que Tomar chegou contribuiram todos os partidos da governação nos últimos 40 anos. Dispensa-se o aparecimento de virgens ofendidas."

O comentário supra, copiado do Tomar na rede com a devida vénia, refere-se a esta "Opinião", uma das melhores críticas políticas  alguma vez publicadas naquele mesmo órgão: Sem Rei Nem Roque | Tomar na Rede 

Visivelmente incomodado, o suposto sr. Pina, comentador habitual e de grande qualidade, termina com uma frase que ele julga fulminante e que afinal o denuncia como "geringonço" contrariado, apoiante da actual maioria camarária: "Dispensa-se o aparecimento de virgens ofendidas." Não explica porquê, mas a gente percebe. Por um lado porque "O texto [Sem rei nem roque] cheira a campanha eleitoral de alguém que fica pela espuma dos dias." Ou seja, cujas conclusões não agradam ao sr. Pina. E não agradam porquê? Basicamente porque acertam em cheio no alvo, ao atribuírem a responsabilidade pela actual crise tomarense sobretudo à maioria PS, que desde o início em 2013, sempre tem contado com o apoio da CDU e do BE. Posição frontalmente oposta à do sr. Pina: "Para a situação a que Tomar chegou contribuiram todos os partidos da governação nos últimos 40 anos.
Só podia, porque nos dez anos anteriores, entre 1974 e 1984, também houve gente da então APU no governação local. Mas mesmo assim, "escapou" ao sr. Pina um detalhe importante, que condiciona tudo, transformando o seu comentário numa aldrabice política bem escrita. É que durante os primeiros 20 anos, dos tais 40 por ele referidos, a governação local pouco podia fazer, pois ainda não havia os fundos europeus, agora tão abundantes e que Tomar não tem sabido aproveitar.
Azar, sr. Pina! Aldrabar sim, mas devagar. Os tomarenses de verdade não andam todos a dormir, e alguns até sabem pensar a direito. Pode incomodar, mas é assim.

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Imagem Tomar na rede, com os nossos agradecimentos.

Insegurança e outros problemas nos bairros sociais nabantinos 

Simularam confundir droga com tralha e efectuaram uma acção de nítida propaganda para desviar a atenção do essencial

Os leitores recordam decerto a crónica do passado dia 27 de Setembro, na qual se citava a afirmação do socialista Augusto Barros, presidente da Junta urbana: "Há muita droga nos bairros sociais." Duas semanas decorridas, o Tomar na rede publica um "Insólito", cujo título é elucidativo para quem esteja "por dentro destas coisas": "Operação aparatosa para limpar lixo acumulado por morador". No Bairro 1º de Maio, acrescenta-se, para melhor entendimento. Operação aparatosa para limpar lixo acumulado por morador | Tomar na Rede
Que se passou afinal entretanto? Confundiram droga com lixo? É pouco provável, porquanto segundo a notícia estiveram presentes assistentes sociais da autarquia, gente que raramente tem dúvidas e nunca se engana, conquanto neste caso a sua presença tenha sido tão útil como um conjunto de violas a tocar atrás de um enterro. Se fossem varredoras, perdão, engenheiras de salubridade urbana, ainda se entendia, agora assim foi mesmo só para a fotografia.
Nesta matéria, tudo devidamente ponderado, o meu pobre entendimento é o que segue. Quem ler dirá depois se estou a ver bem ou preciso de mudar de lentes.
Recuando um pouco, por necessidade informativa, no tempo do Botas de Santa Comba não havia liberdade nem as farturas de hoje, mas bastante miséria por todo o lado. De tal forma que, sobretudo nas terras pequenas, cada família abastada tinha os seus pobres, a quem mandava distribuir alimentação, algum vestuário já usado e calçado nas mesmas condições.  Usei roupa e calçado dado como esmola à minha mãe.
As coisas mudaram muito e ainda bem. De tal forma que, graças aos fundos europeus, meio século mais tarde cada formação partidária tem os seus realojados, tal como antes os ricos tinham os seus pobres, para exercerem a caridade cristã. Agora é mais para comprar votos, mas enfim...
Nestas condições, não tendo coragem para intervir no âmago da questão levantada pelo camarada presidente de junta, mas havendo necessidade de entreter o pagode, foram relativamente rápidos a decidir criar uma manobra de diversão. 
Resolveram intervir no caso do realojado José Carlos, filho de um antigo funcionário municipal e traumatizado de guerra porque combateu em Moçambique, de onde regressou perturbado, que não faz mal a ninguém e tem um comportamento pacato, se exceptuarmos a mania de acumular tralha diversa, em casa e cá fora.
Que delito cometeu o José Carlos, para ser o alvo de uma operação tão aparatosa? É um realojado do tempo do PSD/AD, e por isso foi escolhido para tapar uma lacuna. Perante a evidente falta de coragem e de soluções para intervir junto dos realojados PS, muitos dos quais vêm causando problemas crescentes e são violentos, o José Carlos foi usado como bode expiatório, por haver de antemão a certeza de que não provocaria desacatos. Por conseguinte, um excelente expediente para iludir os cidadãos menos atentos, que os serviços sociais da Câmara têm tendência a considerar como lorpas, na sua maioria.
Como tralha não é droga nem material insalubre, a espectacular remoção não resolveu nenhum problema, antes agravou a situação  geral, ao reforçar inadvertidamente a sensação de impunidade, cada vez mais nítida entre os realojados PS. 
Resta aguardar e ir vendo, para depois tentar contar como foi. Desta vez falharam. Levaram o lixo, mas não foram felizes. Apenas contribuíram para agravar a situação geral. Acontece aos melhores, pois só não comete erros quem nada faz.
Entretanto, coitado do José Carlos! Não há nada que não lhe aconteça! Porque não vão levando a tralha, à medida que ele a vai trazendo? O que ainda lhe vai valendo é a garrafita de vinho branco, sempre escondida dentro de um saco plástico, ali ao fundo da Corredoura, enquanto vai aguardando que nas Estrelas lhe ofereçam o pequeno almoço ou o lanche. Esmolas cristãs dos herdeiros de Henrique das Neves, que é da mesma época...quando ainda não havia realojamentos, nem esquerdistas. Só o PCP na sua corajosa acção clandestina...

ADENDA

A notícia fala de galinhas dentro de casa, o que é verdade mas nada extraordinário, uma vez que a casa tem quintal. Quando lá estive em tempos, a convite do Zé Carlos, constatei que havia mais de uma dezena de galinhas poedeiras e um galo. O Zé Carlos vendia então "ovos de duas gemas". Mais tarde perguntei-lhe se ainda tinha galinhas. -"Tenho. Mas matei o galo que era paneleiro, assei-o e comi-o", disse-me o Zé Carlos, que não tem cães vadios à porta, nem gatos.

quarta-feira, 9 de outubro de 2024


Imagem Rádio Hertz, com os agradecimentos de TAD3.

Imagem Tomar na rede, com os agradecimentos de TAD3.

Mata nacional dos sete montes e Mouchão "espaço verde"

Não sabem nem querem aprender

porque dá muito trabalho

Ao que percebo, circula agora por aí uma ideia generosa, no sentido de transferir para a Câmara a gestão integral da Mata dos sete montes, entretanto na dependência de um organismo estatal sediado em Torres Vedras. Um texto recente sobre a matéria, publicado na informação local, levou-me a pensar que a coisa é liderada por uma respeitável vereadora da oposição. Deve tratar-se portanto de trabalho político para apresentar em tempo oportuno, uma vez que as próximas autárquicas são já em Outubro 2025. Compreende-se. O problema é que tudo parece indicar estar-se a viajar rumo à senhora da asneira, como é costume.
A questão da velha Cerca conventual já foi aqui apresentada dezenas de vezes, infelizmente  sem grandes resultados práticos até agora. Eis um resumo sucinto: falta de água na camada freática, falta de pessoal, falta de manutenção, falta de supervisão. Perante isto, uma autarca anterior muito despachada, pressionada pela exposição dos tabuleiros em 2023, julgou resolver o problema alegando que havia um fungo, pagando pulverizações tóxicas e contratando um furo artesiano junto ao Tanque da cadeira d'el-rei, que custou uma conta calada. Tudo isto não sendo a Mata administrada pela Câmara.
O tempo passou, a autarca despachada foi-se a meio do mandato para paragens mais rentáveis, mas a degradação da Mata continua a chocar a população mais preocupada com a nossa querida terra. Pudera! O ecossistema que durante mais de três séculos permitiu uma Cerca frondosa, deixou de existir quando a água deixou de correr nos Pegões, no laranjal do Castelo templário e, por escorrência, nas encostas norte e poente da Mata. Situação que se arrasta há mais de vinte anos.
Por razões que a razão desconhece, nem a Câmara nem o Convento de Cristo (que inclui o aqueduto), alguma vez se preocuparam com o evidente roubo da água dos Pegões, algures na zona dos Brasões, freguesia de Carregueiros. Apareceu até a ideia peregrina, segundo a qual recuperar o aqueduto filipino é demasiado caro, pelo que mais vale e fica mais barato um furo artesiano, o que foi feito e pago pela autarquia.
Aparece agora a tal tendência para entregar à Câmara a gestão da Mata. Concordando, não se pode contudo deixar de alertar. Tenham muito cuidado! E não usem óculos partidários. A transferência de tutela só por si não resolve nada. O Mouchão sempre tem sido  gerido pela autarquia, e olhem como ele está ultimamente. Sucede até que em tempos também era regado por gravidade, com água da roda, tal como a Mata com a água dos Pegões. Infelizmente, no tempo do Paiva, alguém decidiu que a rega por aspersão era bem melhor e menos trabalhoso que as  regadeiras tradicionais. O resultado está à vista e não se recomenda, mas parece ser o que querem implementar na Mata. Só falta saber quando.
No fundo, lá bem no fundo, em Tomar o problema é sempre o mesmo: Todos procuram trabalhar o menos possível, tanto ao nível da elaboração mental como da execução. Dá menos trabalho? Faça-se. Os funcionários agradecem, mas os cidadãos em geral nem tanto...



segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Copiado de Tomar na rede, com os agradecimentos de TAD3.

A crescente insegurança na cidade

Enxovalhar as polícias e a justiça 

é grave mesmo quando involuntário 

Tive de ler duas vezes para acreditar. No Tomar na rede, órgão dirigido e feito por um jornalista formado, encartado e com boa reputação, saiu uma coisa escrita assim em forma de notícia deliberadamente incompleta, mas apesar disso identificada como sendo da redacção: https://tomarnarede.pt/destaque/mota-roubada-em-tomar/
Como é do conhecimento de quem anda nestas coisas há muitos anos, mesmo sem ter andado nas escolas de jornalismo, qualquer noticia deve responder a um conjunto de perguntas básicas implícitas: quem? o quê? quando? onde? como? porquê?. Esta agora em causa apenas diz que foi roubada uma moto (o quê?) em Tomar (onde?), na noite de 27/28 de Setembro (quando?). Nem o local preciso do roubo, nem as circunstâncias da ocorrência.
A redacção não sabia mais? Pelo contrário. Tudo parece indicar que lhe  foi pedido para não ser demasiado explícita, como mostra o facto de reproduzirem, logo mais abaixo, um apelo algo atrapalhado, no qual o pai do jovem dono da mota pede para avisarem a PSP ou a GNR, se a identificarem, mas promete também que a podem entregar sem serem incomodados. Detalhe pitoresco, informa-se que havia alarme, que foram dois os gatunos e que se sabe mais ou menos quem são. (Facebook página Rui Mendes RM)
Assim sendo, só se pode estranhar o comportamento jornalístico e a atitude do paí do jovem. Do jornalista, por aceitar publicar uma notícia deliberadamente incompleta. Do pai do jovem, porque se havia alarme e se sabe mais ou menos quem foram os autores, para quê prometer impunidade se devolverem a mota? Não seria melhor apresentar queixa? Quer tenha sido ou não a intenção do jornalista, e sobretudo do pai do jovem, parece-me ser inevitável deduzir destes comportamentos duas conclusões graves:
1 - Para o pai do jovem, autoridades e tribunais, já está tudo caduco, pelo que nem adianta queixar-se e aguardar. O melhor é providenciar, no sentido de tentar chegar a um acordo amigável e sem polícia.
2 - O facto de terem levado a mota durante a noite -ignora-se se a rolar ou num veículo de transporte- pode também indiciar que não se trata propriamente de um furto ou roubo, mas antes de uma recuperação, como penhor, para garantir o pagamento de fornecimentos anteriores a crédito, que se pretendem ocultar. Será o caso? É pelo menos o que pode também parecer. E neste âmbito, o que parece é, pelo menos até que se venha a saber a história completa. Mas sem queixa...
Grave, muito grave mesmo é o ponto 1. Mostra o desespero da população em geral perante situações que não compreende, ao mesmo tempo que se lança o descrédito sobre as polícias e a justiça, assim contribuindo para o aumento da sensação de insegurança que por aí vai. Situação que nos levará inevitavelmente, mais tarde ou mais cedo,  a fazer justiça pelas próprias mãos, origem de todos os exageros e horrores, que é exactamente o que o paí do jovem motociclista está tentando fazer, quiçá sem disso se dar conta, ao oferecer a impunidade em troca da devolução da mota. PSP, GNR  e Tribunais devem ter apreciado devidamente a intenção...




Templo de Luxor (Egipto) com a mesquita encavalitada.

Capela de S. Lourenço, com a EN 110 à ilharga.

TOMAR – Augusto Barros admite que ficaria «muito magoado» caso a obra de requalificação da envolvente da Nacional 110, em Carvalhos de Figueiredo, não fosse iniciada até final do seu mandato (c/vídeo) - Rádio Hertz 28/09/2024


Aspecto exterior da mesquita de Córdoba (século VIII), com a igreja (século XVI) no meio.

Obras prometidas em Carvalhos de Figueiredo

É bem capaz de vir a ser um processo demorado

Em tempos de IA, parece conveniente começar por explicar como se faz uma análise previsional de um assunto, usando apenas a inteligência natural. Evitam-se assim (na medida do possível) posteriores acusações de má-língua ou processos de intenções. Vamos a isso.
Neste caso, ao princípio não era o verbo, ou apenas o verbo , mas três imagens: O lamento de Augusto Barros, a capela de S. Lourenço e a mesquita encavalitada no templo egípcio de Luxor. (Imagens supra). 
Numa recente entrevista à Rádio Hertz, o presidente da Junta urbana, agora em final de mandato e previsivelmente de carreira política, confessou que ficaria "muito magoado" caso as prometidas obras de requalificação da EN 110, em Carvalhos de Figueiredo, onde mora, não começassem antes do final deste mandato.
Quem escreve estas linhas pensou então ser muito provável que o presidente venha a ficar mesmo muito magoado, por haver poucas hipóteses de se iniciarem as obras a curto ou médio prazo. Falta o projecto, e falta sobretudo o indispensável consenso prévio: projectar o quê? para quando? Surgiu então o receio da reacção tacanha habitual. Se escreves isso vão acusar-te de simples maledicência e calúnia. Lembra-te da frase de Einstein: "Cada qual só sabe aquilo que conhece. O resto não existe para ele". Donde a necessidade de fundamentar a análise previsional.
Parece haver poucas hipóteses de se fazer e aprovar o projecto a curto ou médio prazo, porque existe um estrangulamento evidente no percurso a requalificar, e não se vislumbra coragem para o ultrapassar, no estado actual das coisas. Ninguém quer "fazer ondas"... 
Trata-se do curto troço da EN 110 entre a Fonte de S. Lourenço e a Rotunda do viaduto da CP. A imagem supra mostra bem que a actual localização da Capela de S. Lourenço não permite o alargamento da via, nem a construção de passeios de ambos os lados.
Prova desse estrangulamento que incomoda é o recente passadiço, de quase meio milhão de euros, que ficou sem ligação do lado sul, porque implicaria destruir parte da capela. Ora uma vez que as previstas obras de reabilitação incluem saneamento, gás, electricidade e telecomunicações, seria uma aberração abrir as valas para instalar as indispensáveis infraestruturas, deixando depois a via como está. Sem passeios e com um passadiço exterior só para disfarçar, uma vez que não tem continuidade na situação actual, nem se vê como possa vir a ter sem a prévia deslocação do templo.
Tudo se resolverá quando e se houver coragem para encarar o problema de frente, adoptando uma de duas soluções: Ou fazem uma plataforma de suporte e envolvem a capela, chamando depois uma grua potente, ou desmontam a capela e reedificam-na posteriormente, dois metros afastada do local onde agora está, para o lado do rio.
Não é difícil, pois aquele monumento não é grande nem complexo, Exige porém coragem política e envergadura cultural. Estaleca, como é costume dizer-se, um bem raro no vale nabantino.
Não se trata de caso único por esse mundo fora. Na circunstância, veio à memória uma situação semelhante: o caso da mesquita encavalitada no templo de Luxor. Quando este templo de 15 séculos antes de Cristo estava parcialmente enterrado na areia, em virtude da erosão, edificaram por cima no século VIII da nossa era, portanto 23 séculos mais tarde, uma mesquita. Mais tarde ainda, no século XIX, quando o francês Auguste Mariette fez escavações, reapareceu o velho templo egípcio. Mas num país muçulmano, quem ousa destruir ou mudar de sítio uma mesquita? Só os israelitas, e veja-se o resultado...
Mesmo nos países europeus, aqui ao lado para não irmos mais longe, construiram em pleno século XVI, no meio da mesquita de Córdoba, oito séculos mais antiga, um templo católico. Até hoje ninguém ousou repor a situação anterior. (ver imagem supra)
Nestas condições, caro conterrâneo Augusto Barros, oxalá me engane, mas já o estou a ver esperando sentado e profundamente magoado. Ou então vamos ter a EN 110 com passeios à sua porta, mas mantendo um estrangulamento à entrada da cidade, como actualmente. 
Mas não se aflija demasiado. Há 12 anos, desde o tempo do Paiva, que quem escreve estas linhas aguarda novo saneamento na Rua Aurora Macedo e limítrofes, para acabar com os maus cheiros estivais, as moscas e as ratazanas em veraneio... a 50 metros dos Paços do Concelho. Grande terra! Excelente autarquia! É só festarolas e realojamentos ou quase. Os indígenas que se lixem!

domingo, 6 de outubro de 2024


Feira de Santa Iria - 2024

Perspectiva-se mais um grande sucesso...oficial

A lengalenga camarária é bem conhecida. Foi um sucesso. Vieram milhares de pessoas. Promoveu-se Tomar. Triunfalismo bacoco. E bruscamente, ainda antes do começo, aparece  um imprevisto, que põe em dúvida a habitual cantilena. Segundo a Rádio Hertz, a 15 dias do início da edição 2024, ainda há quatro locais disponíveis no sector empresarial, com candidatura possível até à véspera da inauguração. Ou seja, a adesão empresarial ao evento, a mais importante, está aquém do esperado. Azar.
Temos assim uma situação curiosa. Na cerimónia pública de apresentação do programa da feira, o presidente Cristóvão julgou útil referir que "os princípios de edições anteriores são para manter", sem todavia indicar quais. Havia dúvidas? 
Enquanto isto, a vereadora do pelouro respectivo mencionou a participação das colectividades locais, com destaque para a Universidade sénior na edição deste ano, o que convenhamos é um reforço de peso. Era mesmo o que estava a fazer falta no certame -a presença da universidade da 3ª idade. Sobretudo para modernizar a feira, faz todo o sentido, não faz? É sabido que do velho se faz novo. Mas trata-se de tentar reciclar a Feira ou a Universidade senior, ou ambas?
Seja como for, ainda estão livres os locais de exposição e venda  22b, 22c, 22d e 22e do sector B, de 1,6 metros quadrados a unidade, pela módica quantia de 42 euros cada um. Seis euros por dia num certame de uma semana. (As mencionadas colectividades pagam quanto cada uma?). Mas não pensem os eventuais candidatos que é possível escolher um dos lugares ainda vagos. Era demasiado simples! É a Câmara que atribui cada lugar, de acordo com o regulamento da coisa, e em função da data/hora de entrada de cada candidatura (Dizem eles...). Bizantinices que muito têm contribuído para o extraordinário progresso local, que só não vê quem não quer.

sábado, 5 de outubro de 2024


Estacionamento ilegal na Praça da República

Isto é uma República ou uma choldra?

Foi das notícias mais lidas da semana, senão mesmo a mais lida e comentada de todas. "Carro estacionado toda a noite na Praça da República", no Tomar na rede, conseguiu quase 15 mil visualizações e 105 comentários no Facebook. Praticamente todos de protesto e vindos de gente em geral calada, para não levantar ondas e assim poder manter a mama.
Horas mais tarde, outra notícia do mesmo órgão procurou sossegar a bruscamente exaltada opinião pública nabantina. "Desfeito o mistério do carro estacionado na Praça da República", ficou-se pelas 3.700 visualizações e meia dúzia de comentários. O que mostra que o povo se acalmou, aceitando as coisas como elas são. Tratando-se da segurança do primeiro magistrado da nação, está tudo explicado.
Erro crasso de interpretação. O facto de se tratar do carro da segurança do sr. Presidente da República, em vez de resolver a situação agrava-a. Todos sabemos, ou devíamos saber, que as autoridades, com destaque para o presidente, o governo e as polícias, devem respeitar estritamente as leis em vigor, até para dar o exemplo.
Neste caso espantoso ocorreu exactamente o oposto. Um veículo da segurança do sr. Presidente da República estacionou toda a noite na placa da Praça da República, onde é proibido estacionar, salvo para urgências, cargas e descargas, o que não era o caso. 
Tratando-se do primeiro magistrado da Nação e porque o exemplo deve vir sempre de cima, como convém, um dia destes vamos ver o carro de função do sr Presidente da Câmara estacionado durante a noite à frente dos Paços do Concelho. Ou o carro do sr. Presidente da Assembleia municipal estacionado em plena rua Silva Magalhães, enquanto o dono despacha no prédio da antiga biblioteca.
Os tomarenses não estranharão de certeza, e eventualmente até acharão muito bem, visto que o sr. prior da paróquia já dispõe de estacionamento reservado em permanência, na Rua de S. João, frente à porta da sacristia. Ainda não se chegou ao nível daquela povoação do norte do país, com lugar de estacionamento "Reservado para o sr. prior e esposa". mas já faltou mais.
O que leva a questionar: Somos mesmo uma cidade da República portuguesa? Ou isto é tudo uma choldra, como dizia a personagem queirosiana? Cada qual fará o favor de responder perante a sua própria consciência.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

 

Quando a Várzea grande ainda não tinha sido transformada pelos socialistas numa praça estilo novos ricos.

Para promover Tomar?

Uma feira que esconde outros mercados

Vem aí mais uma edição da tradicional Feira de Santa Iria, um certame que data do tempo da dinastia filipina, esfrangalhado já depois do 25 de Abril e pouco confortável para os visitantes, que têm de andar do mercado para o deck, e daí para o que resta da Várzea grande passando pela Rua dos Arcos, de onde nunca devia ter saído a multi-secular Feira das passas, único sector com tradição a nível nacional, que vem sendo abandalhado desde 74, sem proveito para ninguém. Só Torres novas é que tem sabido como agir, com a sua Feira nacional dos frutos secos.
Apresentando o certame 2024, o presidente Cristóvão julgou útil acentuar que "os princípios das edições anteriores são para manter." Que princípios? Porquê? Para quê? A informação local não perguntou, naturalmente porque o açaime municipal não consente, de modo que ficamos na mesma.
Há ainda assim uma vertente tão evidente que só passa despercebida aos olhos dos conformistas tomarenses, que são muitos. Trata-se da chamada animação cultural da feira. No tempo das câmaras PSD ou AD, havia uma comissão, mas toda a parte musical do certame estava a cargo da Rádio Cidade de Tomar, naturalmente sem encargos para o orçamento municipal.
Tal como fez com os bombeiros, a gestão PS municipalizou os espectáculos musicais da feira, cujos artistas contratados por ajuste directo são agora pagos pelo orçamento municipal, sem que sejam evidentes as vantagens daí advenientes, excepto quanto a compra de fidelidades e de votos. Mas as explicações tardam em aparecer... como habitualmente.
A oposição que temos não se interessa por estas coisas, que considera menores, em relação às vantagens que vai sacando para as colectividades amigas e/ou os artistas da cor, mas algum dia virá em que a gravidade da crise obrigará finalmente a debater o assunto, procurando então vias para reabilitar uma feira que já é praticamente um cadáver adiado. A feira ainda respira porque ligada à máquina camarária dos euros, mas está cada vez menos capaz de promover a cidade e o concelho, oficialmente o seu grande objectivo. Até quando vai prevalecer o silêncio conveniente?

quarta-feira, 2 de outubro de 2024



Conflito na Junta de Freguesia urbana

O PSD local ACORDOU FINALMENTE?

Há um conflito na Junta de Freguesia urbana, com o PSD acusando o PS de ilegalidades numa eleição interna, já comunicadas à entidade competente, com pedido de intervenção. Não é costume, mas estamos assim em Tomar. O PSD nabantino acordou finalmente?
Todos os que andámos na política desde antes do 25 de Abril, sabemos bem que PS e PSD são irmãos siameses ou, para chocar menos, a edição portuguesa dos conhecidos inspectores Dupont e Dupond. (na imagem supra). Quando convém, um torna-se mais esquerdista e o outro mais direitista, mas regra geral c'est du pareil au même, bonnet blanc/blanc bonnet. Farinha do mesmo saco, em português popular.
Assim, nos anos 80 a AD (PSD + CDS + PPM) conseguiu ascender ao poder, tanto a nível nacional como local. Não se saiu mal de todo para a época, mas foi sol de pouca dura. Trinta anos mais tarde, o PS usou a mesma táctica. Uniu-se ao PCP e ao BE, assim impedindo o PSD de governar, apesar de ter ganho as eleições.
Em Tomar é o que se tem visto. A dada altura, as irmãs siamesas foram cabeças de lista  e a do PSD até recusou um debate com a sua homóloga. Com toda a razão, diga-se, pois à luz dos costumes locais teria sido uma vergonha duas irmãs digladiando-se em público. Situação que o PS aproveitou para ir vencendo sucessivas eleições (já lá vão 3 seguidas), tratando sistematicamente os social-democratas do executivo como simples jarrões chineses. Excelentes para ornamentar, mas só mesmo para isso.
Ante a evidente passividade laranja, não dispondo infelizmente de maioria na Assembleia municipal, os socialistas arranjaram de facto um sucedâneo nabantino da geringonça, retribuindo generosamente os votos favoráveis da CDU, do BE e de Carregueiros nos momentos mais delicados.
Inesperadamente, a um ano das próximas autárquicas, zangaram-se as irmãs e, como bem diz o povo, "zangam-se as comadres e descobrem-se as verdades." Adoptando o modus operandi dos seus camaradas da Câmara, Celeste de Sousa, presidente da Assembleia da Freguesia, fez de conta que não ouviu os vogais laranja, porque os jarrões chineses não falam, e vá de cometer ilegalidades, ao que consta usando uma linguagem menos aceitável.
Vai daí, o que podiam fazer os eleitos social-democratas, sob pena de perderem a face? Protestaram por escrito e apresentaram o caso às entidades oficialmente competentes, mas na prática nem tanto, e agora aguardam os acontecimentos. Já os tomarenses, ou pelo menos quem escreve estas linhas, ficam na dúvida: O PSD nabantino acordou finalmente, e agora já compreende que se não muda radicalmente, nunca mais volta a ganhar nas margens do Nabão? Ou pelo contrário é só fogo de vista, continuando as linhas vermelhas em relação à direita e à política agressiva para com o irmão siamês? Mais adiante logo veremos, que na política ninguém consegue enganar o eleitorado todo durante muito tempo.



Festarolas, tachos, subsídios e contas públicas

Mais vale ir prevenindo do que depois remediar

Como bem sabemos, desde há muito que em Portugal as novidades vêm de França. Mesmo a bem conhecida Festa do Avante, orgulho dos comunistas lusos, é uma cópia da francesa "Fête de l'Humanité", o antigo jornal dos comunistas gauleses, agora também com fraca expressão eleitoral.
Quanto aos bébés, estamos entendidos. Dantes também vinham de França no bico da cegonha, mas entretanto algumas mães lusas já se modernizaram um bocadinho. Segundo li há pouco, respondendo a um filho pequeno que lhe perguntara para onde ia a cegonha depois de deixar o bebé, uma mãe foi bastante realista: -Fica aí no sofá a ver televisão, a beber cerveja e a arrotar.
Este introito para informar que em França, de onde também nos vêm a moda política e a moda tout court, a situação orçamental não é nada brilhante, e a política está pelas ruas da amargura. O governo Barnier, parido a ferros ao cabo de dois meses de tormentas, vê-se forçado a reduzir despesas e aumentar os impostos, logo ao iniciar o mandato, que não se prevê muito longo.
Ocasião aproveitada pelo Tribunal de contas francês para apresentar mais um relatório pouco amável. Nele se pode ler, segundo o Le Monde de hoje, que as colectividades locais e regionais custam ao governo anualmente 18% do orçamento, só em despesas de funcionamento. E vá de propor uma redução drástica de 100 mil funcionários públicos, o equivalente a apenas 5% do efectivo gaulês.
E daí? questionarão os muito competentes comentadores e outros técnicos ao serviço da maioria que está. E dai, apesar dos esforços das contas certas governamentais e do extraordinário incremento das receitas turísticas, não tarda vai ser imperativo fazer como em França: reduzir despesas, aumentar impostos e despedir funcionários. Não poderá ser de outro modo, com obras, festas e subsídios que custam cada vez mais caro, e fundos de Bruxelas que não são inesgotáveis...
Quando tal acontecer, isto é, quando houver inevitavelmente despedimentos nas autarquias, só para terem uma ideia, se adoptarem a fasquia dos 5%, a Câmara de Tomar terá de mandar embora 40 funcionários, naturalmente daqueles que custam mais caro e fazem menos falta.
É só para ir avisando...


Promoção turística, propaganda política ou cortejo religioso?

A moda parece ter pegado...

Copiado da página Facebook de Daniel Hernandez Macareno em 01/10(2024 

A moda parece ter pegado, ou não podem ver nada? É só escolher. Algures no México, um cortejo de tabuleiros de modelo local, rumo à Festa do Avante, que deverá ser no caso "Fiesta del Adelante".  Como dicen nuestros hermanos castellanos, el mundo es ancho y ajeno!

terça-feira, 1 de outubro de 2024

Imagem copiada de Tomar na rede, com os nossos agradecimentos.

Política à nabantina

A jogada do Zé Maria da Junta

Foi a notícia sensação da semana, à falta de melhor, o que mostra bem a azáfama política usual no vale do Nabão. O tesoureiro da junta urbana desde há onze anos demitiu-se. "Bateu com a porta" segundo a informação local que temos. Em sentido figurado, bem entendido, dando porém a perceber que pode bem ter sido mesmo o caso. 
Quanto aos motivos e às intenções subjacentes, ficaram-se por aqueles que o próprio indicou. Esmiuçar é complicado e analisar ainda mais. Temos assim que o agora ex-tesoureiro se sentiu, segundo disse, ultrapassado, humilhado e mesmo subtilmente convidado a sair. Empurrado. Acredita-se. Mas então porquê abandonar só agora, após onze anos de leal colaboração e excelentes serviços prestados, e logo a um ano das futuras eleições?
Porque as situações denunciadas se acentuaram ultimamente, no âmbito da normal luta pelo poder? É bem possível, mas não explica mesmo assim o timing escolhido. José Maria é um cidadão bem formado e com recursos acima da média. Tinha portanto perfeita consciência desde do início de que no duo com Augusto Barros, ele era a técnica, a administração, a escrita, e o outro a execução, o trabalho empenhado. Daí a ideia do Zé Maria, segundo a qual a junta era sobretudo ele, pelo que deveria ser o sucessor natural do actual presidente, que não se pode recandidatar.
Ao verificar que a tendência no PS e na junta era cada vez menos essa, porque o agora ex-tesoureiro é um moderado e no partido mandam desde 2013 os esquerdistas, José Maria agiu de forma inteligente. Retirou-se inesperadamente, para assim demonstrar que sem ele a junta não funciona como deve ser. Repare-se que até falou acidentalmente em "falta de planeamento na limpeza urbana"...
Com o tempo veremos se o autarca demissionário agiu da forma mais eficaz ou conveniente para o seu objectivo escamoteado. Entretanto  vai decerto comentar que não foi nada disso, que não houve calculismo político algum, que nem está interessado em ser candidato, tendo saído apenas e só por se sentir humilhado. Pois seja. Contentemo-nos portanto com mais uma demonstração prática de que, em matéria de análise política, os jornalistas e outros interventores locais estão a precisar de uma urgente acção de reciclagem.