quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Vista aérea do Convento de Cristo e Castelo dos templários, no sentido oeste-leste.

Política local - Planos

Entregar filhas a gente alheia? Nunca mais!


Um simpático comentador habitual do Tomar a dianteira 3 lançou, mediante comentários numa crónica anterior, a ideia de publicar planos para o futuro de Tomar. Tendo eu adiado a resposta, insistiu, o que levou à elaboração deste escrito.
Diz o povo, cuja sabedoria pragmática é milenar, "Quem faz filhos em mulher alheia, perde-lhes o  feitio." Em sentido figurado, foi mesmo isso que me aconteceu por várias vezes. Destaco e descrevo apenas três, para que dúvidas não restem no espírito de quem lê.
A pedido de um eleito, fui a Santarém participar, como seu assessor técnico, numa reunião distrital, destinada a debater a criação de uma comissão regional de turismo. Meia hora após o começo da reunião, alegou que tinha afazeres urgentes em Lisboa, deixando-me sozinho perante os 21 representantes dos municípios da região, intrigados com a minha presença, uma vez que o referido eleito era de um partido e eu de outro.
Ao cabo de várias horas de discussão, aceitaram a minha ideia inicial de duas comissões regionais de turismo, uma em Santarém e outra em Tomar, tendo regressado a casa descansado, no Mercedes camarário com condutor oficial. Um luxo!
Seguiu-se em Tomar um autêntico fartar vilanagem. Ainda me consultaram para conseguir um nome para o nova entidade, mas entretanto já todos tinham arranjado capacidade para presidir, dirigir, chefiar e por aí adiante, e nunca mais fui visto nem achado. Resultado: a citada comissão regional nunca fez um trabalho notável, acabando extinta pelo governo, como todas as outras.
Igualmente a pedido de certo eleito de outro partido, elaborei o plano de mudança de tutela e de exploração para o Convento de Cristo. Reconheço que o resultado prático não tem sido brilhante, mas alego em minha defesa que a ideia inicial previa a gestão tutelada pela Câmara, visitas guiadas para todos, entrada pela Porta do Sol, etc. O que agora existe está segundo a vontade de quem manda em Lisboa, e não de acordo com o meu plano. Ou seja, a autarquia está a 150 metros do monumento, mas só é responsável pelo estacionamento no exterior. O governo arrecada o produto das entradas, cerca de 1,5 milhões de euros em 2022.
Uma terceira experiência, parcialmente falhada, é aquela licenciatura em Turismo cultural, no IPT. Não quero alongar-me em detalhes, mas a minha ideia inicial não era bem a que foi levada à prática. Apesar de doutorado em turismo, nunca fui contactado para a docência, após ter facultado os tópicos iniciais. Segundo os dados mais recentes, das 35 vagas oferecidas na primeira fase de admissão, foram preenchidas apenas 7. Julgo-me capaz de conseguir bem melhor, mas é demasiado tarde há muito tempo. Aposentei-me em 2001
Parir agora novas ideias, para outros implementarem? Não, obrigado! Já dei para esse peditório. Peço desculpa pela franqueza.

2 comentários:

  1. Caro António Rebelo,
    Creio que não me fiz entender quanto ao plano estratégico para o concelho de Tomar.
    Não me referia ao como fazer, e até nem a o que fazer nesta primeira fase.
    Acho que antes de tudo se deveria fazer uma reflexão profunda sobre qual o papel da CMT , e definir áreas básicas para a sua existência , como por exemplo , as infraestruturas, o ordenamento territorial, que são exclusiva responsabilidade da coisa pública. Depois os serviços públicos com interligação com a CMT , por exemplo a saúde, o ensino, a segurança. e por fim os serviços que devem ser privados , mas com ligações à CMT, por exemplo a habitação, o turismo, a cultura...
    Definir , muito claramente estes sectores com a colaboração de várias opiniões seria fundamental.
    Com esses sectores definidos , passava-se depois a o que fazer, e somente depois quais os orçamentos necessários e recursos humanos necessários.
    Por fim mas não menos importante COMO o fazer, ou seja aquilo que fez e outros se apropriaram sem perceber como lá chegou.

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    1. Muito interessante, e por isso tentador, este seu comentário. Na minha perspectiva a sua ideia é demasiado ambiciosa para Tomar. Não há gente para abarcar e debater tudo isso do que fala. Nem lá perto.
      O outro tinha uma certa ideia da França. Eu apenas julgo ter uma ideia para Tomar. Avance com a sua sugestão de projecto. Quando eu considerar oportuno, e se me parecer adequado, encararei a hipótese de ajudar no que puder.
      Coragem e boa sorte!

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