terça-feira, 29 de agosto de 2023

 

Comissão regional de turismo dos Templários, Floresta central e Albufeiras

Turismo e tabuleiros

Mesmo na política local convém não exagerar


De novo em Fortaleza, próximo do mar, onde forçosamente a visão do mundo é diferente da que se consegue em Tomar, nomeadamente por causa da linha do horizonte, estive a ler declarações de Anabela Freitas, na sua rádio oficial, que são claramente uma afronta aos tomarenses sensatos, e uma clara provocação aos raros comentadores locais.
Uma candidata que se comprometeu perante os eleitores para um mandato de quatro anos e afinal se vai embora para outras paragens ao fim de dois. Uma presidente que anunciou a estimativa oficial do total de visitantes dos tabuleiros para 9 de Agosto, mas agora adiou para 5 de Setembro, sem qualquer explicação. Uma candidata a candidata que se vendeu ao adversário mesmo antes da votação, integrando uma lista liderada pelo PSD e tendo como mandatário um grande empresário hoteleiro, a quem antes vendeu por 706 mil euros umas ruínas históricas avaliadas em 3 milhões de euros.
É esta conterrânea que sem mais quê nem porquê, opina que assistiram à festa grande tomarense um milhão e cem mil visitantes, naturalmente contados pelo seu "olhómetro" infalível. Não têm qualquer importância ou efeito, para além de irritar alguns, exactamente aquilo que a ilustre senhora pretendia, com é evidente. Mais uma demonstração da usual política "quero, posso e mando; determino e mando publicar".
Mas mesmo na política local e em Tomar, convém não exagerar, sob pena de se  perder a credibilidade. Sobretudo quando se transita para um lugar bem pago, mas num organismo estatal que está numa situação semelhante à dos feiticeiros africanos.
Como é do conhecimento geral, aqueles mágicos tradicionais costumam fazer umas cerimónias vistosas para provocar a chuva, justamente na época pluviosa. Depois, quando como habitualmente há chuva, gabam-se que foi por causa das suas práticas ancestrais. Acontece algo parecido com as entidades promotoras do turismo, nomeadamente as regionais. Gastam uns bons milhões com campanhas promocionais e depois anunciam resultados quase milagrosos, em termos de aumento de visitantes e de despesa por cada um. Esquecem-se que o turismo é uma gigantesca indústria, demasiado complexa para que pequenas entidades com minúsculos orçamentos à escala global possam ter alguma influência significativa sobre a procura. Iludem-se e iludem os outros, porque assim lhes convém.
O que aconteceu este ano no Algarve, com uma acentuada redução da clientela nacional, mostra isso mesmo, sendo apenas o começo. Vai ser cada vez mais evidente que, digam o que disserem, com as actuais políticas e organismos promotores, Portugal não é competitivo na relação preço - qualidade, nem no país nem sobretudo no estrangeiro. Há a boa comida e a tranquilidade, mas não basta.
Significa isto que, tanto os hoteleiros como os outros profissionais de turismo, ou mudam, adaptando-se à envolvência global, ou muitos terão de procurar outras actividades económicas menos exigentes. Quanto aos dirigentes dos organismos parasitas do turismo, pode levar o seu tempo, como no caso do Politécnico de Tomar, mas chegará a ocasião em que terão o mesmo destino das suicidadas comissões regionais de turismo. Acontecerá quando o governo for forçado por Bruxelas a concluir que está gastando demasiado para tão magros resultados verificáveis. O que não surpreende, com dirigentes como Anabela Freitas, cuja competência não contesto, por falta de dados fiáveis, mas que parece padecer de obstinação doentia.


Sem comentários:

Enviar um comentário