segunda-feira, 21 de agosto de 2023

População e desenvolvimento económico

Da interioridade e da falta de habilidade


Apesar do nosso evidente atraso cultural, em certos aspectos estamos alinhados com Lisboa. É o caso do argumentário político. Tal como o PS nacional, em Tomar os socialistas usam e abusam de uma argumentação tosca, há muito esgotada para lá da fronteira. Trata-se, em resumo, de afirmar que tudo o que tenha êxito, é obra dos eleitos socialistas; que evidentemente, e pelo contrário, quando as coisas correm mal, nada têm a ver com o assunto.
Um dos grandes problemas tomarenses à espera de solução é a óbvia fuga da população. Nos últimos dez anos desapareceram dos cadernos eleitorais 10% dos inscritos. Porquê? Enjeitando à priori qualquer responsabilidade, a maioria socialista e os seus defensores apontam logo para uma causa que consideram natural -a migração para a faixa costeira.
Paga para isso mesmo, a informação local apoia, enquanto a restante população pensante, pouco numerosa,  opta pelo conforto do silêncio, em vez das vicissitudes da frontalidade. Mas será mesmo assim? A crescente fuga da população nabantina é mesmo causada pela atracção da faixa costeira? Até agora ninguém pareceu preocupar-se com tal questão.
No EXPRESSO ECONOMIA de 20 de Agosto pode ler-se que, desde 2016 e até 2022, Braga liderou a tabela nacional de construção para habitação nova. Dado o contraste com a situação tomarense, onde um raro prédio novo, junto à Escola Gualdim Pais, está em fase de acabamentos, mas com as obras paradas, aguardando melhores dias,  fui  à cata de mais elementos.
Apurei então que, na cidade dos arcebispos, a população continua a crescer, atingindo agora 193 mil habitantes, a terceira urbe do país, em termos populacionais. Porque está na faixa costeira? Nem tanto. Tal como Tomar ou Ourém, está a cerca de 50 quilómetros da costa. Mas então, a tal atracção da faixa costeira...
Além da população a crescer e da diferença de escala, a outra grande diferença entre Braga e Tomar é que os bracarenses são governado por uma maioria PSD/CDS/PPM desde 2013. E têm uma Universidade, mas isso conta pouco, pois Évora também tem, e no entanto nem aos 60 mil habitantes chega. Se a isto juntarmos que o Bom Jesus bracarense não é património da humanidade, a realidade impõe-se e surge a pergunta incómoda, porém inevitável: E se o marasmo e a emigração não forem provocados pela interioridade, mas pela crónica falta de habilidade dos eleitos?
Aceitando de antemão que a Câmara PS tem tudo a ver com o estrondoso sucesso da Festa dos tabuleiros, por exemplo, mas é alheia não só à fuga da população, como também à gritante falta de estacionamento e de organização da Festa grande, há algo que bate certo. Ou estarei a ver mal? É que, com a idade, tenho cada vez mais dificuldade para me baixar até ao nível da argumentação rasteira e trafulha. Não são os críticos que dizem mal. São os eleitos que governam mal.  Os críticos apenas descrevem. Aqueles que ainda arriscam...


2 comentários:

  1. Será que em Leiria o desenvolvimento tem a haver com os dois elevadores para o castelo que se saiba não é património Mundial ?

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  2. Boa pergunta, sr. Oliveira. Há elevadores em Leiria, há escada rolante em Montemor o velho, está aprovado um acesso eléctrico ao Castelo de Ourém.
    Em Tomar fecharam o campismo, não deixam os autocarros descer à cidade pela estrada do Convento, vão reduzindo o estacionamento e declaram preferir o turismo dos ricos. Maneira encapotada de dizer que para eles, quanto menos turismo melhor. O desenvolvimento económico que se lixe! Haja dinheiro par estoirar, que de festarolas, ciganos e subsídios sabe a nossa maioria PS. São mesmo especialistas em gastos e deixa andar.

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