Conjunto de estudantes-trabalhadores da aldeia de férias Univerland, no Perigord.
Turismo e estudantes trabalhadores
Sobre guias improvisados
de turismo cultural em Tomar
Foi há pouco notícia na informação local, que jovens alunos do Agrupamento Nuno de Santa Maria acompanham turistas, como guias improvisados, no Convento de Cristo, e prestam informações aos visitantes, numa pequena banca ao fundo da Corredoura. Esta actividade de férias já dura há vinte anos, informa a notícia, acrescentando que tem sido um grande sucesso, de acordo com os organizadores. Como tudo o que se faz em Tomar na área da cultura, se os leitores bem se recordam. Jamais uma actividade cultural "correu mal" na urbe. Nem sequer menos bem. Tudo êxitos atrás de triunfos retumbantes.
Sem qualquer intuito crítico, apenas para facultar informação suplementar útil, segue a tradução de parte de uma reportagem publicada no LE MONDE e assinada por Eric Nunés, obviamente um jornalista francês de origem portuguesa, a julgar pelo nome. Os estudantes franceses mencionados têm entre 18 e 22 anos e já estão no ensino superior. Os alunos de Tomar andarão pelos 15-17 anos.
"NA REGIÃO DO PÉRIGORD - FRANÇA UMA ALDEIA DE FÉRIAS FUNCIONA GRAÇAS AOS ESTUDANTES-TRABALHADORES TEMPORÁRIOS"
"Do Verão como trabalhadores temporários, com salário líquido de 1.450 euros, acrescidos de prémios vários, os estudantes não levam só algum dinheiro e as boas recordações das festas rurais. "Aprender a estar em contacto com todos os tipos de público, não se improvisa. Os estudantes-trabalhadores ocasionais frequentam obrigatoriamente vários módulos de formação, como por exemplo aprender a falar em público sem apoio escrito", diz-nos Fabrice Durand-Allisé, o director do empreendimento, que todos os anos tem de contratar 150 colaboradores precários, para trabalhar entre Julho e Setembro.
A estudante Solène começa agora a sua quinta temporada estival na Aldeia de férias Univerland: "Este emprego precário, durante as férias, permitiu-me desenvolver capacidades de comunicação. Aprendi a escutar as necessidades dos clientes. Deixei de ser tímida", diz-nos feliz a jovem estudante de direito.
"Os exercícios de oralidade em público, apresentando a aldeia de férias nos campismos dos arredores, com campistas franceses, ingleses e holandeses -que vieram sobretudo para beber à borla- foram muito úteis. Agora sei colocar a voz e despertar o interesse dos auditores. Na Faculdade de direito, sou agora boa aluna nas alegações bilingues." Valor acrescentado académico como...preparadora de crepes e de tostas numa aldeia de férias."
Eric Nunés, Le Monde online, 31/07/2023
Tradução e adaptação de António Rebelo
UPARIS VIII
Comentário de Tomar a dianteira 3
Gostaria de ter a certeza de que os jovens tomarenses referidos no início, apesar de mais novos, também beneficiam de módulos de formação adequados, antes de iniciarem as actividades estivais, bem como de constante e eficaz acompanhamento pedagógico, por professores e profissionais de turismo, durante as mesmas. Como acontece em França, ou mesmo na China, como tive ocasião de constatar, quando por lá fiz um circuito de 15 dias, com início em Hong Kong, passagem por Macau, Cantão, Xian, Guilin, Xangai, e terminando em Pequim.
Experiências profissionalizantes prematuras, se mal preparadas e sem adequado acompanhamento pedagógico competente, podem prejudicar gravemente a evolução dos adolescentes cobaias, bem como a reputação das entidades envolvidas. Só uma cuidada avaliação posterior poderia eventualmente detectar falhas e traumas, para emendar erros eventuais, mas tal nunca foi feito em Tomar de modo consistente, tanto quanto se sabe. É sempre tudo uma imensa alegria e um enorme sucesso. Uma brincadeira, em suma. Tanto assim que, na banca ao fundo da Corredoura, ora estão dois ou três jovens sozinhos, ora não está ninguém, vindo horas depois um funcionário municipal para empurrar a banca, com rodinhas daquelas das malas dos turistas, até ao prédio Vieira Guimarães.
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