quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Política local

Suposta denunciante municipal intolerante 

vai ficar impune?

TOMAR – Praça da República. Praticantes de skate queixam-se de «funcionária da Câmara que insiste em chamar a PSP devido ao ruído». Jovens asseguram que autoridades ameaçaram «confiscar» aqueles equipamentos desportivos | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Triste tarde de duas crianças em Tomar | Tomar na Rede


O escândalo foi grande. Toda a informação local, que ainda não perdeu o norte apesar das contingências, dele deu conta. (Ver 2 link supra). Uma suposta funcionária municipal, (que Tomar a dianteira 3 confessa ignorar quem possa ser), após ter intimidado duas crianças, para que deixassem de praticar skate no lajedo fronteiro aos Paços do concelho, gorada a sua intenção, resolveu chamar a PSP.
Os agentes da autoridade não tardaram a aparecer, e com ameaças de confiscação dos skates lograram que as crianças se fossem embora. Tudo isto em 2023,  num país dito de democracia ocidental e que faz parte da União Europeia. Uma alegada funcionária municipal pratica, durante as horas normais de serviço, um evidente abuso de poder e/ou de autoridade, sem ter competência ou sequer cobertura legal para os actos que praticou. Seja qual for a sua argumentação. Agentes da autoridade, no exercício normal das suas funções,  revelam a sua subserviência e falta de formação, limitando-se a obedecer às indicações de uma alegada "senhora da Câmara", sem cuidar de respeitar as leis em vigor e as concomitantes liberdades e garantias dos cidadãos.
E apesar de tudo isto, que é medonho e devia assustar quem tenha um mínimo de consciência cívica, paira um silêncio tumular por parte dos responsáveis, eleitos ou não. Nem inquérito do comando da PSP, para apurar os factos e punir os faltosos, se for caso para tanto, nem processo disciplinar na autarquia, com as mesmas intenções.
Dirão as habituais boas almas tomarenses, sobretudo as que têm votado na "senhora que é tão simpática e boazinha", que o ocorrido também não é assim tão grave. Não será mesmo? Deixando agora de lado a actuação condenável da PSP, que revela sobretudo falta de informação adequada, concentremo-nos na tal "senhora da Câmara", que visivelmente odeia crianças. 
Odeia todas as crianças? Ou só os filhos de burgueses, com dinheiro para comprar skates, uma vez que a Acção social escolar ainda não os oferece? Se fossem jovens originários do Flecheiro, a "senhora da Câmara" também teria ido intimidá-los? E a PSP, uma vez alertada, teria vindo tão rapidamente, para ameaçar com o confisco dos skates?
Perante tais interrogações legítimas, surge como estranho e cúmplice, o silêncio de quem tem poder disciplinar sobre a suposta funcionária municipal, uma vez que integra uma maioria partidária que condena com veemência, e muito bem, os abusos no seio da Igreja católica, mas nada faz perante este manifesto abuso do mesmo tipo. 
Face a tudo isto, quando tenciona a maioria PS local proceder de forma a pôr a questão em pratos limpos, tendo em vista evitar reincidências? Se tal não acontecer rapidamente, se tudo continuar em águas de bacalhau, com a Câmara praticamente em autogestão, como vem sendo costume, estará a AM ciente das suas responsabilidades, na defesa da legalidade democrática, e dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos? Ou já estamos a viver numa república DE bananas, vaidosos e acomodados, sempre prontos a dobrar a cerviz perante as conveniências locais?


4 comentários:

  1. Esta é uma das crónicas com que estou em total desacordo.
    A Praça da República não é um local para praticar qualquer atividade pseudo desportiva, seja skate , seja futebol, ou outras.
    É uma zona da cidade onde as pessoas que dela usufruem devem poder fazê-lo em segurança, sem ruídos fora do normal e com bom senso.
    Dito isto, é verdade que faz falta um parque para os praticantes de skate, bem como de outras atividades , mas isso não pode implicar a utilização da Praça da República para o efeito.
    Não conheço nem sei quem foi a senhora da CMT que veio dizer aos jovens para pararem de fazer o ruído dos skates, mas acho que fez muito bem.
    A grande obra desta Câmara que foi a Várzea Grande tem todo o espaço para até não haver o skate parque irem para lá praticar.

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    1. É seu direito discordar de qualquer crónica, idealmente dizendo porquê, como acaba de fazer.
      Devo esclarecer contudo, que a crónica não defende a prática do skate ou de qualquer outra actividade na Praça da República. Limita-se a evidenciar que nos países de democracia liberal, como o nosso, tudo o que não está formalmente proibido, como é o caso, é legal. Incluindo portanto a prática do skate, enquanto não houver no local placas de proibição, com a data da respectiva deliberação camarária. Quer incomode ou não os respeitáveis mas intolerantes funcionários camarários.
      Conforme também foi referido, a iniciativa da senhora é lamentável e condenável, porque não tem qualquer cobertura legal, configurando um caso de denúncia caluniosa, uma vez que as crianças estavam a agir na mais estrita legalidade. Além disso, serviu-se implicitamente e indevidamente da sua qualidade de funcionária da Câmara, para mandar vir a polícia, induzindo a PSP em erro. Julgaram tratar-se de alguém credenciado para o efeito, o que não era de todo o caso. Um evidente abuso de autoridade, de uma funcionária agindo como se fosse dona da autarquia. Inaceitável. Inadmissível.

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  2. Próximo cenário: as "crianças" dizem que o sr. prof. Rebelo disse que tudo o que não está formalmente proibido, é legal… ao que a funcionária camarária responde: “Então vão andar para a porta dele!”.
    Desculpe, não resisti à montagem :)

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    1. É uma hipótese tentadora, reconheço, porém na prática um nado morto. Antes de mais, porque a citada funcionária não desejará reincidir na prática actos ilegais de tipo pedófilo, a menos que padeça de obstinação doentia. Depois porque a dita senhora não parece ser de todo do tipo dialogante, mas antes do embirrante, o que levaria as crianças a simularem surdez. Finalmente, porque na rua onde moro, mesmo a pé ou de carro não é fácil circular, devido ao mau estado da calçada e ao "perfume" das sarjetas, quanto mais agora de skate. Só se for mesmo para tentar arranhar quem ainda ousa escrever livremente. Criancices de adultos, em suma.

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