terça-feira, 8 de agosto de 2023

Aspecto da aldeia de Iseltwall, na Suiça

Turismo

É tudo uma questão de educação 

e de mentalidade dominante


Informação prévia

ISELTWALL é uma aldeia suiça, da região de Berna. Tem 398 habitantes e não perdeu população nos últimos dez anos. Comparativamente, Tomar tem pouco mais de 36 mil habitantes, de acordo com o censo de 2021, e perdeu 10% da população residente (4.300 habitantes) entre 2011 e 2021.
A suiça é uma federação com três línguas oficiais -alemão, romanche (francês) e italiano- e 9 milhões 927 mil habitantes em 2023, mais 1,16% em relação ao ano anterior. Não faz parte da União Europeia, e tem o mais alto nível de vida da Europa.

..."Vivemos num planeta onde a informação circula depressa e por todo o lado. Um mundo no qual bastou que uma série sul coreana da Netflix tenha mostrado uma cena romântica, filmada num pontão do lago Brieuz, na Suiça, para que a tranquila aldeia de Iseltwall tenha sido invadida por milhares de turistas asiáticos, obrigando as autoridades locais a instalar um pórtico electrónico de acesso, mediante o pagamento de 5 francos suiços (5,20 €) por pessoa.
Não se trata portanto de negar os efeitos perniciosos do turismo em excesso, ou sobreturismo, quando é evidente, mas a designação é usada em demasia, porque se trata de um domínio onde reina a confusão, habilmente fomentada."

Rémy Knafou, professor emérito de geografia da Universidade de Paris I, Réinventer le tourisme - Sauver nos vacances sans détruire le monde, LE MONDE online, 07/08/2023

Se fossem tomarenses a administrar a aldeia, em vez de instalar o pórtico de acesso e cobrar 5 euros  a cada visitante, ornamentavam as ruas com flores de papel importado da Alemanha, faziam uma festa com cortejo de dois mil figurantes,  e organizavam vinte concertos, tudo  à borla. Para os numerosos convidados, encomendavam um lanche de 20 mil euros, para promover a aldeia e cumprir a tradição, gastando um dinheirão a candidatar a coisa a património imaterial da UNESCO. Depois discutiriam, durante semanas, para apurar quantos visitantes vieram assistir à festa. Ou estarei enganado?
Afinal, a experiência demonstra que é tudo uma questão de educação e de mentalidade dominante. Na Suiça, a mentalidade dominante incita a ganhar dinheiro, para não depender de ninguém. Em Tomar, a mentalidade dominante é mais no sentido de depender do orçamento do Estado, directamente ou via Câmara municipal. E quanto a esta, sem os fundos europeus, pouco ou nada fariam, como está à vista. 
É capaz de ser por isso que os suiços têm o mais alto nível de vida da Europa, e nós estamos na cauda da mesma tabela. Ou não? Também pode ser do clima...ou da alimentação. E porque não da bebida?



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