domingo, 20 de agosto de 2023

Politica local

República da bandalheira?

Pouco a pouco, paulatinamente, Tomar vai-se transformando numa espécie de República da bandalheira, sem que, aparentemente, os seus residentes disso se dêem conta. Ou dão, e fingem que não, para evitar aborrecimentos escusados? Aqui vão três episódios recentes, contados sucintamente, para ler e pensar um bocadinho, se não for pedir demasiado.

1 - Os cidadãos ao serviço dos funcionários municipais

Houve um tempo em que os funcionários, incluindo os municipais, eram servidores do estado, ou servidores públicos. De todos nós portanto. O seu sistema de saúde lembra isso mesmo: ADSE - Assistência na Doença aos Servidores do Estado. Mas essa época aparentemente já lá vai. Agora é outro estilo de vida. Todo o poder aos funcionários municipais. Os eleitos é só para fazer de conta e ir fechando os olhos. Nada de fazer ondas, para não perder votos.
Um dia destes, um pacato cidadão dirigiu-se ao balcão único municipal, para pagar a avença anual do parque de estacionamento. Uma ninharia de 440 euros e só para residentes. Estavam quatro funcionários, umas pessoas a ser atendidas por um deles, e apenas duas outras em espera, com as respectivas senhas, incluindo o tal cidadão pacato. Pouca afluência portanto. O costume.
Chegada a sua vez, o referido munícipe disse ao que vinha -pagar antecipadamente a avença do parque de estacionamento. A funcionária, numa atitude simpática, perguntou porquê, ao que o cidadão respondeu que se vai ausentar no fim do mês, não estando em Tomar aquando da época normal do pagamento anual.
Foi então informado que os recibos ainda não estão feitos, pelo que deve passar de novo antes do fim do mês, para pagar, se os ditos já estiverem feitos. Era realmente uma trabalheira, nesta era dos computadores, pôr a máquina a trabalhar e sacar o documento pretendido. O cidadão que perca mais um tempito para cá vir de novo, como é sua obrigação, terá pensado a amável funcionária. 
Honni soit qui mal y pense, diria um inglês old style.

2 - Arbitrariedades estilo ditatorial

A história pode ser lida no link supra e conta-se em poucas linhas, mas é de arrepiar, pensando bem. Dois jovens de 12-13 anos divertiam-se nos seus skates, no lajedo fronteiro à Câmara. Coisa normalíssima, desde que lhes destruíram o parque dedicado à modalidade, e uma vez que não está materializada qualquer proibição da actividade na Praça da República.
A dada altura, apareceu uma senhora, ao que tudo indica funcionária municipal, intimidando as crianças com ameaças, caso não saíssem dali rapidamente. Como não saíram, chamou a PSP, que apareceu pouco depois. 
Entretanto passou no local o vice-presidente da Câmara, dirigindo-se para um café da zona. Se sabia o que se estava ali a passar, não mostrou. O que indica que a funcionária municipal praticou um delito de abuso de poder, ao amedrontar  jovens cidadãos e depois chamar a autoridade, sem qualquer fundamento legal. Tudo isto durante o seu período normal de trabalho.
De forma totalmente arbitrária, porque desprovida de qualquer cobertura legal, os agentes daquela força pública forçaram os dois jovens a irem-se embora. Baseados em quê? Na solicitação da funcionária municipal? E os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, inscritos na constituição da República,  é só para enfeitar? Já vamos aí? Até no tempo do Salazar havia mais cautela para interpelar  na rua cidadãos jovens, apesar da execrável PIDE.

3 - Obras e jardins municipais

"O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita", diz o povo de forma acertada. As obras na envolvente à Biblioteca municipal já provocaram reacções e mais reacções, tanto dos raros munícipes que ainda se incomodam, como do próprio executivo municipal. Que me recorde, já li a respeito de várias intervenções da oposição PSD e das respectivas respostas de circunstância. Apesar disso, a obra ainda não estará concluída, faltando apurar porquê.
Facto estranho, ou talvez nem tanto, eleitos e informação local já falaram várias vezes na obra inacabada e nas suas vicissitudes, mas nem uma frase, nem uma linha sobre o jardim daquela área, que está a secar aos poucos, como mostram estas imagens, colhidas ontem, 19 de Agosto:








Uma vez que do caderno de encargos da obra não consta, que se saiba, a manutenção nem a rega do jardim, porque razão está o mesmo a morrer à sede? Estão à espera de quê para regar? É outra vez o fungo que atacou na Mata dos sete montes, e que dá pelo nome de desmazelo ou bandalheira?
Se não há funcionários jardineiros suficientes, poupem nas festas e contratem. Se a vereação não dá conta do recado, mudem o pelouro para outro eleito. Assim é que não pode ser. Ainda não somos bem uma terra de bandalhos. Mas lá que os há cada vez mais, não restam dúvidas.
E não venham outra vez com a usual cantilena da má-língua,  que já só convence os convertidos da gamela.

1 comentário:

  1. Hesitei em exprimir alguma opinião sobre os temas aqui tratados. O motivo é que não posso acrescentar muito, além da minha própria experiência pessoal.

    1- Balcão único: Foi das coisas boas que a gestão PS adotou. Tenho boa experiência, com os problemas apresentados a serem resolvidos em tempo útil. Muitas vezes as queixas que aparecem no Tomar na Rede, podia ser resolvidas com um esforço adicional ao do teclar no computador. Mas mesmo para esses que gostam de tratar dos assuntos sentados, no próprio sítio da Câmara existe um link apropriado que já utilizei para iluminação e limpeza e funcionou.
    Agora há burocracias cujo esforço de eliminar não pode ser aliviado.

    2- É um prazer ver a gestão e os serviços camarários andarem a meter os pés pelas mãos com os problemas que eles próprios criaram ou não sabem enfrentar.
    Pessoalmente não tenho dúvidas que a praça da República não é o sítio adequado para a prática de qualquer atividade do tipo de skate ou parecida.
    Depois, um sítio de eleição que era a Várzea Grande, nem para isso serve.
    O problema é o tal parque que estava prometido nunca ter ficado disponível. E também as declarações triunfalistas do Vice de que desporto se pode fazer em qualquer lugar. Agora engulam tudo e arranhem-se todos uns aos outros. É sempre um espetáculo estimulante.

    3- As plantas secas já chateiam de tanto serem citadas. Mesmo depois de terem sido objeto de campanha publicitária da Câmara sobre circuitos de rega que poupam água tratada. Conversa do costume.
    Agora tem de se saber bem a conivência entre serviços camarários e empreiteiros não cumpridores nem de prazos, nem de projetos, nem de orçamentos.
    É um assunto que bem espiolhado ainda nos havia de surpreender. Nomeadamente, o que é que se está a encomendar nas empreitadas? É o objetivo da obra ou o detalhe da execução?

    PS: Como de costume Radio Hertz faz render o peixe e estão a aparecer excertos da última reunião da Câmara. Todos no seu melhor com a presidente a atingir o apogeu na saída. E os vereadores do PSD a ajudar à festa de tão desastrados que estavam.
    Falta de atas não é informação escondida. Lurdes, que tinha razão, apresentou mal a questão. Foi cilindrada pela Anabela, que até invocou argumentos de confiança para defender uma questão meramente operacional.
    Atrapalham-se todos com as transferências de competências na saúde (as tais do carro lavado). Não se percebe a pergunta nem a resposta. Processo parado por um carro desprezado? Desprezo pelo património é o padrão do Concelho.
    Para terminar com a cereja no topo da porcaria, Tiago teve pena de não ir ao beija-mão ao Costa.
    Pensava que ia agradecer.
    Também se era para fazer o que fez quando cá veio o secretário de estado do ambiente...
    Confusão - os vereadores do PSD não são vereadores da oposição. São vereadores da Câmara sem pelouro atribuído.
    Não têm direito a férias? Parece precisarem.

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