Opinião
CADA OBRA, CADA TRAPALHADA
“Cada tiro, cada melro”. A governação socialista bem pode dizer que não é responsável pela conjuntura nacional e internacional, pelo preço dos materiais ou as falhas dos projetistas e empreiteiros, mas a verdade é que não têm uma obra pública que acabe a tempo e horas e sem derrapagens orçamentais.
Tem sido assim desde as obras como a Av. Dom Nuno Álvares Pereira e o Fórum Romano, e agora com o Passadiço Ciclável junto ao rio Nabão.
Muito haveria a refletir sobre as opções e prioridades dos socialistas para as obras públicas no nosso concelho, mas o que está em causa é a fraca execução das obras municipais, repletas de erros e omissões em projeto (o PS continua a rejeitar a revisão dos projetos antes de avançar para a obra, apesar da repetida insistência dos vereadores do PSD), o acompanhamento de obra – resultado da incompetência e leviandade da governação socialista no cumprimento do trabalho para o qual foram eleitos.
A governação socialista do Município de Tomar devia ser caso de estudo, para se saber tudo o que não deve ser feito num procedimento de obra municipal: erros e omissões nos projetos, derrapagens nos prazos de execução, trabalhos a mais e trabalhos complementares, tudo isto com custos acrescidos para o erário público e lesivos do dia-a-dia dos cidadãos.
Analisemos então mais esta trapalhada da obra do Passadiço Ciclável. Foi assinado o contrato, esteve parada 6 meses, depois foi consignada e esteve suspensa mais 7 meses, sendo um dos argumentos para esta suspensão da obra os 10 dias da Festa dos Tabuleiros. Um argumento tão ridículo que até parece que estão a gozar com os tomarenses. Tanto é, que foi o próprio Vereador Hugo Cristóvão, responsável pelas obras municipais, a informar que boa parte desta obra decorre em estaleiro – afinal em que ficamos?
Decorre em estaleiro, mas tem de ser suspensa por causa da Festa?!
Vejamos, de forma clara, a cronologia desta obra:
Projeto aprovado em reunião de Câmara a 8 de agosto de 2021;
A Presidente da Câmara adjudicou a obra a 9 de maio de 2022 e o
contrato foi assinado dias depois, a 24 de maio;
Estranhamente, porque não existe informação, só quase 6 meses depois, a 15 de novembro de 2022, é que a obra foi consignada, ou seja, começou a contar o prazo para a sua execução, que é de 300 dias.
No entanto, menos de um mês depois, e durante os 7 meses seguintes, a obra esteve suspensa. Dizem os socialistas que “não foi possível iniciar os trabalhos”.
Por isso, a 24 de julho de 2023, a governação socialista propôs à reunião de Câmara a alteração do projeto; trabalhos complementares de 206 mil euros, causados por “erros e omissões do projeto”; trabalhos a menos de 142 mil euros; e a suspensão da obra desde 10 de dezembro de 2022 até ao dia 10 de julho de 2023. A obra começou, finalmente, quando já devia estar quase a acabar!
Fica a pergunta, já repetida por diversas vezes: porque é que a revisão do projeto não foi feita antes da adjudicação? Não o tendo sido, esta obra já custa mais 64 mil euros aos contribuintes tomarenses ainda antes de ter começado sequer. A falta de estratégia, de planeamento e de rigor na gestão dos dinheiros públicos da governação socialista em Tomar não têm fim, não aprendem com os erros do passado e seguem alegremente, de festa em festa, a fazer o mesmo. E os tomarenses que se resignem a tolerar os atrasos das obras, agora são 3 meses de transtornos na EN110, e a sustentar com o dinheiro público as centenas de milhares de euros gastos a mais em obras que
poderiam ter sido evitados.
Tiago Carrão
Vereador da Câmara Municipal de Tomar, eleito pelo PSD
Presidente do PSD de Tomar
Esta conversa, como vem sendo habitual com estes vereadores não executivos, está ao lado do problema.
ResponderEliminarNeste caso deviam começar por questionar se a obra é necessária. Olhassem para a utilidade do passadiço do Prado e das ciclovias urbanas, antes de se meterem noutras.
Depois deviam-se centrar nos projetos que são feitos. Ou não são feitos - Isto é, sem projetos de pormenor e projetos de execução sem detalhe, toda a obra é uma aventura. Sabendo que têm erros e omissões, porque é que o aprovaram na reunião de 2021, por unanimidade, depois de tudo visto e analisado? Agora se não se consegue ir ao detalhe no projeto, já se sabe que pode acontecer o resvalar do orçamento e dos prazos.
Não percebo o receio de enfrentar os serviços da Câmara responsáveis pelas obras.
Depois vale a pena falar de penalidades. O vereador podia explicar o que acontece às empresas incumpridoras.
Outro aspeto que sempre se recusaram a discutir foi a correção das obras mal feitas, com o argumento do deixa ficar para não andar "a brincar com o dinheiro que é de todos nós"... ( M. L. Ferromau, debate Rádio Cidade de Tomar, 1:48:00 eleições de 2021).
As obras da Anabela são uma pesada herança que é deixada ao concelho e principalmente à cidade. O tempo de nos opormos a elas não é agora. Infelizmente, já passou.