quarta-feira, 30 de agosto de 2023



Obras municipais

IRREGULARIDADES 

NA EMPREITADA DO FÓRUM ROMANO

Finalmente, chegou ao fim a obra da 1ª Fase do Fórum Romano. Terminou a construção do edifício, mas quanto à musealização não existe ainda qualquer projeto nem previsão, à boa maneira socialista: faz-se sem saber como, para onde e porquê. Mas, antes de mais, importa analisar a execução desta obra e como este processo decorreu, sob a alçada da governação socialista.

A forma como este procedimento foi gerido pela governação socialista é da maior gravidade, levantando diversas questões, de ordem democrática, ética, procedimental e até de legalidade. O encerramento desta empreitada nos termos propostos na reunião de Câmara de 21 de agosto passado, apresenta várias irregularidades que determinaram o voto contra dos vereadores do PSD. Vamos aos factos:


 Esta empreitada foi adjudicada a 15 de fevereiro de 2021 por 530 mil euros, com um prazo de execução de 1 ano. Mais uma vez, a gestão socialista da obra pública falha redondamente, com uma derrapagem orçamental de quase 200 mil euros (custo final da obra de 708 mil euros) e ultrapassou todos os prazos autorizados por várias prorrogações, tendo acabado apenas a 14 de junho deste ano, mais de 2 anos depois da adjudicação. Isto, por si só, já é grave, mas é apenas a “ponta do icebergue”.

 A proposta de deliberação é, no mínimo, hipócrita: “Homologar o auto da vistoria para efeitos de receção provisória da obra”, e “Aprovar a conta final da empreitada”. Mas, no passado dia 14 de julho, mais de 1 mês antes, o vereador Hugo Cristóvão, responsável do pelouro, já tinha enviado um ofício ao empreiteiro, no qual comunica que “foi homologado o auto de receção provisória da obra (…) bem como aprovada a conta da empreitada”, conforme refere a documentação anexa a este ponto.

 A maioria absoluta socialista na Câmara Municipal comporta-se como se tivesse um poder absoluto. Porque, mesmo que não respeite a oposição, devia no mínimo cumprir a lei. Na verdade, a atitude do vereador Hugo Cristóvão demonstra um desrespeito total pelos órgãos autárquicos eleitos democraticamente, e é um atropelo às competências do executivo camarário.

 A documentação em análise vem também desmentir o Vereador Hugo Cristóvão que, por várias vezes, afirmou que a obra tinha terminado a 28 de abril (prazo da última prorrogação, graciosa), em resposta a questões dos Vereadores do PSD. Afinal, como agora se comprova, a obra terminou apenas quase 2 meses depois, a 14 de junho – o que conduz à pergunta: em que condições contratuais é que a obra andou a decorrer durante esse tempo?

 Chegamos agora à questão verdadeiramente grave de todo este processo: a conclusão da obra a 14 de junho representa um atraso de 47 dias face à última prorrogação concedida, o que dá origem a uma multa de 23.476,97€, conforme refere o Diretor do Departamento de Obras Municipais.
Mas, este dirigente municipal acrescenta na sua informação que “Salvo melhor opinião, a multa não deve ser aplicada, já que apenas a 15 de junho de 2023, foi disponibilizado para assinatura o contrato para a realização dos trabalhos complementares, prolongando virtualmente o prazo para execução dos trabalhos”. Como é possível?! Estes trabalhos complementares foram aprovados em reunião de Câmara a 3 de abril de 2023, a minuta do contrato só foi a reunião de Câmara em 29 de maio, e só a 15 de junho é que o contrato foi entregue ao empreiteiro para assinar? Quase 2 meses para fazer uma minuta de um contrato de trabalhos complementares e mais 2 semanas para o entregar ao empreiteiro para assinar? Coincidência, o contrato só foi entregue ao empreiteiro no dia a seguir à obra ter terminado, o que gera a justificação para perdoar a multa. Quase que parece de propósito, este tempo todo para entregar o contrato ao empreiteiro, para servir de pretexto para evitar a multa!

 Como se não bastasse, isto levanta ainda outra questão: se o contrato de trabalhos complementares só foi assinado a 15 de junho, no dia a seguir à obra ter terminado, então os trabalhos complementares foram executados sem existir contrato! Porque se foram executados com base num entendimento tácito, tendo em conta a aprovação em reunião de Câmara, então cai por terra o argumento do perdão da dívida. Tudo o que referimos é gravíssimo e levanta questões de irregularidades, que merecem ser escrutinadas para determinar como decorreram os procedimentos da governação camarária socialista neste processo, em particular do Vereador Hugo Cristóvão, responsável pelo pelouro. É também lamentável que, se o processo se tem ficado pelo ofício do Vereador sem que ninguém tivesse alertado para a obrigatoriedade de ser presente a reunião de Câmara, tudo isto tinha passado ao lado do escrutínio público. É caso para perguntar: quantos processos terão já acontecido nestas condições?

Tomar, 28 de agosto de 2023

Partido Social Democrata de Tomar

3 comentários:

  1. Mais uma reunião para fazer queixinhas e aparecerem como os Calimeros da vereação!
    Se é verdade tudo isto que têm relatado ao longo dos anos, relembro o pagamento à Tejo Ambiente com o voto contra da Assembleia Municipal entre outras, porque é que ainda não apresentaram queixa nos organismos competentes de fiscalização autárquicos?
    Já agora alguém sabe de uma estratégia do PSD para o concelho, ou também só a divulgam se forem eleitos?

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  2. Reforço a ideia anterior. Estes vereadores da Câmara sabem que existe uma coisa chamada IGAI - Inspeção Geral da Administração Interna?
    Dou uma pequena ajuda. A morada é na R. Martens Ferrão 11, 1050-206 Lisboa.
    Quanto à matéria de facto, sabe a pouco. Já agora o PSD podia divulgar:
    - Motivos alegados para o atraso. Foi força maior, aquilo ficou alagado?
    Eventualmente ainda foi da COVID (esta desculpa está a chegar ao fim do prazo), da guerra da Ucrânia, da falta de pessoal, de material ou da escassez de chips no mercado internacional?
    Claro que da incompetência dos serviços para planear, projetar e acompanhar a obra é que não foi de certeza.
    E os trabalhos complementares, não eram previsíveis? Eram necessários? Porque não estavam incluídos no projeto inicial? Houve projeto inicial ou foi feito pelo empreiteiro? Como foram pagos - à medição ou à percentagem?
    Se houve atrasos processuais, de assinaturas ou outros, porque ocorreram? Serviços jurídicos, secretaria, departamentos da Câmara, o que andam a fazer? Têm pouca gente ou estão de baixa?
    Outra pergunta: o empreiteiro vai deixar de ser consultado em futuras obras?
    O PSD de Tomar tem também muita coisa para explicar.
    Oposição? A verdadeira oposição não tem onde se exprimir.
    Obrigado António Rebelo, o último reduto.

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    1. Comentário muito certeiro e incomodativo para os visados. É claro que os do PSD têm toda uma experiência acumulada pelo partido ao longo dos anos no poder. Sabem por isso que há a IGAI, sem ignorar que faz parte da confraria socialista e social democrata. Além disso, quem aspira a vencer eleições em Tomar, não pode fazer nada que incomode os senhores funcionários. Sobretudo as chefias. Já pensou nos eventuais estragos que uma inspecção poderia vir a provocar em Tomar? E esses votos até agora cativos, uma vez dissidentes iriam para que formação política? Como quaisquer outros, os eleitos social-democratas tomarenses têm defeitos e qualidades. Nunca me constou todavia que sejam suicidas. Mesmo apesar das candidaturas Carrão pai e Ferromau, enormes erros de percurso.

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